Capítulo Vinte e Sete

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Capítulo Vinte e Sete

Harry foi cuidadoso durante todo o caminho, pilotando devagar como havia dito.

Saber que era ele alí, amenizava meu medo de andar de moto sem capacete e tocar o corpo dele me deixava extasiada. Segurei firme, como ele pediu, mas não apenas para proteção. Eu sentia um certo conforto ao abarcá-lo.

Meus cabelos voavam para trás e senti frio em alguns momentos, então eu deixava de apreciar a vista para me esconder atrás das costas de Harry.

Assim que chegamos a orla, ele foi parando devagar até estacionar a moto rente ao passeio. Por coincidência, ou não, ele me levou a mesma praia em que buscou eu e Clair.

Harry desceu primeiro da moto e logo depois se virou para mim. Comecei a tentar a descer meu vestido, que mostrava grande parte da minha calcinha, e agradeço por eu ter colocado um absorvente pequeno, nao um grande com abas, mas ele não olhava para lá, e sim para o meu rosto.

Ele estendeu a mão para me apoiar quando descesse e eu aceitei. Passei a perna por cima do assento, mas quando fui descer, Harry me interrompeu.

"Espera." ele disse, rápido, mas não desesperado.

Harry soltou minha mão e se agachou a minha frente. Corri para ajeitar meu vestido e desce-lo, mas ele não pareceu querer olhar para aquela lugar.

Comigo apoiada na moto, Harry desceu as mãos até a minha panturrilha esquerda e delisou até meu pé, onde encontrou o fecho da minha sandália e o soltou, retirando o salto do meu pé.

Toquei o chão gelado, mas não foi algo ruim. Na verdade senti um certo alivio e a temperatura fria da calçada me dava um sensação boa na pele dorida, quase como se fizesse uma massagem.

Harry fez o mesmo na minha perna direita e eu o observei concentrado, enquanto longos cachos castanhos caiam sobre seu rosto.

Quando terminou, Harry voltou a subir, sua altura ultrapassando a minha.

Me desencostei da moto e voltei a puxar meu vistido para baixo, só por precaução. Ajeitei também a jaqueta em meus ombros, pois estava frio na praia. Harry devia estar sentindo o vento gélido também, mas não demonstrava.

Ele subiu o assento da moto e guardou meus sapatos lá, junto com a minha bolsa. Tudo em silêncio.

Eu não sabia o que dizer e parece que ele também não.

Harry veio até mim, entrelaçou nossos dedos e logo começou a andar comigo pelo passeio da praia vazia.

Sua mão enorme encobria a minha, pequena, enquanto caminhávamos.

Eu não deveria estar fazendo isso. Ele deve estar achando que sou o tipo de garota que perdoa fácil e que tolera mentiras. Eu não sou assim, muito pelo contrário. Mas ele mexe comigo de uma forma inexplicável. Não consigo ser indiferente com ele por mais triste e nervosa que esteja.

Não posso deixa-lo pensar que sou assim. Ele tem que saber que eu me magoo e acho que estou dando bola de mais para ele.

Permanecemos em silêncio. E então senti a areia fria tocar meus pés. Era uma sensação boa combinada com o silêncio, apenas o som das ondas quebrando, a fraca iluminação dos postes e o cheiro de Harry que me atingia junto ao vento.

Parecia tudo perfeito, anão ser pelas circunstâncias.

Eu não deveria estar sendo tão fácil.

É assim que eu estava me sentindo e é exatamente isso que eu estou fazendo.

Com este pensamento, rapidamente soltei minha mão da de Harry.

Lullaby - TwiceOnde histórias criam vida. Descubra agora