A Ilha.

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Por  Alfonso.

Eu fiquei paralisado enquanto via a cena mais inesperada da minha vida acontecer bem diante dos meus olhos. Anahí   estava segurando uma das barras de ferro da mureta do barco, enquanto o resto do seu corpo estava pendurado sobre o mar. Não sei realmente quanto tempo durou, mas ao ouvir Anahí   gritar por ajuda tirou o meu estado analítico e eu parti para ação. A adrenalina corria em minhas veias e o chão escorregadio me impediu de chegar mais rápido até ela.

E como num piscar de olhos, ela havia sumido... Debrucei-me na mureta de ferro e não a encontrei.

"Socorro!" Um grito de desespero veio do meio do nada e por puro impulso agarrei uma boia de resgate na parede do corredor e me lancei ao mar. Eu precisava salva-la... O último barulho que eu ouvi antes de sentir meu corpo afundar na água foi do barulho do motor do barco se afastando. Ao voltar para a superfície eu gritei por Anahí   com todas as minhas forças... Onde ela estaria? Foi então que eu ouvi novamente seu grito por socorro e nadei, ainda segurando a boia, em sua direção.

Por Anahí.

Quando eu já estava desistindo de gritar por socorro, senti um aperto no meu braço... E uma voz que eu conhecia bem me dizer: "Calma... Eu estou aqui!" Ele empurrou a boia e eu rapidamente me agarrei a ela. Foi então que eu realmente percebi: Quem iria nós salvar?

— Seu idiota! — Esvaziei todo o ar dos meus pulmões em um grito. — Em vez de avisar que cai no mar, você se jogou junto? — Ele me olhou incrédulo e retrucou:

— Olhando por esse lado eu deveria ter avisado alguém, mas pareceu uma boa ideia quando me joguei.

Eu não acredito no que meu dia de São Valentim tinha se transformado... Estava no meio do nada, cercada por água, com uma forte chuva batendo sobre mim e com meu ex noivo. Cheguei ao ponto de ficar com medo de perguntar se poderia piorar...

— Vamos morrer... — Disse com dificuldade, era extremamente difícil formular uma frase completa. Meus dentes batiam de frio e o cansaço golpeava toda minha expectativa de sair viva desse dia.

Ele não me respondeu... Apenas ficou me olhando. E então segundos viraram horas até que eu realmente perdi a noção do tempo, mas finalmente a chuva havia parado. Já não conseguia mais resistir ao cansaço e quando estava me rendendo ao sono o ouvir gritar: "Estamos salvos!". Um sorriso se formou em meus lábios, mas logo após ele morreu. Estamos salvos no meu dicionário significava que o barco havia voltado para nos resgatar, não uma ilha desconhecida... Morrer enrugada no mar ou morrer sendo comida por um animal selvagem não faria diferença, eu iria morrer de qualquer modo.

Por Alfonso.

Eu não esperei por Anahí, apenas coloquei em prática meu plano de nadar até a ilha. Enganchei meu braço em uma parte da boia e nadei. Não demorou muito para que Anahí   fizesse o mesmo e em questão de minutos estamos perto do banco de areia e sem pensar em mais nada larguei a boia e corri em direção à terra firme. Assim que senti meus pés tocarem a areia, minha vista foi ficando escura e a última coisa que lembro foi uma voz ao fundo gritando por meu nome.

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