A Ressaca de Amor.

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Por Alfonso Herrera.

Senti algo macio tocar meus lábios e assim que abri os olhos, eu tive a melhor visão nas últimas horas: Anahí   estava inclinada sobre mim, fazendo uma desastrosa respiração boca a boca e eu simplesmente não poderia ignorar essa oportunidade. Com minha mão livre, enlacei o seu pescoço e a segurei firme. O beijo foi um pouco agressivo e por alguns segundos ela ficou envolvida por ele...

— Seu idiota! — Ela disse enquanto se afastava me dando uma bela visão do seu vestido colado em sua pele. — Você estava fingindo que estava desmaiado? — Gritou. — Fique longe de mim!

— Claro que não... Só estava cansado! — Levantei e fui a sua direção. — Aonde pensa que vai? Logo vai escurecer e não pretende ficar sozinha, não é verdade? — Ela estancou e nós nos esbarramos. — Mudou de ideia e decidiu ficar comigo?

Por Anahí.

Eu simplesmente não aguentava mais aquela situação, já estava a ponto de explodir quando eu avistei a cabana há poucos metros de distância. "Olhe!" eu disse enquanto apontava para a estrutura de madeira... De longe não parecia ser uma construção sólida, mas só sabia quando chegasse mais perto e sem perder tempo corri em sua direção. "Espere por mim..." ouvi Alfonso gritar enquanto seguia em meu encalço.

A pequena cabana estava em péssimas condições e a antes que eu continuasse a minha análise, Alfonso  retrucou:

— Não acho uma boa ideia entrar nessa cabana!

— Ah, você não acha? — Disse avançando para precária porta da cabana. — Pois eu acho uma ótima ideia você não querer... Ficarei dentro da cabana e você fora!

Antes que ele tomasse alguma iniciativa, puxei com toda minha força a maçaneta improvisava... Ao som da voz de Alfonso  gritando "cuidado" uma nuvem preta veio do interior da cabana em minha direção. Senti o peso dele sobre mim e logo depois o impacto de nossos corpos na areia.

— Fique quieta! — Ele sussurrou. — Desconfiei que pudesse haver algum bicho dentro da cabana... Eu disse para você não entrar.

— Você disse? Ouvi você dizer que não era uma boa ideia! — Ficamos abaixados alguns instantes enquanto os morcegos saiam de dentro da cabana. — Acho que eles já foram...

— É. Eu sei. — Ele disse ainda sobre mim. Eu me mudei a posição do meu corpo e fiquei de frente para ele, seus olhos mantinham contato com os meus, eram como se faíscas saíssem deles. — Anahí... — O sussurro do meu nome em seus lábios fez com que algo em meu interior se revirasse.

— Sim... — Sussurrei de volta.

Seu olhar passava um calor para o meu corpo... Era quase um olhar de desespero. "Será que ele irá me beijar?" Era tudo que eu conseguia pensar. Queria sentir novamente seus lábios nos meus, suas mãos tocando cada parte do meu corpo... E antes que meus pensamentos evoluíssem ele murmurou:

— Por favor, não se mexa! — Sua voz era sexy e me fez permanecer imóvel. E nesse momento pensei: "Sim, ele vai me beijar... Vai quebrar a catraca do meu estacionamento e permanecer lá...". — Tem um javali enorme nos encarando.

— O QUE? — Minha excitação acabou e deu lugar a raiva. — Você não ia me beijar?

— Beijar? Não... Agora fale baixo!

— Foda-se o javali, fode-se você e tudo isso! — A raiva tomou conta de mim e pouco me importando com as consequências ou com o que encontraria dentro da cabana, eu o empurrei de cima de mim e entrei naquele cubículo de madeira. — Esse é o pior dia de São Valentim de todos e como sempre você nunca se esforça para mudar isso! — Gritei.

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