*Capítulo 23*

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       Hoje teríamos o primeiro jogo de futebol fora da escola. A temporada já havia começado há um bom tempo agora e já tivemos dois jogos aqui na São Cristóvão. Infelizmente, perdemos ambos. Nosso time é muito bom, mas acho que não treinamos tanto quanto as outras meninas. Presumo que seja porque estudamos duas vezes mais que elas. A má notícia é que a Vivs não poderia ir hoje, porque ela estava passando mal. Ela faltou aula ontem e não sabe quando vai poder voltar. Parece que está com uma virose e precisa ficar de cama por alguns dias. É uma pena, porque eu já tinha feito uma playlist de músicas super divertida para ouvirmos no ônibus. Assim que a aula acabou, todas as jogadoras deveriam trocar as roupas para o uniforme do time e ir esperar pelo ônibus juntas. Eu, no entanto, tive que correr para o banheiro mais próximo da sala assim que o sinal bateu, pois estava prestes a urinar na minha roupa, de tão apertada. Como já estava em um banheiro, me troquei ali mesmo. Quando terminei, fui correndo para a entrada da escola, mas fora os alunos esperando seus pais ou vans para ir para casa, não avistei nenhum ônibus da escola, muito menos alguma das meninas do time de futebol ou o treinador Alexandre. 

       Olhei ao redor, confusa, mas ainda assim não vi ninguém. Eu não estava entendendo. Tinha certeza de que o jogo era hoje, eu mesma fui avisar ao treinador na hora do recreio que a Vivs não compareceria à partida porque estava doente. Voltei pelo mesmo caminho que tinha ido para ver se encontrava alguém, quando ouço uma voz familiar.

       - Ei, Agnes. Por aqui.

       Era o Silas. Ele estava vestido com o uniforme do handebol.

       - Silas? O que você está fazendo?

       - Te ajudando a achar o ônibus. Anda, devem estar esperando por nós. 

       Eu ainda não entendi o que estava acontecendo, mas fiz o que ele disse porque não vi outra opção.

       - Porque você está vestido com o uniforme? Você tem jogo hoje?

       - Não, não... é que eu gosto de ficar andando pela escola com o uniforme de handebol. – falou ele ironicamente, com aquele sorrisinho de canto de boca. 

       Obviamente ele estava me zoando, então só olhei para ele forçando uma cara de reprovação, tentando não rir.

       - Por que você não pode responder como uma pessoa normal? – perguntei.

       - Porque não teria graça nenhuma! Bom, já que você insiste... na verdade eu tenho um jogo hoje. Lá no Centro Educacional Einstein. E vocês também. – ele explicou.

       - Eu sei que temos... Então quer dizer que nós vamos juntos? – perguntei, chegando na saída de trás da escola, onde o ônibus esperava por nós.

       - Sim. Como sempre acontece quando dois times têm jogos na mesma escola no mesmo dia.

       - Ótimo.

       Odeio quando a vida me põe em situações assim. Eu tinha que ter um jogo na mesma escola e no mesmo dia que o time de handebol masculino, não é? E justamente hoje, que a Vivs não veio. Isso é a vida fazendo hora com a minha cara, me botando em situações em que eu não tenho escolha a não ser ficar perto do Silas. E eu sei que essa escola contra a qual jogaremos é uma das mais distantes, quase uma hora de viagem. Uma hora no mesmo ônibus que o Silas. Tem como piorar?

       Quando entramos no ônibus, percebi que só tinham mais dois lugares restantes. Um do lado do outro. Não sei porque eu fui perguntar.

       - Agnes, onde você estava? – perguntou o treinador Alexandre. – Não prestou atenção quando falei que o ônibus buscaria vocês pela saída de trás dessa vez?

Uma Segunda Chance Para O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora