4ºCapítulo

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 Aquela etiqueta decidiu, finalmente, dar um sinal de existência. Ou então, simplesmente, cansou-se de tentar escapar dos meus finos e cansados dedos pálidos. Os mesmos, deslizaram por aquelas "letras" desenhadas com o maior cuidado possível como se o tecido da etiqueta fosse a coisa mais frágil do mundo, que a qualquer sinal de brutalidade, se fosse desfazer, como as claras em castelo sem sabor algum se desfazem lentamente, deixando assim de existir assim que tomam contacto com a boca húmida de uma pessoa.

 Após algumas leituras, repetidas e impacientes, indignada pela minha mente ainda não estar de forma habituada aquele tipo de escrita, fazendo-me ter o máximo de concentração pela minha parte, consegui, finalmente, concluir e perceber qual o nome que constava, escrito perfeitamente naquela roupa, o nome do rapaz misterioso Kim Min Seok, era esse o seu nome. Os meus lábios de tonalidade rosada um pouco secos, murmuraram com um enorme cuidado aquele nome que era sem dúvida o mais bonito que eu haverá lido e perfurado a minha mente nestes últimos tempos. Era um nome maduro, mas doce ao mesmo tempo, era diferente de todos o que já ouvira e decorado em relação a cultura coreana, mesmo que o seu sobrenome fosse dos mais usados aqui, não deixava de ter um toque diferente, eu não poderia retorquir quanto a isso, o meu sobrenome era Park.

  Agora, com o meu corpo em posição vertical, depois, de ter colocado a roupa, macia, entregada por aquele rapaz, sobre a madeira gélida e gasta. Apenas, verguei-me para passar as cuecas por cada perna pálida, até chegar ao local que aquele tecido estava destinado a tapar, o mesmo fiz com o soutien, passei as alças pelos dois braços cansados, deixando-me, agora, pelo menos com algo vestido, preso ao meu corpo, se alguém fosse agora entrar repentinamente no balneário, de certa forma, não passaria por alguma humilhação, pelo menos não muita.

 O toque de saída havia suado por todo aquele estabelecimento, tinha a perfeita noção, que ficara dentro daquele balneário durante os noventa minutos de aula, sabia que isso me traria consequências, principalmente, uma chamada para o meu pai por saberem perfeitamente que eu estava dentro, no liceu. A roupa que o rapaz me havia dado, ficava-me extremamente larga, mas sentia-me bastante confortável com ela, era macia, quente, tinha um aroma viciante, que me fazia pensar que talvez fosse o perfume que ele usaria, que devia de se ter pregado a roupa, eu não me importava, eu simplesmente adorava aquele cheiro, fazia-me lembrar de um jardim, do meu jardim, aquele que tantas lagrimas derrubei, aquele que estava só, mas estava completa. Algo que eu não sentia há duas semanas. Duas semanas começou o sétimo estágio do meu inferno, um inferno tão negro que eu não consigo mais enxergar nada.

  Os meus passos eram pesados sobre aquele pavimento que cobria todo o interior, os olhares eram inevitáveis, principalmente depois do que havia ocorrido no intervalo anterior onde eu acabei por ser a menina azul. Eu fechei-me, ignorava todos os olhares, eu já me encontrava habituada, era assim também no ultimo estabelecimento de ensino onde eu estivera, mas lá ainda tinha a salvação da Margarida e do Apolo, agora nem isso.

 Fui acordada dos meus desvaneios, quando sinto que acabei por esbarrar contra um corpo, denominando a sua estrutura, denotei que era de um rapaz, daquele rapaz, o mesmo que me ajudara com as roupas, o mesmo que me vira apenas de toalha de tonalidade branca a cobrir o meu destruído corpo, depois de constatar isso, senti as minhas bochechas arder, um tom escarlate a tomar conta das minhas maças de rosto, ai, num ato humilhante para mim, denotei que estava corada por saber que chocara contra o rapaz.

 " Pequena " ouvi uma voz grossa e doce a tentar chamar a minha atenção. " As minhas roupas até que te ficam bem. " murmurou enquanto que uma das suas mãos passava lentamente pelo meu cabelo de cheiro a limão fresco por conta do produto que usara para o lavar. " Soube que não foste a aula, estás melhor sobre aquilo? " disse um pouco que preocupado, eu apenas me limitei erguer e a baixar o meu rosto afirmamente para que o mesmo entende-se que eu estava bem. " Não és rapariga de muitas palavras pois não? " pronunciou-se fazendo-me ver que a sua voz se iluminava e era um pouco que divertida como se já soubesse que a resposta seria obvia. Limitei-me a forçar um minúsculo sorriso e a encara-lo, ele acabou por esboçar um sorriso bastante lindo, nunca vira um sorriso tão lindo direcionado para mim, por míseros segundos senti-me confortável. " Vamos, quero que conheças os meus amigos, precisas de amigos. " deslizou a sua mão que se encontrava no meu cabelo direcionando para a minha pequena e morna mão agarrando a mesma. Fiquei incrédula com o seu ato, mas eu não consegui fazer nada sem ser segui-lo para onde quer que ele me estivesse a levar.

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