Capítulo 4 - A Transformação de John

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- Caçador de Vampiros? O meu pai? Não, não pode ser.

- Na verdade, isso pode acontecer. Mas você deveria ter ao menos suspeitado. Lembro-me de que uma vez, ao vasculhar a sua mente, parece que você teve um sonho e descobriu que no sonho o seu pai fazia algo estranho.

- É verdade, eu havia sonhado com um homem, mas ao ver a sua identidade, percebi que era meu pai. Não lembro de mais nada do que eu sonhara.

- Faz tempo, eu imagino. Não deveria se lembrar mesmo. O que você deve se lembrar é sempre de ter o maior cuidado com caçadores.

- O que eles têm? Por que tanto cuidado?

- Caçadores de Vampiros são tão sanguinários quanto aos próprios vampiros. Vampiros matam, uns por diversão, outros para se alimentarem e sobreviverem, enfim, são assassinos monstruosos que vivem sob as trevas da noite. – Ele virou-se para Adrian e William. – Garotos, sem ressentimentos. – Tornou a fitar-me novamente. – Caçadores matam vampiros, de um jeito ou de outro, eles vivem disso e nada mais importa para eles.

- Mas meu pai... Como, por que, pra que ser um Caçador de Vampiros se nem eu sabia da existência deles? – As palavras inicialmente não saíram e quando resolveram, atropelaram-se junto aos meus sentimentos.

- Talvez o que eu estou pra dizer responda a todas as suas perguntas. Sentem-se todos, a história é longa.

Eu fui rapidamente até o sofá e sentei. Adrian seguiu-me e sentou ao meu lado, segurando a minha mão – provavelmente lera a mente do Necromante e vira que a história talvez não fosse nada boa -, enquanto que Alexandre e William sentaram nos sofás individuais que estavam um pouco afastados de onde eu estava. Sinto-me totalmente preparada para ouvir toda a história de meu pai, mas sabemos que nunca é desse jeito. Sempre nos sentimos preparados ou achamos que estamos, até que o inesperado aconteça e então caímos em um abismo de profunda escuridão, pois não há ações para se agirem, decisões para se tomar ou coisas para se fazer. Estou preparada ao mesmo tempo em que estou nervosa.

- Há muitos atrás, eu namorava uma garota bem mais jovem que eu, uma feiticeira até. Certa noite, ela terminou comigo e me trocou por um feiticeiro qualquer – que provavelmente não deva saber fazer a metade das coisas que eu faço. Eu decididamente resolvi ir beber à noite inteira no melhor bar da cidade. Bem, quando lá estava eu bebendo tentando esquecer a tal feiticeira, John apareceu. Ele parecia assustado e transtornado. Embora em alguns minutos eu tivesse lido a mente dele, eu ofereci uma bebida, pedi a ele que me contasse o que haveria de ter acontecido, além da minha ajuda – ele não acreditou muito no que eu era. Saímos do bar e fomos caminhar até a minha casa, enquanto ele contava toda a história.

"Segundo ele, sua mãe verdadeira era obcecada por vampiros, ela ansiava pela imortalidade – assim como você. Em uma noite, um vampiro havia aparecido e atacado ele e sua mãe. John não acreditou ao ver o vampiro. Alguns dias depois à noite, ele em encontrou no bar. Usei um feitiço de rastreamento e achei a sua mãe, mas precisava contar a verdade a ele: Eleanor havia combinado com o vampiro do seu próprio sequestro, pois ambos viveriam juntos. Ela deixou você sob os cuidados do seu pai. Depois de um tempo, John foi percebendo com dificuldade que tudo não passava de um plano horrível de Eleanor.

"Desde então John ficou furioso pelo que Eleanor fez e de alguma forma queria combater os vampiros, logo eu mostrei a ele uma maneira de se tornar um Caçador de Vampiros, mas eu dissera-lhe que alguns sacrifícios teriam de ser feitos, como morrer, por exemplo. Ele estava decidido de tudo e aceitou a oferta. Primeiro tive que matá-lo e depois fazer o ritual para a transformação. O seu pai tecnicamente está morto. O que o mantem vivo é a sua sede por vampiros. De tempo em tempo, ele precisa matar um vampiro ou beber sangue, caso contrário ele morre de verdade. Não há um coração pulsante como o seu dentro dele.

"Bem, para chegarmos ao final desta história, alguns dias se passaram e John percebeu o quanto você perguntava pela mãe, então ele a trouxe até mim e pediu que eu removesse todas as memórias que você teria de sua mãe, deixando apenas as suas onde estavam ele e você – como se nunca houvesse uma mãe. Por isso você não sabia dela até hoje, seu pai apenas quis preservar você da dor que Eleanor lhe causou. O resto você já sabe."


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