Capitulo 9

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Mal dormi está noite, pesadelos me perturbaram durante toda a madrugada.
Fazia muito tempo que não tinha estes pesadelos, mas pelo que parece eles voltaram. É o mesmo sempre:
"Meus pés descalços batiam contra o asfalto molhado, corria o mais rápido que minhas pernas permitiam. As ruas estavam vazias e silenciosas, se fazia ouvir meus soluços reprimidos. Meu pijama não era suficiente para afastar o frio mas não importava agora, o frio era o meu menor problema.
Em plena madrugada recebi um telefonema dizendo que meus pais haviam sofrido um acidente, sai o mais rápido possível de casa e aqui estou.
Ao chegar no local indicado pelo policial as lágrimas caem num fluxo ainda maior, o carro estava capotado e destruído, meu pai estava numa maca, dentro da ambulância respirando por aparelhos, estavam levando ele para o hospital, corro os olhos pelo lugar procurando pela minha mãe. Meus olhos se pousam sobre uma lona preta no chão, em baixo dela consigo ver um braço com um relógio dourado igual o da minha...

- MÃE! - grito com todas as minhas forças e corro até o corpo, me jogo no chão e choro."

- NÃO! - acordo assustada enquanto o grito escapa dos meus lábios, encaro o relógio na mesinha de cabeceira percebendo que ainda é madrugada.

Bárbara e Alice entram de repente no meu quarto, suas caras inchadas do sono estavam assustadas.

- O que houve? - Alice senta na minha cama e tira uma madeixa de cabelo do meu rosto.

Balanço a cabeça negativamente enquanto as lágrimas insistem em rolar pelo meu rosto, Alice me abraça e passa a mão pelos meus cabelos enquanto tenta me consolar.
Bárbara senta na minha cama com seu olhar preocupado pousado sobre mim, pega a minha mão e acaricia a mesma.

- Os pesadelos voltaram? - Afirmo. Bárbara sabe de toda a historia, sempre esteve comigo, no dia do falecimento, velório, nas minhas crises e até quando tinha pesadelos.

- Pesadelos? Que pesadelos? Quer falar sobre isso Jenny? - Alice pergunta relutante. Brinco com os meus dedos decidindo se devo ou não contar para ela.

Deixo um longo suspiro sair de meus lábios, agora ela é minha amiga e eu confio na Alice, mesmo conhecendo a garota a pouquíssimo tempo.

- Alguns anos atrás, 5 anos para ser mais exata recebi um telefonema dizendo que meus pais haviam sofrido um acidente de carro, a minha mãe faleceu na hora. Desde então eu tenho sempre pesadelos com aquela noite, foi difícil demais, eu tinha apenas 11 anos - choro ainda mais conforme as palavras vão saindo dos meus lábios, não importa o tempo que passe essa dor nunca vai passar, nem se quer diminuiu.

- Oh Jenny, não chore - Alice me abraça novamente, e sinto os braços da Bárbara abraçarem nos as duas.

Elas são as únicas que tenho agora, as únicas pessoas que eu posso confiar.
Queria que papai também estivesse aqui.

(...)
Estávamos às três conversando animadamente no corredor da escola, o barulho era comum, fazíamos isso toda a manhã, mas hoje o colégio inteiro estava diferente, os alunos cochichavam sobre algo que parecia ser de extrema importância.

As pessoas ficam em silêncio de repente e eu me viro em direção a porta para ver o que todos estavam interessados. Três garotas entram na escola, duas delas eu já tinha visto por aqui, mas a do meio não, ela andava como se fosse rainha do mundo e olhava ao seu redor com desprezo, o ar superior que carregava podia ser percebido por todos.

- Quem são aquelas? - pergunto sem tirar os olhos das garotas, eu odeio gente que se acha e eu não fui muito com a cara daquelas garotas. Espero Alice responder. Não posso tirar decisões precipitadas.

Smile (parada)Onde histórias criam vida. Descubra agora