Capitulo 6

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Eu e Bárbara acordamos cedo no domingo, decidimos que precisávamos de um emprego para sobreviver por aqui, sim ganhamos uma certa quantia em dinheiro de nossos pais por mês mas temo não ser o suficiente.
Acenamos para o porteiro do edifício e saímos pelas ruas de Londres. Decidimos ir andando já que o dia estava ensolarado, podíamos parar em todas as lojas que necessitavam de um funcionário.

(...)
Meus pés já doíam e imploravam por uma pausa, exploramos cada cantinho da região, todas as lojas procuravam um funcionário maior de idade, o que não era o nosso caso. Estávamos voltando cabisbaixa para o apartamento, quando me sento num banco de concreto posto na calçada, Bárbara me olha confusa

- Preciso de uma pausa, meus pés não aguentam mais - reclamo, minha respiração desregulada o cansaço era visível

- Falta só mais dois quarteirões Jenny - minha melhor amiga me encoraja e se senta do meu lado - se bem que a fome tá batendo.

Concordo com ela e olho em volta, meus olhos param numa padaria do outro lado da rua, as mesinhas rústicas espalhadas pela calçada. O estabelecimento amarelo tinha uma aparência convidativa e o cheiro de pão fresco invadia as minhas narinas.

- Que tal comermos algum salgado naquela padaria - chamo a atenção da mestiça e aponto o outro lado da rua. Assim que ela concorda, atravessamos a rua e adentramos na "Breakfast's Party"

Uma garota simpática estava sozinha no local, estranhei, um estabelecimento grande como esse e apenas um funcionário? Dei de ombros e fui até o balcão. Após atendidas e com os pedidos entregues sentamos em uma das mesas e comemos nossos lanches. Nem eu nem Bárbara estávamos interessadas em falar, a fome era grande demais, então aproveitei para admirar o lugar. Tudo parecia vir de outra época, madeira rústica e quadros com imagem em preto e branco, a música ambiente era clássica, de certo um lugar que nos traz paz e nos acalma.

Vejo um papel preso ao vidro, forço minha vista para conseguir ver o que estava escrito, inútil.

"Maldita miopia"

Coloco meus óculos que estavam sobre a mesa e finalmente leio as palavras escritas no papel "Precisa-se de funcionário".
Levantei num impulso e caminhei até o balcão, a garota veio até minha direção com um sorriso no rosto

- Com licença, o que a senhorita quer?

- Um emprego - as palavras saem rápido da minha boca e só então percebo que estava falando em português a menina me olha estranho - é quer dizer, vi que precisam de funcionário, estou procurando um emprego - digo calmamente desta vez no idioma local

- Ah sim, você deu sorte, hoje o dono está aqui. Vou chama - lo para você

Batia minhas unhas contra o balcão e minha perna balança freneticamente mostrando a minha ansiedade. Um senhor baixinho e barrigudo passa pela porta da administração e vem até mim, os cantos dos meus lábios se elevam numa tentativa de sorrir.

- Então é a senhorita que está procurando um emprego?

- Sim sou eu, espero que a vaga ainda esteja aberta - tento parecer simpática, o que sinceramente, não é muito meu forte.

- Ah está sim... Mas você não me parece ter mais de 21 anos - meu "sorriso" se desfaz quando ele diz isso

- Então, o senhor também está procurando pessoas maiores de idade? - minha voz sai baixa e meio tristonha

- Não exatamente, é que todos os meus funcionários são menores de idade e... deixa para lá.  Me acompanhe.

(...)
Minhas mãos estavam trêmulas e só consegui respirar normalmente assim que sai de dentro da padaria. Do lado de fora, a mestiça aparentava estar nervosa, andava de um lado para o outro e olhava seu celular a cada segundo. Assim que me viu veio rapidamente na minha direção.

Smile (parada)Onde histórias criam vida. Descubra agora