[Cap. 8] As três alianças de amizade

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- Hã? Você gosta de mim? - Eu tinha ficado mais confuso e abalado ainda agora. 

O estado de Daniel não me deixava mais concentrado em pensar no assunto, mas isso acabou tirando a minha atenção. Ela sabia que eu gostava da Leona, me sentia meio triste por isso. Já gostei de muitas garotas que não gostavam de mim. Sei bem como é esse sentimento. Eu me levantei a olhando, muita coisa passava na minha cabeça. Daniel, Leona, Elizabeth. As três melhores "alianças" de amizades que eu tinha me causando problemas. Incrível, como isso pode acontecer com as pessoas que eu mais gosto? 

Ela ficou em silêncio e logo desviou o olhar.

 Senti que ele havia se arrependido de falar. Eu não queria pensar nisso agora, mas as dúvidas na minha mente já começavam a tomar forma. Estava na hora de eu esquecer mais um amor platônico e tentar arriscar em outro? Era mesmo um amor platônico? 

Eu olhei pra trás enquanto a garota a minha frente virou para o balcão.

Leona sorria confortando James e dando lhe dando um beijo. Não precisei reparar mais em nada, na expressão da garota ou em algo mais que me fizesse acreditar que ela não sentia aquele amor. Não precisava, eu estava apenas me enganando. Mesmo assim, não era hora disso. Me conformei que Daniel ficaria melhor no hospital, eu estava um trapo e precisava de um apoio familiar também, se é que teria. 

- Olha Elizabeth, eu também gosto de você. Você é uma ótima amiga. Sim, eu gosto da Leona. Eu lamento, não sei se isso vai passar tão rápido. - E-eu ... não sei. - Falei ao lado dela, no balcão. - Quando as coisas melhorarem, porque elas estão tipo, bem difíceis agora, eu respondo você com mais clareza. Eu penso em como realmente está a minha vida e te digo. - Dei um beijo no rosto da garota e limpei algumas lágrimas que ainda estavam no meu rosto. - Eu preciso ir, tô bem cansado. Preciso ficar mais calmo. Se cuida tá? - Virei o rosto a ela.

Ela sorriu, um sorriso reconfortante apesar do que ela sentia. 

- Tudo bem Di, eu vou. Boa noite. - Ela respondeu, calma.

- Boa noite Elizabeth.

Dias depois - Primeira visita a Daniel


Eu estava ansioso pra saber como aquele idiota estava. É, não foi culpa dele ter entrado na hora errada. Poderia até ser Elizabeth, mas ainda sim eu sinto que tinha como ter evitado. Eu estava agora na porta do hospital, com algumas hq's do Asa noturna. Ele sempre gostou desse Robin, e eu sou fã do Capuz vermelho. Sempre brigamos por isso. Quando passei pelas escadas e corredores até chegar a sala do garoto, abri a porta e ele estava acordado. Estava deitado em uma cama reclinável, com uma pequena mesa circular ao seu lado com alguns objetos pessoais. Ele assistia tv e quando me viu, abriu logo aquele sorriso de retardado dele. É, ele era o mesmo, ainda bem.

- Oi cara, então... Como está se sentindo hoje melhor humorista do mundo? - Sorri e fui abrindo a minha bolsa. 
- Ah, eu estou ótimo. Cê sabe né, de vez em quando temos que dar uma descansado no hospital. Coisa de rotina. - Ele fez um gesto com a mão, como se não se importasse. 
- É, eu sei bem. - Sorri e tirei as hq's da bolsa. - Aqui, as edições perdidas do Vigilante fresquinho Asa noturna. 
- Ah não cara, nem começa essa treta, eu tô doente. - Ele fez uma cara confusa. - Doente? É, acho que doente se encaixa. - Ele recebeu as hq's e as distribuiu sobre a cama. 
- Mas então cara, como está? De verdade? - Perguntei, meio preocupado.

Click* 
A maçaneta gira e a porta abre. É Leona.

Eu tentei sorrir, talvez tenha conseguido, talvez não. Mas eu dei um aceno e me sentei em uma das poltronas ali perto, tirando uma lata de refri da mochila. Que bom que comprei faz apenas alguns minutos.

- Oi Dan. Que ótimo que você está bem. Nem acredito no que aconteceu ainda. - Os olhos dela já começavam a lacrimejar. - Não faz mais isso comigo garoto. Se você morrer, eu te mato. - Ela não quis ser engraçada, eu acho. Estava quase chorando.

- Oh, cara libélula. Não chore não. Eu estou bem, só dói um pouco a barriga, mas vai que pode ter sido a comida do hospital e não a bala né? - Eles sorriram, eu também não resisti. Realmente sem Daniel, tudo ficaria mais desanimado e chato. Ele era um bom amigo animador.

Eu olhei para a janela, reparando no céu limpo, nos raios de sol e no horizonte. O dia estava ótimo, apesar de eu gostar de tempos frios e nublados. Eu resolvi que ficaria ali até perto da noite, fazendo companhia aquele idiota. Ele não teria alta agora, talvez precisa de mais repouso, mas ao menos ele já estava recuperado. Leona se virou pra mim, eu nem tinha percebido. Até ela falar.

- Ei, Diego. O que você tá fazendo aqui mesmo? - Ela falou, em um tom grosseiro.
- Leona? - Daniel falou. - Qual o problema.

Eu estava surpreso de mais pra responder. Ela nunca tinha ficado assim comigo, nem mesmo quando eu estava quase me jogando no chão do hospital. Na verdade foi exatamente o contrário.

- Eu sei a história Diego. Tudo isso por causa da sua vontade de comer macarrão instantâneo.
- Leona, isso é verdade, mas como eu ia saber. Isso era algo que eu queria desde antes de ir a escola. Desculpe, eu sei que não deveria ficar parando por ai noite, eu...
- Diego para cara. Sério. - Daniel interrompeu. - Leona, o que você tem? Até eu compro coisas a noite, até eu paro em lugares a noite. Você faz isso, todos fazem. Ele e ninguém tem culpa de nada. Ah claro, fora o assaltantes. Para de culpar ele.

Ela ficou parada, me olhando. Eu não sabia o que significava aquilo. Ciúmes de amigo? Ela realmente me culpava? Queria apenas implicar comigo? Não fazia ideia, não dava simplesmente pra ler isso em um manual de como lidar com garotas. Eu reparei que Daniel estava se alterando de mais, ele precisava descansar, e do jeito que a garota me olhava, não acho que a discussão ia parar por ali.

- Dan, eu já vou. Desculpa não ficar mais, mas você precisa descansar. Não sei se isso vai acontecer agora, se eu ficar. Então ...
- Não, você não vai... Leona disse. Seus cachos belos, estavam caindo na face. Seu rosto tinha uma expressão meio irritada, meio triste. 
- Leona, é sério. O dan precisa...
- Desculpa Di... - Ela falou, olhando para o chão. 

Daniel sorriu, me olhando e fazendo um com a cabeça para que eu fizesse algo, ou disse algo. 

- Eu, eu... É, tudo bem. Olha, dá próxima vez que você estiver irritada ou algo assim, não sai descontando nas pessoas tá. Eu sou muito amigo do Dan, nunca faria nada que prejudicasse esse idiota. - Eu o olhei, ele nem ligou pro que eu disse. Só levantou os braços em silêncio na direção dela. Ele queria que eu fizesse mais? 

Eu fiquei dizendo que não, os dois conversando em silêncio até ela levantar um pouco a cabeça e pararmos imediatamente.

Eu me aproximei dela e coloquei a mão em seu ombro, ele me olhou, então acabei puxando-a para um abraço. Um abraço correspondido. 

- Olha, eu sei que você também gosta desse imbecil. Sei como se sente querendo proteger e tudo mais, ainda mas sendo garota. - Eu comecei a falar. - Então, é sério. Tá tudo bem. - Sorri.

Estava começando a gostar do abraço. Começando a querer apertá-la mais, até a querer beijar seu rosto. Mas eu me desapeguei da garota devagar, tentando ainda sorrir. 

- Tudo bem então. - Ela disse, já recomposta, mas meio desconfortável com a minha ação de acabar com o abraço.

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