Capítulo V

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Ariella


- Dá pra vocês dois não discutirem por um milésimo de segundo? – gritei, fazendo com que os dois olhassem pra mim.
- Ariella, não grite. Estamos em um hospital. – minha mãe falou. É aí que você me pergunta porque eu estava aguentando minha mãe, depois de prometer nunca mais vê-la. Simples! Meu pai estava no hospital por ter passado mal no jogo de polo da manhã anterior. Dereck me ligou, depois do incidente, e eu levei Nate junto, para que ele pudesse ver papai. Papai, claro, gostou, mas nossa mãe - bem, ela era outra história. Para piorar tudo, Nate ainda estava de ressaca e eu tinha que separá-los a cada dois segundos.
Quando tudo melhorou e Nate decidiu ir para o seu hotel e minha mãe para casa, eu fui para o bar, para ajudar Abraão e Leslie com a reinauguração, mas Dereck me ligou, horas depois, dizendo que Nate e minha mãe estavam brigando de novo, fazendo com que meu pai passasse mal outra vez. Para piorar,Abraão ainda tinha derramando bebida nos meus saltos, fazendo com que eu descarregasse tudo que eu estava sentindo nele.
Eu sei que não deveria descontar tudo nele, mas já ouviu falar em timing ruim? Parecia algo constante, quando se tratava de Abraão e eu.
- Quer dizer que só vocês dois podem quebrar o pau por aqui? – falei, saindo do quarto onde meu pai estava dormindo.
- Nós não estamos quebrando nada.
- Estão, sim! – apontei para os dois – Por culpa de vocês, o papai passou mal de novo.
- Não precisa jogar na cara, né, Ariella? – Nate falou.
- Claro que precisa. Vocês dois não se tocam. – minha mãe olhou para mim, incrédula. Antes que ela pudesse falar alguma coisa, eu continuei - Eu vou lá pra fora. Tentem não se matar e também não matar ao papai.
- E aí, como ele está? – Dereck perguntou, logo depois que eu sentei ao seu lado.
- O médico disse que ele está fora de perigo. – respondi, cruzando os braços.
- Eles ainda estão brigando?
- Estão. – respirei fundo e olhei para ele – Obrigada por tudo, Dereck, mas se você quiser ir, eu vou entender.
- Eu devo muito a seu pai.
- Deve? Por quê?
- Ele me ajudou muito quando você foi embora. Posso até dizer que ele foi um grande amigo. Quando você me abandonou, abandonou a ele também. De certa forma, nós nos ajudamos com a dor. – ele olhou para mim. – Se você quiser, eu fico. Vai pra casa, toma um banho, e depois você volta.
- Mas eles vão se matar se eu for.
- Depois que eu vi o jeito com que você mandou sua mãe calar a boca, acho que posso encarar a fera. – ele se aproximou de mim. – E eu estou a ponto de pedir o telefone daquela enfermeira. Faz tempo que ela está me dando bola.
- Homens! – balancei a cabeça. – Muito obrigada, Dereck. – levantei - Eu vou ao bar resolver umas coisas.
- Você sabe que ele gosta de você, certo?
- Quem?
- Abraão. Ele gosta de você do jeito que você gosta dele.
- Eu não gosto dele. – respondi rápido.
- Ariella, por favor. Pra cima de mim?
- Como você tem tanta certeza assim? Você e Abraão se detestam. – sentei-me ao seu lado outra vez.
- É verdade que Maddox não é exatamente a minha pessoa favorita do mundo, mas homens se apaixonarem não é coisa rara não, Ariella. Acontece. E, convenhamos, você é totalmente apaixonante. Se perguntar, eu acho até que vocês formam um casal muito bonito.
- Mas ele é tão cafajeste.
- Um homem não é cafajeste porque está solteiro e fica com um bando de mulher. Ele está aproveitando a vida, do mesmo jeito que um bando de mulher faz. Abraão gosta de você. Acho que vocês deveriam tentar.
- Você sabe o quão estranho é você falando isso?!
- Sei, e eu estou falando. – rimos. – É o seguinte: quando você me abandonou, eu fiquei com muita raiva. Honestamente, eu nunca odiei tanto uma pessoa na minha vida. Eu quase queimei toda a sua coleção de sapatos. – olhei para ele, incrédula. – Só que o tempo foi passando e eu fui percebendo que o que você tinha feito – por mais cruel que tenha sido – foi a coisa certa a fazer. Acho que você não era a única que estava presa, eu também estava. Eu acho que você merece ser... nós dois merecemos ser felizes. - Ele olhou para Stacey, a enfermeira que ele estava paquerando desde que chegamos. – E se sua felicidade é com o Abraão, eu apoio isso. Vai ser meio nojento no começo, pela nossa antiga birra, porém acho que você não manda no coração, então tem que segui-lo, mesmo assim.
- Desculpa ter feito você passar por tudo aquilo. Eu só estava com muito medo de encarar qualquer um de vocês. Você me conhece: eu sou péssima com confrontos, então meti os pés pelas mãos e acabei te machucando mais do que deveria. E, Deus, deve ter sido muito difícil pra você ter que aguentar aquela gente.
- Acho que o pior não foi nem os cochichos, o cancelamento e a devolução dos presentes, mas ter a sua mãe no meu pé durante um mês inteiro. Porra, não sei como você aguentou tanto tempo! – nós dois rimos e a enfermeira olhou para a gente com cara feia.
- Você acha que um dia nós poderemos ser amigos?
- Acho que isso está aberto para debate. Você não pode jogar quase cinco anos de relacionamento fora dessa maneira. Vai levar um tempo, mas eu acho que nós vamos ficar bem.
- Obrigada, Dereck.
- De nada. Agora, sai daqui e vai logo se resolver com o idiota do Maddox.
- Dereck...
- Ariella, vai logo.

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