- Você é filha da Sra. Cláudia?
- Sou sim. - tive dificuldade de reproduzir as palavras.
Eu estava muito cansada, não havia dormido essa noite, não comi e não voltei pra casa desde a hora em que cheguei no Hospital.
- Pode me acompanhar por favor? - o médico disse sorridente. Não vi o motivo para ele estar sorrindo.
Não respondi, apenas o segui. Entrei na sala e vi que minha mãe estava muito cansada, dava pra ver em seu rosto, ela havia chorado muito também, isso fez com que eu ficasse tonta.
- Eu nã-não estou me sentindo muito b... - depois disso não vi mais nada.
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Acordei com meu pai acariciando meu cabelo. O que?
- Pai, o que você está fazendo aqui?
- Vim ver você e sua mãe, me ligaram do Hospital dizendo que as duas não estavam passando bem, e vim correndo até aqui.
Apensas sorri com aquilo, era o máximo que eu consegui fazer, não estava com forças para nada naquele momento.
- Um tal de Leo ligou. - meu pai disse depois de um tempo.
- O que ele queria?
- Disse que estava preocupado, você faltou na escola hoje, e não deu notícias.
Deixei isso pra lá, não queria falar com o Leo. Mas meu pai insistiu.
- Quem é Leo? - ele disse pensativo. Lógico que ele não saberia, meu pai não é presente em nada do que eu faço.
- Meu amigo. - ele deu um sorrisinho. - mesmo pai! - fiquei impaciente.
- Tudo bem meu amor, acredito em você. Agora descansa.
Era tudo o que eu mais queria, dormir. Mas, espera ai, minha mãe! Eu precisava ver como ela estava, precisava saber se ela estava bem.
Percebi uma movimentação estranha no corredor, mas o que estava acontecendo agora? Entrei em desespero, eu precisava saber da minha mãe.
Todo mundo estava correndo, passaram com uma maca bem na frente da porta do quarto que eu estava.
Meu pai passou correndo junto com os médicos e enfermeiros, isso não podia estar acontecendo. Comecei a chorar, a única coisa que me faria parar era um abraço da minha mãe.
Gritei chamando alguém, e uma moça apareceu, ela disse se chamar Ju, e começou a me acalmar. Gostei muito dela, embora não fosse minha mãe, ela conseguiu me fazer sentir melhor.
Meu pai logo apareceu no quarto, ele estava desesperado, e quando olhou para Ju, ficou pálido, eu não entendi muito bem o que estava acontecendo. Mas estava cansada demais para pensar.
Ele a chamou para fora do quarto, disse a ela que eu precisava descansar e ela não me deixaria dormir se continuasse ali. Assenti e cochilei um pouco.
PAI DA ISA:
- Mas o que pensa que está fazendo aqui Julia?
- Eu segui você até aqui, eu te vi saindo de casa as pressas enquanto eu estava no banho... E liguei para o número que havia ligado pra você antes de você sair. Era do Hospital, então pensei que tinha acontecido alguma coisa com a Isa! - ela disse nervosa e ao mesmo tempo preocupada. - Por isso vim correndo até aqui, e acabei conhecendo-a.
- O que você falou pra ela Julia? - isso foi a única coisa que saiu da minha boca.
- Não disse nada Gilberto! Eu juro. Eu a ouvi chamando por alguém, e ai fui ver se ela estava bem, apenas isso.
Eu não estava suportando tanta coisa na minha cabeça ao mesmo tempo, a Cláudia muito mal, a Julia e o nosso segredo, e a Isa.
Sentei um pouco para pensar e respirar, Julia sentou ao meu lado e começou a acariciar meu cabelo, isso fez com que eu relaxasse um pouco.
ISA:
Acordei sem saber onde eu estava, e então avistei meu pai sentado fora do quarto com uma mulher acariciando seu cabelo... Mas espera, minha mãe estava de coma, e aquela nem de longe era minha mãe, mas aquela mulher não me pareceu estranha.
- PAI. - gritei o máximo que eu pude, minha garganta não estava cooperando comigo nesses últimos dias, mas felizmente ele escutou e veio em minha direção, a mulher veio também.
Fiquei observando ela se aproximar, quanto mais ela vinha em minha direção mais eu achava que eu a conhecia.
- Oi minha princesa! Está melhor? - ele disse me dando um beijinho na testa.
- Estou sim pai.
Ele logo percebeu que a tal mulher tinha vindo junto, e ficou irritado.
- Julia, por que você não esperou no corredor? - ele estava furioso.
Julia? Espera, foi essa mulher que me fez sentir melhor logo mais cedo.
- Ju? Julia? - eu me intrometi.
- Sim Isa. Lembra de mim? - ela abriu um enorme sorriso.
- Como você sabe meu nome? - ela corou, e meu pai suspirou cansado.
- Acho que a gente precisa conversar Isa. - ele disse mais pra Ju do que pra mim.
Ela concordou, e então puxaram duas cadeiras para perto de mim, fiquei assustada, mas também muito curiosa.
Eles se olharam muitas vezes, mas meu pai decidiu acabar com isso logo e quebrou o silêncio.
- Isa, você precisa saber algumas coisas, e isso envolvem eu, você e a Julia.
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Meu pai começou me explicando que conheceu a Ju logo que terminou com a mamãe, ele ficou meio desconfortável em cita-la na conversa, mas eu sabia que era preciso, já imaginava tudo o que ele iria dizer. Mas esperei ele explicar.
Ele disse que começaram a se conhecer, e que ai começaram a gostar um do outro... Eles tinham muita coisa em comum, os mesmos gostos, e ela até tinha um filho de outro casamento (me interessei quando ela disse que ele tinha 12 anos, haha.), e que por isso e vários outros motivos eles se gostaram ainda mais.
Hoje eles moram juntos (o filho ficou na guarda do pai), e como meu pai disse: já dividem a ''gaveta de cueca'', o que arrancou um sorrisinho da Ju, que logo sumiu de seu rosto.
Processei aquilo por um tempo, mas sabe, meu pai poderia ficar com quem quiser, minha mãe também. Eles já superaram isso, e acho que está na hora deles amadurecerem, e eu também.
- Tudo bem pai, você pode ficar com a Ju, tem meu total apoio, - Eles sorriram um para o outro. - Ela é bonita, legal, e me ajudou muito hoje. - Ela começou a chorar e me deu um forte abraço.
- Obrigada Isa! Você não sabe o quanto isso é importante pra mim. E eu prometo, que qualquer dia eu te apresento para meu filho. - Ela me deu uma piscadinha e eu corei um pouco. Meu pai ficou emburrado com o comentário, mas logo deu um sorriso e abraçou nós duas.
Estávamos felizes, quando de repente um enfermeiro entrou no quarto desesperado, e chamou pelo meu pai.
- Ela vai ficar bem. - disse Ju, chorando com aquilo e me abraçando.
Não respondi, apenas abracei-a mais forte. Ficamos assim por um tempo, que caímos no sono.
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- Isa. - acordei com Ju me chamando e meu pai aos prantos.
Olhei para eles, que apenas assentiram, confirmando meus pensamentos. NÃO, NÃO E NÃO!
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Tudo Sempre À Frente
RomansA história relata Isa, uma menina cheia de sonhos e que não faz esforços para conquistá-los. Possuía muitos amigos, e que sempre colocava a felicidade deles em primeiro lugar.