nineteen

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Nós não andamos muito e rapidamente chegamos ao prédio em que Fabiana morava. Ela tinha razão, o ponto de ônibus era mais próximo do meu condomínio do que de seu prédio, mas mesmo assim ela não morava tão distante dele. Parando agora para pensar, é estranho imaginar que se ela não houvesse me mandado aquela mensagem achando que eu era uma de suas ídolas, nós nunca nos conheceríamos. Afinal de contas, não moramos tão longe, acho que só a uns dez quarteirões de distância, e se nós nunca houvessemos trocado aquelas mensagens eu nunca saberia da existência dela, ou ela da minha.

- Fabiana. - Falei assim que as portas do elevador se fecharam. Notei que no painel com os andares os botões iam até o dez, e ela havia apertado o botão do segundo andar.

- Sim.

- Você já havia me visto alguma vez antes de nos encontrarmos pessoalmente? - Ela se virou para mim, sua feição confusa deixava claro que ela não estava entendendo nada do por quê de eu ter puxado aquele assunto.

- Não. Por que? - O elevador parou no segundo andar uns segundos depois, permitindo que Fabiana continuasse a me guiar até sua casa - Você já havia me visto alguma vez?

- Não. - Respondi enquanto caminhávamos até a porta do apartamento 207. Ela retirou a chave da mochila para poder destrancar a porta - É que eu estava pensando sobre isso... Quer dizer, se por acaso você não houvesse descoberto meu número nós nunca teríamos nos conhecido, e nós nem moramos tão distante uma da outra.

Falei enquanto caminhávamos para dentro do apartamento, dando de cara com a sala. Dali já dava para se notar que sua casa não era tão grande, mas também não era pequena. Vou defini-la como normal. Ela era normal e aconchegante.

Pelas luzes que estavam passando por entre as persianas nas janelas, deixando o ambiente pouco iluminado, já dava vontade de se deitar ali naquele grande sofá bege claro e dormir. A sala não possuía muitos móveis, maior parte eram só enfeites para deixar o lugar mais bonito, e devo admitir que ele era bem mobilhado e elegante.

- Me desculpe a bagunça. - Ela falou me tirando de meus devaneios - Eu ia arrumar um pouco ontem, mas preferi passar meu domingo na cama mesmo.

Eu sorri, tirando minha mochila de meu ombro e a apoiando entre minhas pernas no chão.

- Tudo bem, tudo parece ótimo. Sua casa é bem bonita.

- Obrigada. - Ela falou jogando a mochila sobre o sofá - Pode se sentar e largar suas coisas aqui, se quiser. Quer água ou alguma outra coisa?

- Não, estou bem. - Abandonei minha mochila no chão, apoiada no braço do sofá, e me sentei em cima do móvel. Rodei minha visão pelo resto da sala, observando todo aquele cômodo.

- Ok, eu vou ver o que podemos comer.

Ela caminhou até uma porta que havia próximo a porta de entrada de sua casa e eu supus que ali fosse a cozinha. Me levantei do braço do sofá e fui atrás da morena que parecia inquieta enquanto abria vários armários, aparentemente procurando por algo.

- Algum problema? - Perguntei calma enquanto ela abria a geladeira com um pouco de brutalidade.

- Não, é só que... Merda! - Ela exclamou um pouco raivosa e então bateu a porta da geladeira, se virando para mim logo em seguida - Me desculpa, é que a minha mãe não faz compras a décadas, não tenho o que te oferecer para comer.

Ela se apoiou no balcão ao lado da geladeira, encarou o chão e então suspirou. Me senti um pouco mal por talvez estar incomodando, não deveria ter vindo comer aqui. Poderia ter comido em casa e depois ela me dava o endereço para poder a encontrar.

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