5.

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Até que a maioria dos Clareanos nos aceitou bem. Exceto Gally e seus comparsas, claro. Mas isso não importa. Eu tenho quem eu preciso e valorizo do nosso lado e isso já era mais do que o suficiente para mim.
Estava uma correria interminável na Clareira nos últimos dias. Todos estavam arrumando os suprimentos que faltavam. Iríamos finalmente sair daquele lugar. O buraco dos verdugos foi a nossa única solução.  Podia dar tudo certo ou tudo errado. Mas, como podemos saber se não tentarmos?
–  Eu realmente vou levar esse conselho do Chuck pela vida toda.   – Pensei alto enquanto colocava as frutas na mochila. Newt riu e me encarou.

–  Qual?

–  Que tudo isso pode dar certo ou pode dar errado. Mas se não tentarmos, nós nunca saberemos. -Respondi e ele bateu palmas, fazendo uma expressão engraçada de satisfação.

–  Isso até que faz sentido.

–  Newt.. e se... e se não der certo? – Perguntei,  parando o que estava fazendo para encará-lo. Newt soltou um longo suspiro antes de me responder.

–  Não pense assim, Tommy. Só vai piorar. Você só precisa ter coragem. Que eu acho que é uma coisa que não falta em você, né? -Ele riu, me dando um soquinho no braço.  Mas eu ainda não estava seguro.

–  Claro que n..

–  Tommy. Olhe para mim. – Sua mão pousou em meu rosto, me fazendo encará-lo. Seus olhos estavam num tom bem mais escuro que o normal. – Você tem que me prometer que vai sempre continuar lutando, não importa o que aconteça. Entendeu? – assenti com a cabeça, sorrindo de leve- Então prometa.

– Eu.. eu prometo, Newt. – Ele sorriu e colou nossos lábios. Ficamos ali por um bom tempo assim. Eu estava sentado na mesa e Newt estava entre as minhas pernas. Eu já estava sentindo vantagem nisso até Minho aparecer.

– Vocês já.. ai, mértila! – Nos separamos rapidamente e começamos a rir – Eu pedi pra vocês arrumarem as mochilas, casal de plongs. Fizeram isso, pelo menos?

–  Claro, chefe. – Afirmei, jogando as mochilas até Minho, que as pegou e conferiu.

–  Certo. Estamos reunindo os Clareanos lá fora. Daqui a alguns minutos quero vocês lá também. Vejam se não demoram muito. -Minho falou dando um sorriso malicioso enquanto saía.

E nós aproveitamos esses minutos. Aproveitamos muito bem.
Logo estávamos indo em direção aos Clareanos, que estavam todos amontoados conversando. Não conseguíamos entender uma palavra sequer que pronunciavam por todos estarem falando juntos. Estavam claramente assustados e ansiosos.
Nos juntamos a eles e esperamos Minho, que chegou alguns minutos depois com algumas mochilas e uma faixa amarrada na cabeça.

–  Você está ridículo, cara. – Newt disse, arrancando risos de todos os garotos.

–  Belo jeito de descontrair, seu trolho. – Minho respondeu rindo um pouco, mas logo voltou à sua expressão séria – Certo. Escutem, quando entrarmos lá, não quero que ninguém se separe. Daqui a pouco amanhece e os portões irão abrir, partiremos bem nessa hora. Não podemos perder tempo, por tanto n.. que barulho é esse?

Todos pararam de falar e encararam Minho, que observava ao redor, atento. Estava escuro, ainda faltavam alguns minutos para o amanhecer. Olhei ao redor da Clareira e passei a procurar de onde vinham os tais barulhos. Até que olhei para todos os portões.

Eles estavam se abrindo.

–  São os portões! Estão abrindo! – Gritei para Minho, e logo a confusão voltou.

–  Peguem todas as armas! Achem o lugar mais seguro para se esconderem! – Minho gritou, enquanto os clareanos corriam por todos os lugares, pegando facas, pedaços de madeiras afiados, tudo o que encontravam pela frente.  Todos pararam quando os chiados tomaram conta do lugar. Olhamos para os portões e vimos os pontos vermelhos cada vez mais próximos. Meu corpo estremeceu inteiro ao ver que não era só um, mas sim vários verdugos correndo pela Clareira.

Todos estavam procurando lugares para se esconder, e os verdugos pegavam os que não corriam a tempo, os destroçando lentamente. Ver aquelas cenas fizeram meu estômago revirar.

Corri até a Caixa, passando por alguns verdugos que haviam pego algum clareano que eu não consegui identificar. Minha respiração falhou ao pensar que poderia ser Newt ali. Logo me livrei desses pensamentos, se eu fosse pessimista só pioraria as coisas.

Quando olhei para a Caixa, Gally e outros clareanos estavam lá.  Um garoto que estava do outro lado gritava para que abrissem. Quando Gally levantou a grade, um verdugo agarrou o garoto e o jogou para longe. Ouvi o estrondo da grade abaixando, que foi soltada por Gally na mesma hora que o verdugo apareceu. Ele me encarou com pena, eu logo entendi que ali eu não iria entrar.

Desviei rapidamente da garra do verdugo, que estava logo á minha frente. Escutei Minho gritar meu nome, virei para trás e vi que ele estava em uma tenda, as janelas cobertas com pedaços de madeira e pude enxergar vários clareanos lá dentro.

Desatei a correr o mais rápido que podia. Eu escutava os sons horripilantes do verdugo que estava atrás de mim. Vi Minho ficando mais próximo, mas não sabia se aguentaria. Estiquei meu braço e, mesmo com o cansaço quebrando o meu corpo,  corri mais ainda.
Minho puxou meu braço e me jogou para dentro num impulso, caí no chão e me apoiei pelos meus braços. E então finalmente eu estava respirando. Levei um susto com o barulho de Minho empurrando e fechando a porta com força, e daí passei a encarar os clareanos ali presentes.
Eles estavam reunidos, as expressões de puro espanto e horror, todos quietos, alguns encolhidos em algum canto com os olhos cheios de lágrimas. Corri os olhos por cada um. Enquanto fazia isso, eles me encaravam de volta com tristeza, pude ler um "sinto muito" em seus olhos, só não estava entendendo porquê. Senti uma mão pesada em meu ombro e me virei rapidamente,  me deparando com Minho, me olhando com a mesma expressão de todos.

–  Levaram Newt.

Cruel. |NEWTMASOnde histórias criam vida. Descubra agora