ROBERTA

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Um ano depois da formatura do colégio...

Roberta olhou no relógio, faltavam cinco minutos para as três da manhã. A rua estava deserta, não havia uma alma solidária para conversar. A angustia bateu, forte como as pontadas em sua cabeça. Olhou para a esquina, imaginando ter visto alguém vir em sua direção, esperava que fosse o Matheus, já não aguentava mais esperar. Pura ilusão, não havia ninguém.
A garota suspirou e sentou no meio fio da calçada, zonza pela quantidade de bebida que havia ingerido.
Roberta lembrou de Melissa... Como será que ela estava? Será que tinha abandonado a faculdade e começado o curso de teatro como tanto queria? Ela torcia pela amiga, mas não a via há tanto tempo que, as vezes, parecia ser lembranças de outra pessoa.
Mas de uma coisa tinha certeza, Melissa não acreditaria no fim de semana que Roberta passou com o Guilherme e os amigos dele. Melissa adoraria o barzinho onde Roberta estava antes de vir parar nessa rua abandonada. A pequena se lembraria tanto do Gabriel quanto Roberta se lembrou cada vez que tocou Nirvana, Bon Jovi, AC/DC, Blink182 entre outras bandas antigas. E então elas chorariam de saudades, se perguntando por que a Itália tinha de ser tão longe.
Roberta imaginou a cena das duas sentadas naquele bar, bebendo e relembrando os momentos. Ela soltou uma risada, seria quase como nos velhos tempos.
Olhou no relógio de novo, ainda faltavam cinco para as três da manhã. Que inferno! O tempo não passava ou o quê?
Mirou sua mão trêmula pendida no ar. Acreditou que fosse por causa do frio e a recolheu para dentro de seu moletom.

Roberta começava a sentir seu corpo dolorido e uma dor no estômago a invadiu. Fome. Não colocava nada na boca há dias. Ela se encolheu, trêmula e ansiosa. Por que o Matheus demorava tanto? Ela se sentia completamente desprotegida naquele lugar deserto.

Sentiu um calafrio, o efeito das drogas começava a passar. Ela desejou desesperadamente por um cigarro. Fechando os olhos, por um segundo, pensou em sua infância, nos dias em que ela e Andressa se trancavam no quarto e confabulavam suas vidas de adultas. Juraram que jamais se perderiam, Roberta nunca entendeu o que aconteceu entre elas.
Quando conheceu o Denis, Roberta era tão nova, só queria jogar videogame e correr no quintal, ela não imaginava que ele seria o seu primeiro amor e que isso os prejudicaria.
Lembrou da época do colégio, onde devia ter congelado sua amizade com o Gabriel e nunca ter culpado a Sara por erros que todos eles estavam sujeitos a cometer. Quem sabe assim, ela e Melissa ainda fossem as melhores amigas que qualquer garota invejaria ter e jamais tivessem seguido caminhos diferentes.
Ah, se pudesse voltar um pouquinho no tempo...
Provavelmente diria a Nicole que ela estava certa: elas eram exatamente iguais e, por isso, Roberta a detestava tanto.
Memórias... Roberta abriu os olhos, deprimida. De repente dois faróis surgiram no começo da rua. Estava escuro, mas ela reconheceu o carro. Era Matheus.

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1 Perigosa Amizade - Amigas para sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora