Capítulo 2

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FORMULÁRIOS. TUDO QUE eu tinha eram formulários. Meu pai havia me aconselhado que eu os desse ao Miguel, para que ele no final me desse um resumo. Não. Eu não faria isto. Para meu pai foi fácil, ele conheceu cara a cara minha mãe antes de pedi-la em casamento. E tudo que eu tinha de Hope Rondoya eram aqueles formulários.

Havia grande parte daqueles papéis que não estava concisa. Eu os coloquei de lado. Hope Rondoya. Era um nome estranho. Dezessete anos. Eu era três anos e vinte dias mais velho. Havia muitas informações sobre ela. Seu local de nascimento. Nome de todos de sua família. Até mesmo a escola que frequentou.

Guardei os formulários numa gaveta.

Observei meu rosto no espelho. Está tudo bem. A esta altura todos no palácio estavam a interromper os afazeres para assistirem a chegada da futura princesa. Minha futura esposa. Mais uma checada nas roupas e sigo para o térreo do palácio.

Alguns degraus da escada depois, encontrei minha mãe a arrumar a gravata de Demetre, enquanto - eu desconfiava - advertia meu irmão por alguma coisa.

Meu pai ficou ao meu lado. Ele estava ansioso para o meu casamento. Ou ansioso para conseguir um novo domínio. Eu ainda não tinha certeza.

- Sorrias, Pedro. Tua noiva está a chegar, precisa parecer confiante.

Certo. Confiante.

Forço um sorriso

Eu estava confiante.

Não, eu não estava. E como estaria? A garota que estava a chegar seria em breve minha noiva. Eu a vi apenas por uma foto. Hope Branca Santiago Rondoya. Dezessete anos. Data de nascimento: 13 de janeiro de 2098. Nascida na Região Sul de Waughton. Seus pais eram Henry e Maíra Rondoya. Seu pai é bisneto da última líder Rondoya, Verônica. Ela ficaria surpresa em descobrir que eu sabia tanto sobre ela. Na foto ela sorria. Quem não sorriria em se casar com um príncipe?

- Isso. - acenou meu pai, a sorrir - E um dia imaginei que se casaria com a princesa Eleonora. Seria uma boa escolha, claro que seria. Mas a Itália seria apenas nossa aliada, conquistaremos Waughton. O que está a ser mais vantajoso.

Ele me olhou, a observar com atenção a minha reação. Não era como se eu pudesse opinar, ele não se importaria com minha opinião sobre o meu próprio futuro. Porque tudo que importava para o meu futuro, estava escrito nas Leis Monarcas. Tudo que eu podia ou não fazer, eram elas que determinavam. E meu pai as seguia fielmente. Porque foi assim com ele e é assim comigo.

- Sim, papai. Muito mais vantajoso.

Talvez não, afinal, Eleonora para mim não era uma desconhecida. Não que ela fosse a garota certa, mas me casar com ela talvez fosse melhor do que me casar com uma garota que poderia estar aqui apenas pela mordomia da vida de princesa.

A princesa Eleonora, da Itália não é a herdeira ao trono, afinal, seu irmão que é. Mas ela é uma princesa e com ela vem a aliança de seu país com o nosso. Mas o que é uma aliança perto de uma nova conquista territorial?

Minha mãe veio até nós. Havia um grande e adorável sorriso no rosto dela. O que iluminou os olhos de meu pai. Eles se afastaram de nós, para conversarem algo em particular e Demetre e Abigail vieram até a mim.

- O que estão a aprontar? – pergunto, porque os sorrisos nos rostos de meus irmãos já mostram que algo acontecia entre eles.

Demetre riu – Temos uma teoria.

- Sobre a tua noiva.

- Ela ainda não é a minha noiva. – eu a corrijo e ela revira os olhos.

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