Capítulo 3

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- PEGUEI-TE NO flagra! - Abigail colocou as duas mãos na cintura, com um sorriso travesso nos lábios.

Minha irmã perdia por oito anos de minha idade, era mais parecida com mamãe do que eu. Principalmente com o sorriso tão dócil. Mas eu queria muito que não fosse apenas o sorriso que ela tivesse de dócil. Ela era a preferida de meu pai, o mesmo não escondia de alguém que sua mais nova era sua predileta. Algumas vezes isso podia até incomodar, mas como não se apaixonar por essa pestinha? Eu entendia meu pai.

- O que estás a fazer, Pedro? - ela cutucou meu braço.

Olhei novamente para fora do palácio. Recebo a vista dos jardins e o sol a se por. Abigail se esticou nas pontas dos pés para descobrir o que eu via, já que o parapeito da varanda era alto demais para sua pequena altura. Alguns acreditam que minha irmã será baixinha assim como mamãe, mas eu ainda tinha minhas dúvidas. Nosso pai e a família dele eram todos altos, assim como Demetre e eu.

- Ah. Sua namorada. - ela riu sapeca.

- Ela não é minha na... - revirei os olhos. Por que eu discutiria com uma garotinha de 12 anos? - Deixes isto para lá.

- Ela já está a querer desistir? – Abby debochou, porque queria ganhar aquela aposta.

- Já disse para não ficarem a fazer apostas disso. – advirto, cansado desses desafios.

Abigail cruzou os braços com aquele olhar desafiador que havia aprendido com nosso irmão. Os dois podiam discutir de segundos em segundos, mas estavam sempre unidos para fazerem algo de errado. Demetre é apenas três anos mais novo do que eu e as vezes - ou sempre - é mais criança do que nossa irmã.

- Pedro e Hope estão a namorar. - Abigail cantarolou.

- Ah, Abigail. - eu não acredito que minha irmã me faria passar por isto.

Ela se apoiou nas pontas dos pés novamente. Com as duas mãos em formas de conchas, ela as aproximou da boca. Ah. Droga.

- Pedro e Hope estão a namorar! Pedro e Hop...

Puxei minha irmã de modo que caíssemos ao chão no instante em que vi uma das damas de companhia de Hope a se virar para cá.

Com suas três damas de companhia, a senhorita Hope estava a caminhar pelo palácio enquanto sorria e conversava. Poucas horas atrás todo palácio parara seus afazeres para a chegada de minha futura esposa. Hope Rondoya era de fato encantadora, mas muito reservada. Não abriu a boca para conversar comigo, somente o suficiente e o que eu perguntava. Estava escrito em sua testa que estar ao meu lado era tudo que ela não queria. Como se eu tivesse lhe feito algo. Certo. Eu era seu futuro marido. Ela nem sequer teve escolhas, para ela sou totalmente o culpado.

- Por Deus, eu tenho irmãos tão idiotas. - digo irritado.

Abigail se contorcia de rir, mesmo com minha mão a apertar sua boca. Será que Hope havia escutado a baboseira de Abigail? Se ela já não estava feliz com nosso casamento, dizer que estávamos a namorar poderia irritá-la. E isso tudo fazia parte do plano de minha irmã para vencer o maldito desafio.

- Ah! - os dentes de Abigail tentaram arrancar um pedaço de minha mão sutilmente - Peste!

Abigail correu e desapareceu da sala. Eu me levantei cautelosamente. O jardim estava vazio.

. . .

Cavalgar e caçar sempre foram minhas atividades preferidas. Aos quinze anos, ganhei de aniversário o meu primeiro cavalo, o Meia-noite. Ele tinha a pelagem mais escura que eu já vi na minha vida, até mesmo seus olhos eram escuros. Era o cavalo mais rápido que já tive.

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