Descobrindo Você

6

- Quem são? - Alex pergunta com o olhar fixo em um dos porta-retratos sobre a pequena mesinha de centro.

- São meus pais! - respondo, enquanto me junto ao seu lado no sofá. Alex curva seus lábios em um sorriso.

- Ainda não conversamos sobre nossos pais. - despretensiosamente, ele tira uma mexa solta dos meus olhos. - Onde os seus pais estão? - engulo em seco com a sua pergunta. Na verdade, eu já esperava isso e, previsivelmente, uma hora ou outra eu teria que contar. Acho que chegou esse momento.

- Eles morreram. - informo-o tentando soar o mais natural possível. - o sorriso que estava estampando seu rosto se esvai lentamente ao ouvir minhas palavras.

- Sophie, sinto muito! - ele coloca o porta-retratos de volta à mesinha e me abraça apertado, beijando a minha testa por longos segundos.

- Eles morreram há exatos dez anos - afirmo com a cabeça apoiada sobre seu peito. Não sei o motivo, mas sinto à vontade em contar toda a minha vida para este homem. Sua presença me traz segurança.

- Não precisa falar se não quiser! - ele sussurra ainda pressionando seus lábios sobre minha testa.

- Não. Está tudo bem! - Afastamo-nos e suas mãos seguram as minhas. Respiro profundamente e Alex me observa com os olhos atentos.

- Eles morreram em um acidente de carro. Eu tinha acabado de completar quinze anos e tive que crescer na marra, estudar para ser alguém e finalmente sair da casa da minha tia. Infelizmente, demorei mais do que deveria, mas finalmente aqui estou. - Ele sorri, mas seus olhos parecem tristes ainda.

- Antes dos meus pais morrerem, eu tinha uma vida muito confortável. - exalo um suspiro profundo. - Eles eram ricos e eu era filha única. Minha mãe era incrível. Sempre foi minha companheira em tudo. Havia sempre um brilho diferente naqueles olhos verdes e todos diziam que eu era muito parecida com ela, em tudo. - sorrio ao lembrar do carisma único que a minha mãe tinha. - Depois que eles morreram, minha vida se tornou difícil. Muito difícil. Todo o patrimônio que meus pais possuíam se transformaram em dívidas.

- Mas quem cuidou de você? Você ainda era tão jovem! - concordo com a cabeça.

- Minha tia cuidou de mim. Bom, na verdade, ela me deu um teto. Ela vendeu todo o patrimônio: empresa, imóveis... enfim, tudo. Pelo menos, é o que ela disse. Não sei exatamente como meu pai contraiu tantas dívidas, mas alguns documentos que vi, provam isso. Eu não acreditava, mas aqueles documentos e alguns e o contador que cuidava de todas as finanças do meu pai, estavam lá para explicar tudo. As provas estavam lá e eu não pude argumentar. Apenas aceitar.

- Meu Deus. Isso deve ter sido terrível para você. - Ele se aproxima de mim e me aperta em seus braços novamente.

- Quer saber? - Alex me beija no rosto - Vamos logo para o meu apartamento. É a minha vez de mostrar a minha vida - ele diz tentando desviar o assunto.

- E a Adele? O que farei com ela? - Seus lábios se curvam com um sorriso.

-Vamos leva-la! - Alex se transformou, em tão pouco tempo, uma pessoa essencial em minha vida. Ele pega Adele nos braços e ela se aconchega fechando os olhos logo em seguida. Às vezes acho que essa gata quer sempre tirar uma casquinha do Alex. Sorrio com meus próprios pensamentos.