Capítulo 3

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Olá!

Saudades de vocês!

Adorando ler todos os comentários, obrigada!

Bem, vamos a um capítulo quente e talvez polêmico? rsrsrs

Doida para ver os comentários agora rsrs

Milhões de beijos, meus queridos <3




Capítulo 3

"(...)porque metade de mim

É a lembrança do que fui

A outra metade eu não sei (...)"

(Metade – Oswaldo Montenegro)


Eu e meus filhos engolimos um pedaço do bolo extremamente duro por fora e gosmento por dentro, olhando de um para outro, sem saber o que dizer. Estávamos naquela tarde em volta da mesa na cozinha, tomando café, enquanto Sol, sentada à minha frente, nos espiava na maior expectativa.

- E aí? Ficou bom?

Nunca comi uma coisa tão horrível na vida. Estava sendo um sacrifício não cuspir aquela massa da minha boca, por isso não consegui falar nada.

Bernardo, meu filho de dezesseis anos, como sempre muito educado e carinhoso, também não teve coragem de decepcionar Sol. Conseguiu engolir seu pedaço, rapidamente tomou um gole do seu café com leite e ainda conseguiu sorrir, mostrando seus aparelhos azuis. Todo mês mudava a cor dos aparelhos nos dentes. Disse quase forçado:

- Ficou ... bom ... Sol!

- Sério? – Ela pareceu um pouco surpresa e então seu rosto se iluminou em um sorriso. – Foi a primeira vez que fiz bolo de banana!

Finalmente a gororoba horrível desceu por minha garganta e cheguei a sentir um estremecimento de pavor com o gosto daquilo. Imitando Bernardo, tomei meu café até me aliviar e então não pude deixar de indagar, apertando as sobrancelhas em direção a Sol:

- Você não disse que sabia fazer bolo, Sol?

- Bem, eu sei. Que mistério tem aí? Sempre achei muito esquisito ter apenas uma colher de fermento para tanta farinha, por isso ponho uma colher para cada copo. Para crescer mais. Neste coloquei 6 colheres de fermento. – Deu de ombros e mexeu no pedaço meio queimado da fatia em seu prato, que a encarava como um bicho esquisito, uma coisa sem nome. – Calculei que de banana não tinha mistério. O de chocolate a gente joga Nescau na massa e bate tudo. O de banana é só tirar o Nescau e colocar a banana, óbvio.

Ela sorriu pra gente, satisfeita com sua lógica. Lembrei como jogou tanta coisa na bacia e saiu batendo tudo. Estremeci de novo, determinada a nunca mais deixar Sol chegar perto de uma batedeira na vida.

- Parece meleca. – Disse Chico, de quatro anos, na sinceridade comum de uma criança. Empurrou seu prato para longe e olhou para mim: - Não quero comer isso, mamãe. É muito ruim! Quero meu biscoito.

- Meu bolo tá ruim? – Sol se virou para ele.

Bernardo disfarçou. Chico acenou com a cabeça e emendou:

- Horrível, tia Sol.

- Por que não come e vê? – Sugeri. Se ela experimentasse, saberia que tínhamos razão e não ficaria magoada.

- Acha que sou doida de experimentar isso? Olha a cara dele! – Como Chico, empurrou seu prato para longe, levantou e foi jogar sua fatia no lixo sem nem provar.

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