E então, pousou a caneta de tinta permanente que lhe tido sido oferecida no aniversário...
Aquelas, tinham sido as 3 horas mais compridas da sua vida.
Marie, tinha apenas 15 anos, mas sabia muito dos males que existem. Quando tinha apenas 4 anos, perdera a mãe... Mal se lembrava dela... O pai... Qual pai? Aquele homem com quem vivia sozinha há 11 anos? Aquele que sempre a ignorara?
Agora, era finalmente o fim. O fim de todo o sofrimento, de toda a mágoa, de tudo!
Naquelas 3 horas, Marie tinha escoado a sua alma e tudo o que sentia para o papel amarelado..."Mundo, de ti, despeço-me. Não aguento tudo o que me remói por dentro. A amálgama de sentimentos que tenho vindo a acumular irá ser por fim um suspiro de alívio. Não sei se alguém irá sentir a minha falta, ou se alguém irá pelo menos lembrar-me, mas essas dúvidas, apenas me dão mais coragem para partir. Sei que quando partir, talvez encontre a minha mãe. Ou talvez não. Talvez apodreça aqui, debruçada sobre esta secretária, já que ninguém se há-de lembrar de mim.
Nos 15 anos que vivi, percebi que a vida não é assim tão bela, e porquê continuar a viver, se posso exsudar-me para um sítio onde esteja mais dormente? A efémera beleza do meu reflexo, nunca mais será vista, pelos meus olhos, e agradeço por isso.
Lembro-me de sorrir, quando a minha mãe me penteava os cabelos e me cantava canções de embalar. Mas depois, tudo escureceu, e eu fiquei assim, sozinha. Vivendo na mesma casa que um homem que me ignora.
Agora, despeço-me, mas sei que não o faço por mim, faço-o para que aquele homem que se diz meu pai e que deambula pelos corredores, nunca mais tenha de virar a cara quando passo."A arte da vida é fazer da vida uma obra de arte.", disse Gandhi, mas eu digo,
"A arte da vida, é pintar o quadro da nossa morte." "E assim, Marie, pegou na faca que tinha trazido da cozinha, e voou, ao suspirar de alívio.
Todos os factos mencionados nesta história
são fictícios.
Qualquer parecença com a realidade é pura
coincidência.