AVISO: Este texto pode ferir a susceptibilidade dos leitores mais sensíveis, devido a sangue, auto-mutilação, entre outros.
"E assim, Marie, pegou na faca que tinha trazido da cozinha, e voou, ao suspirar de alívio."
No dia em que Marie nascera, Danielle via o seu sonho tornado realidade.
Aquele tinha sido o dia mais feliz da sua vida. Marie, era a sua pequena menina.
Pierre, o seu marido, nunca quisera filhos, e para ele, Marie era apenas mais uma menina que existia no mundo, um fardo sobre os seus ombros.
Embora fosse ignorada pelo pai, Marie recebia todo o Amor do Mundo vindo da sua mãe, afinal, aquela era a menina dos seus olhos. E então, as coisas começaram a piorar... Quando Marie tinha apenas 3 anos, Danielle começou a ficar muito doente...
Nunca saía do quarto, mal comia e não dirigia a palavra a ninguém... Marie não entendia o porquê da mãe ter mudado tanto, tão repentinamente. Um ano depois, no quarto aniversário de Marie, Danielle chamou-a ao seu quarto. Tinha um ar demente, de loucura no olhar, mas, com uma voz doce, disse-lhe: "Nunca te esqueças da mamã, assim como a mamã nunca te irá esquecer...".
Marie olhou para mãe, interrogando-se, o que a mãe quereria dizer ao certo, até que Danielle a expulsou do quarto.
Duas horas mais tarde, Danielle morreu.
Os anos seguintes de Marie, como ela chegou uma vez a dizer "São penosos, dormentes, corroem-me os sentidos.". Mas para quem a via, uma palavra bastava: "Miseráveis". Na escola, ninguém falava com ela. Tirava sempre boas notas. Era uma aluna de excelência, mas nem por isso o pai se dava ao trabalho de reconhecer a sua existência.
E então, para começar a sentir alguma coisa, aos 12 anos começou a cortar-se. A auto-mutilação, ou a sua amiga Marianne, como gostava de chamar-lhe, não era má de todo. Pelo menos, fazia-a sentir-se viva! Marie pensava que sentir dor física era melhor do que não sentir. Do que viver com aquela dormência. E assim continuou...
Todos os dias, quando chegava a casa, ia buscar uma lâmina à casa de banho. Cortava-se e via parte da dormência que sentia correr, juntamente com o sangue.
O pai não reparou. Como poderia ele reparar nos cortes no corpo da filha, se nem na própria filha reparava?
Um dia, quando tinha 13 anos, ao cortar-se no braço esquerdo, perto do pulso, Marie foi longe demais...
Enquanto sangrava profusamente, pensava "Não sei se quero morrer, mas parece que não tenho outra escolha. Aceito-o."...
Então, o pai entrou no seu quarto...