DEZ

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Quando abri os olhos recordei do momento de confissões da noite anterior e me mexi na cama para encontrar Baekhyun no chão. Ele dormia serenamente e fui cautelosa ao tocar sua pele, meus dedos caminharam pelas pequenas pintas castanhas de suas costas. Era engraçado observá-lo de maneira tão vulnerável, ultimamente era apenas isso que ele tinha me mostrado, seu lado ameno que ele mesmo, talvez, tenha esquecido que existia.

— Bom dia... — Ele me surpreendeu. Pulei para trás ao ser descoberta e voltei para a cama tentando disfarçar.

— B-bom dia. — Respondi séria.

Baekhyun sentou-se no final da cama e alcançou meus cabelos para alcançar algo que estava preso aos fios.

— Eu sinto falta de como o seu cabelo era. Cada cacho seu era como... Sei lá, uma extensão de você. — Juntei meus cabelos e os prendi, sentindo certo remorso por tentar enterrar uma parte de mim. De repente sua expressão se fechou e ele avançou em mim. — Que marca é essa em seu pescoço?

Afastei-me de Baekhyun, levando minha mão até a marca da mordida.

— Sun, desculpe, eu prometi que não iria te machucar e olhe o que fiz!

— Não foi você. — Disse ríspida.

O som das dobradiças da porta me fez olhar imediatamente para a saída do quarto. Kyuhyun apareceu na porta com um sombrio sorriso nos lábios.

— Apenas vim dizer que o café logo estará pronto e lembrá-la, Sun, que temos aquela oração que você me pediu para te ensinar.

Seria aquele um bom momento para dizer a Baekhyun que não havia oração alguma? Seria um bom momento para confessar que eu tenho sido coagida por Kyuhyun, assombrada por sua presença silenciosa? Eu não sabia o que Baekhyun seria capaz de fazer se soubesse de tudo naquele exato momento. E se ele não fizesse nada? Apenas risse de mim e mostrasse que toda aquela guarda abaixada era uma farsa? Eu estava completamente presa na armadilha de Kyuhyun.

Kyuhyun deixou o quarto e mesmo após sua partida não consegui respirar aliviada. Baekhyun pegou suas coisas e foi para o banheiro enquanto me certifiquei de deixar a porta trancada. Eu tinha que fazer alguma coisa para acabar com aquilo, logo agora que tudo parecia estar menos frustrante na minha família.

Após o café fomos para a sacada em cima da garagem, apoiei-me no parapeito e Baekhyun esticou seus braços se apoiando também atrás de mim; me virei para encará-lo.

— Acho melhor não ficarmos tão próximos. — Toquei seu peito com as duas mãos o afastando.

— Sim, claro, desculpe. — Eu o queria por perto, mas tinha medo.

— Eu gostaria de agradecer por ter confiado em mim e contado sobre seus traumas, agora entendo o que Sehun quis me dizer sobre suas tragédias pessoais.

— Eu estava no meu limite, guardando comigo meu luto. Jongin era uma das pessoas que fazia meu coração bater, era como meu irmão sabe, eu queria protegê-lo.

Baekhyun se sentou na cadeira reclinável de plástico visivelmente cansado, sentei-me na cadeira do lado e ele segurou minha mão balançando no ar.

— Talvez você devesse procurar ajuda, ajuda profissional para lidar com essa dor. Não vejo nada que eu ou nossos pais possamos fazer para curar seu coração.

Ele concordou com um breve aceno de cabeça.

— Quando eu descobrir o que de fato levou Jongin a se matar ficarei bem. Ele não tinha motivos para fazer isso.

— Baekhyun, todos temos nossas batalhas pessoais. Você mesmo tem as suas e ninguém imagina, ninguém imagina o que acontece quando estamos a sós. Não foi necessariamente culpa de alguém.

BLACK HAPPINESS [2015]Onde histórias criam vida. Descubra agora