O Marionetista

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Tudo começou quando eu comecei a reparar algumas mudanças em minha mãe.

Não, na verdade começou antes disso, talvez alguns anos. Talvez até mesmo antes que eu pudesse lembrar a diferença entre o certo e o errado, o fato é que foi a muito tempo atrás. Eu tinha apenas um irmão eu era o caçula. Nossa mãe era solteira, ela sempre foi desde que eu conseguia lembrar. Nosso pai nos abandonou quando minha mãe engravidou de mim. Nós amamos nossa mãe, nós realmente amávamos. Ela nos comprava roupas bonitas mesmo que ela não pudesse pagar, nunca faltava comida em nossa casa. Tudo era ótimo, minha mãe só tinha alguns problemas com a bebida.


Não era apenas um problema, este era o maior problema. Ela era sozinha, embora tentasse conhecer outras pessoas. Ele sempre ia bem no início, até que ela mudasse de ideia e dava um chute na bunda quando um cara dava em cima dela. Isso se repetiu muitas vezes.

Eu me sentia muito... sozinho. Meu irmão não era muito interessado em brincar comigo, vendo que ele tinha uns cinco anos mais velho e ele sempre pensou em mim como o irmão pequeno irritante. Mas tudo o que eu queria era companhia.

Nunca obtive sucesso em tentar fazer novos amigos na escola.Na verdade, tinha sempre pessoas querendo me bater, um em especial se chamava Ricardo, ele sempre zombava de mim, por isso não gostava muito de ir à escola. Passei cada momento sozinho. Minha mãe não se importava, claro. Ela estava muito ocupada tentando terminar seu trabalho para que ela pudesse passar as últimas horas em casa bebendo a noite inteira.

Mas eu acho que cada segundo de solidão trouxe algo para fora de mim. Comecei a ... imaginar. Imaginar muito. Fazer amigos imaginários foi um dos meus passatempos favoritos. Sim, um hobby. Fiz novos tantas vezes que era difícil manter-me, mesmo para mim.

Mas existia um em particular, que eu não me lembrava de tê-lo criado.

Ele não era como os outros. Este foi o único que me deu mais paz do que qualquer coisa. Ele brincava comigo, é claro, mas ele deu a volta a noite. Então nós conversávamos e brincávamos fazendo de super certeza que minha mãe não ouviria a minha alegre risada. Ele era um especialista em muitas coisas, mas ele era o melhor na arte de fazer marionetes. Todos os dias ele apareceria com uma marionete nova, qualquer boneco que eu pedia ele trazia pra mim no dia seguinte. Ele os controlava muito bem, essa era a sua habilidade.

Então comecei a chama-lo de O Marionetista.

Eu sempre consegui distinguir quem é imaginário ou não, mas com ele... Era difícil negar que ele era apenas um amigo imaginário. Porque eu sabia que ele era. Todas as noites, quando ele disse que eu tinha que dormir, ele ficava por mais uma hora só para assistir e se certificar de que eu estava realmente caindo no sono. Seus dourados,olhos brilhantes me observando de longe na escuridão. Eu olhei para ele. Seu rosto cinza estava me mantinha calmo enquanto ele sorria para mim. Adormeci todas as noites.

Mas eu não podia falar com ninguém sobre a criatura que me visita todas as noites.

Era... era estranho.

O tempo passou, nós crescemos e algumas coisas mudaram. A única coisa que parecia permanecer igual era o hábito de bebedeira da mãe. Meu irmão saiu de casa quando completou 18 anos, ele não aguentava mais ela, por isso se mudou. Eu tinha apenas 12 anos na época e eu não podia sair de casa ainda, tinha que esperar ainda um longo tempo. Eu estava esperando pacientemente, era a única coisa que eu poderia fazer na minha... solidão.

Meu amigo imaginário nunca me deixou no entanto e ele começou a se tornar um problema. Ele continuou a me visitar a cada noite, me fazendo companhia. Eu comecei a ignorá-lo, eu era louco... tinha que ser. Aos 12 anos o negócio todo de amigo imaginário era ridículo. Eu tinha outras coisas para fazer de qualquer maneira. Lição de casa, jogar meu PlayStation 2. Contudo eu não estava satisfeito. Era apenas algo neutro. Eu não me sentia solitário, eu já estava assim há muito tempo. No entanto, lá estava ele... olhando para mim com o rosto escondido sob as sombras do meu quarto, olhos brilhantes me estudando. Mais um ano se passou.

Sem sucesso, ele continuou.

Eu finalmente me cansei de tudo. Escola estava sendo um infortúnio, Ricardo vivia me batendo e minha mãe ficou pior com a bebida. Mesmo ao ponto em que ela começou a automutilação . Ela se recusou a falar comigo, mesmo quando eu tentei. Eventualmente ela perdeu o emprego. Eu torci para que isso acontecesse para que ela percebesse que tinha problemas... Mas não, depois que minha não tinha coisas pra fazer ela ficava sentada a beber pra manter seus problemas a distância. Ela tornou-se mais irritante com o tempo, todo mundo percebeu isso. Todo mundo que era ... bem, apenas eu. Fiz tudo o que podia fazer para não ficar em casa - dormindo na casa da minha tia ou mesmo tentando entrar em contato com o meu irmão. Mas havia algumas noites que eu tinha que ficar em casa e era o inferno na terra.

Todos os dias ela me repreendia por nada. Era tão estúpido, coisas simples. Como esquecer de comprar leite no caminho para casa, esquecer de preparar o jantar... O que eu poderia fazer? Eu tinha 13 anos. Minha mãe não aceitava nada como desculpa. Ela não parava de...Uma noite, ela apenas perdeu.

Lembro-me claramente.

Era algo sobre os pratos. Eu tinha que limpa-los depois do jantar como sempre e desta vez eu acidentalmente deixei um prato cair. Ele caiu no chão e quebrou em pedaços minúsculos. Minha mãe naturalmente ficou furiosa comigo. Eu poderia entendê-la em algum momento, entendo por que ela estava chateada comigo... mas agora eu culpava por tudo o que aconteceu.

Mas desta vez ela não só gritou na minha cara por um minuto ou dois. Desta vez, ela agiu violentamente, jogando uma cadeira do outro lado da sala. Ela gritou comigo por não ser o filho perfeito, como ela perdeu tudo por causa de mim e do meu irmão... Tudo era culpa nossa. E então ... um tapa na cara.

Eu corri e me trancado no meu quarto.

E lá estava ele, esperando por mim. Era noite afinal. E pela primeira vez em quase dois anos, eu falei com ele. Ele era o único que eu poderia conversar. Mesmo que ele fosse imaginário, mesmo que eu estava basicamente falando sozinho. Eu não me importava . Eu precisava desesperadamente dele.

E pela primeira vez... Ele também falou comigo.

Ele estava mais calmo do que eu pensei que ele seria .

- Sua mãe ... ela é má.

Eu discordei. Ela não era má... Ou era? Ela arruinou a minha vida, ela me odiava, mas ainda assim eu balancei minha cabeça.

Creepy PastasOnde histórias criam vida. Descubra agora