Parte I: Quando tudo é caos

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O mundo não estava morto quando os Sete o criaram

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O mundo não estava morto quando os Sete o criaram.

No princípio, reinava as Sombras, rainhas do Caos do mundo, e isto era tudo o que nele havia. Apenas uma imensidão sobrepujante, tão avassaladora e poderosa, mais antiga e temível que os próprios deuses.

Os Sete, cercados por uma solidão devastadora, estenderam as mãos sobre o vazio que descansava diante de seus pés, e em toda sua inteligência e poder, teceram o manto dos céus, — um lado escuro e cravejado de estrelas, que chamariam de noite, e o outro, limpidamente azul, com uma estrela incrustada em ouro, tão grande que seria capaz de iluminar toda a Terra, chamariam então de dia.

Galadryel, a pura, conhecida pela sua sabedoria e imensa beleza, estendeu as mãos e fez surgir terra e mar, que viveriam num eterno confronto, opostos e ao mesmo tempo iguais. Da calmaria surgiu as ondas, da paz surgiria a guerra.

Hero, o sombrio, herdeiro do fogo e sombras, domador de mentes e da escuridão, caminhou pela terra que agora se alastrava por toda a parte e fez surgir dela galhos secos, árvores venenosas, vulcões que encheriam o mundo de chamas, e trouxe as feras. Leões, serpentes, panteras, ursos e tudo o mais que sua vasta imaginação seria capaz de ousar.

Foi Elendel, a Dama da Floresta, que criou as flores e árvores frutíferas. Ela caminhou pela terra negra, e aos seus pés surgiram uma grama verde, do seu vestido caíram sementes, que germinariam e trariam frutos. Ela envolveu o mundo num tom verde, vívido, belo.

E por fim, os quatro restantes — Arthena, a guerreira; Syrena, Dama dos oceanos; Kallias, o justo; Melindrel, Senhora de Ferro e Amante da Morte — criaram todo o resto: montanhas, vales, cavernas, rios, cachoeiras, estações; enchendo o mundo, antes vazio e sem vida, com um redemoinho de cores.

Fascinados com tantas maravilhas, os Sete optaram por criar guardiões para cada uma delas.

Para proteger as águas e tudo o que nela fluía, criaram as ninfas d'água, algumas belas e traiçoeiras, outras com os dentes tão afiados que poderiam ser confundidos com uma lâmina. Silenciosas como a noite, perigosas feito a morte.

Para as florestas, repleta de árvores e flores, as fadas e os gnomos, leves como a brisa da manhã, seriam portadores dos segredos mais antigos.

Para as montanhas, os trolls. Gigantes feitos de uma pedra antiga, retirada da Terra dos Deuses, forte como o aço, incapaz de se deteriorar com o tempo.

Para as cavernas, os gunts, pequenos e ágeis, mas resistentes e cruéis, seriam os mensageiros da magia invisível.

E os Sete viram que faltava algo. Um ser semelhante a eles. Com um coração bondoso, porém ganacioso; espertos, mas volúveis; egoístas, mas capazes de amar e de sentir dor; e o que os diferenciavam: a mortalidade. Eles sangrariam um vermelho tão vívido quanto à aurora, suas vidas estariam ligadas à morte, fadados ao envelhecimento. A magia correria em suas veias, letal e antiga, um presente dos deuses.

E assim foi feito.

Entretanto, a harmonia entre os povos não durou para sempre. E o que era paz, se tornou guerra.

Os humanos cobiçavam o poder das outras criaturas, insatisfeitos com os dons que haviam recebido. Eles queriam mais, e de suas línguas derramaram um mel enfeitiçado, o veneno incitando povo contra povo, atiçando uma chama ardente dentro do coração de cada ser. As ninfas, que desejavam viver livremente pela terra, amaldiçoaram os deuses por tê-las aprisionado numa vida eterna sob o manto das águas. Os gunts, que ansiavam pela força dos trolls, maldisseram os Sete, indignados por serem tão pequenos comparado aos gigantes das montanhas. As fadas, audaciosas, trocaram os segredos que tinham herdado por ouro e joias. Os trolls, por sua vez, estavam cansados de serem feitos de pedra. Eles queriam sentir o calor do sol sob a pele, a brisa suave do vento no rosto.

A Terra, antes bela e harmoniosa, encheu-se de sombras e destruição. A morte impregnou o ar, inundou os rios, assolou as montanhas.
Os deuses, dominados pela ira e decepção, deram um castigo especial para cada um de seus filhos: os gunts, que antes eram resistentes e mensageiros da magia, tornaram-se frágeis e leves feito o vendaval; as ninfas, que outrora eram ágeis e poderosas, foram condenadas a ter a magia aprisionada dentro de si, para aprenderem o que era realmente viver numa prisão; os trolls foram reduzidos de tamanho, a rocha tornando-se quebradiça ao sol; as fadas, foram presas dentro das florestas, obrigadas a dizerem sempre a verdade, e a reconhecer quando mentiam; e, por fim, os humanos, que haviam sido tão ambiciosos, tiveram a magia que fluía dentro de suas veias destruída. O que fora ofertado, agora era tomado de suas mãos.

Os Sete então partiram, deixando-os sozinhos com a destruição que eles próprios haviam criado.

E foi assim que nasceu a Era do Caos.

E foi assim que nasceu a Era do Caos

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