Capítulo 3

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Capítulo 03

- Lydia! – uma Lizzy exultante entrou no quarto de Edgar, onde a irmã caçula brincava com ele de pernas cruzadas, sentada no chão.

- Hmmm? – ela perguntou, levantando levemente o rosto para fitar a mais velha. O rosto de Lydia estava mais corado, e Lizzy até se atreveria a dizer que ela parecia feliz.

- Hoje à noite teremos visitas! O conde Randoff e sua filha finalmente aceitaram o nosso convite para um jantar! E esta será a ocasião perfeita para que você use um daqueles lindos vestidos novos!

- Lizzy – Lydia abafou uma risadinha, comprimindo os lábios – Você está parecendo a mamãe, sabia? Por acaso também está pensando em me casar com ele? – debochou.

- Não! Lógico que não! Afinal, ele tem 36 anos, é meio velho para você. – ela brincou, mas em seguida se tornou séria - Eu só gosto da idéia de você conhecer pessoas novas. Seu circulo de amizades é tão reduzido, Lydia, que às vezes eu me preocupo. Não é normal, Lydia. Não é normal, nem saudável, você não querer sair, nem se misturar. Sei que seu marido morreu, sei que você deve estar sentido a morte do George, mas você deveria tentar não se isolar tanto.

- Lizzy... – Lydia se levantou e Edgar esticou os bracinhos, pedindo colo para a mãe. – O George, na verdade, foi um péssimo marido – ela confidenciou – Eu não sinto a morte dele, pelo contrário, estou me sentindo livre.

- Mas você mudou.

As duas se dirigiram para as escadas, Lizzy agora levava a criança no colo, e seguiram para o amplo jardim da residência.

- Sim, eu mudei. Com os anos, com a idade. Agora sou uma pessoa mais reclusa. Gosto do silêncio.

- Gosta... do... silêncio? – Lizzy repetiu, levemente atordoada. Aquela era mesmo a sua irmã?

- Sim, eu gosto. – e era verdade. Por que o silêncio era confortável, enquanto a maioria das pessoas eram más, pelo menos com ela. – Quero dizer, gosto do silêncio, mas também adoro a barulheira que o Edgar faz.

- Ah...

- Tudo o que eu costumava a querer é ter os meus filhos para me fazerem companhia. Mas agora, como isso não será possível, então me contentarei em ter a companhia dos teus.

- É. – Lizzy riu – Nunca imaginei isso, mas tenho que admitir que você leva jeito com crianças.

Elas afinal se sentaram num banco ao ar livre, aproveitando a sombra das árvores. Edgar, posto no chão, começou a brincar com o seu cachorro preferido, que vendo o menino, correu até ele.

- Lydia, não se ofenda, mas eu preciso te fazer uma pergunta... Se você gosta tanto de crianças, por que não quis ficar com a Jane? Sabe que eu adoro a tua companhia, não é esse o fato, eu só estou curiosa. Ela tem três filhas e eu tenho um só.

- Ah Lizzy... – Lydia baixou a cabeça, envergonhada – Eu tenho medo de soar ingrata, se eu contar... – houve uma pausa longa, Lizzy resolver dar tempo à irmã. E só quando se sentiu pronta, é que Lydia continuou - Mas é que a felicidade de Jane me oprime um pouco, sabe? Ela já tem três filhas, enquanto eu não consegui ter nenhum. E você... Bem, você nesse tempo todo só teve um... Então, eu acredito que me identifiquei.

- Oh Lydia! – emocionada, Lizzy a abraçou.

- Sei que Jane não teve nenhum filho homem, mas ela tem três meninas. E às vezes eu acho isso meio injusto, porque eu só queria uma – sua voz se tornou chorosa.- Desculpa... Não quero parecer ingrata, nem invejosa... Mas eu queria tanto! E agora é tarde...

A volta de Lydia (completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora