Capítulo 5

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Um mês depois, e Lydia ainda não tivera a menor notícia do conde Randoff, o seu James, e estava ficando agoniada demais. Ele era a primeira coisa em que ela pensava ao acordar e a última imagem que havia em seu cérebro ao adormecer. Ele estava sempre presente, tanto na sua mente quanto no seu coração. E ela sabia que precisava dele. Como precisava do ar que respirava. Como um baile precisava de músicas. Como um dia precisava do sol para se iluminar. E, se ele voltasse e a pedisse novamente em casamento, ela seria totalmente egoísta e dessa vez diria sim.

E perguntar sobre o paradeiro do seu amor não era um assunto que ela poderia abordar com qualquer um, nem mesmo com a sua irmã Elizabeth ela se sentia a vontade para falar. Como perguntar, sem se entregar? E como explicar para a sua irmã seus sentimentos por um homem com qual a mais velha desconhecia qualquer relação? E se Elizabeth desconfiasse da verdade, Lydia sabia que estaria encrencada. Não era, e nunca seria, um comportamento adequado. E talvez ela não estivesse tão mudada como acreditava, afinal de contas tinha se entregado ao conde tão facilmente como tinha feito com o seu ex-marido.

A única com quem podia desabafar, e a sua fonte exclusiva de informação, era a sua criada e agora confidente Anne. E, incrivelmente, as criadas sempre tinham muito para contar, em geral elas sabiam das coisas antes dos moradores da casa.

- Sra. Wickham!

Anne estava ofegante, tinha corrido por uma grande extensão da casa a procura da Sra. Wickham, até que finalmente a encontrara sentada no jardim com um livro caído aos seus pés. Lydia tinha desistido da leitura, simplesmente não conseguia se concentrar. Já havia se passado um mês e quatro dias, e ele tinha prometido que voltaria em um mês. E se ele não voltasse a procurá-la? E se ele não quisesse mais vê-la? Afinal de contas, ela o havia rejeitado e ele podia não ter a intenção de renovar a proposta. E Lydia sabia que seria condenada a infelicidade eterna se tivesse que viver mais um mês longe dele, imagine então a vida inteira!

– Acabo de voltar da mercearia e trago notícias! – A Anne falou um pouco sem fôlego, se recuperando ainda da corrida.

- Ele voltou?!

- Sim, o conde de Randoff chegou hoje pela manhã.

- Pela manhã? Oh, meu Deus! Tenho que me arrumar, e se ele resolver me visitar? Mas... E se ele não vier?

- Sra. Wickham – Anne sorriu vendo algo nas costas de sua agitada patroa – Creio que a sua última preocupação é um tanto infundada. Acredito que seja o conde lá ao longe, vindo da companhia do Sr. Darcy.

- Mas já? Eu nem tive tempo de me arrumar!

- Talvez ele esteja tão ansioso para vê-la quanto à senhora.

- Será? E como estão os meus cabelos? Meus grampos e meu chapéu estão no lugar?

- Sim, senhora. Está tudo no lugar.

- E meu vestido? Ele não está amarrotado?

- Não. Está perfeitamente ajeitado, senhora.

Lydia mordeu os lábios para dar um pouco mais de cor a eles e deu leves tapinhas em suas bochechas pelo mesmo motivo.

- Ele está perto? – ela perguntou para a criada, já que ainda se mantinha de costas.

- Sim, senhora. Bem perto. Inclusive creio que em mais alguns passos é capaz de ouvi-la.

- Oh! Então me calarei. – mas ela não foi capaz, e continuou em um sussurro – Devia ter escolhido outro vestido, esse amarelo é tão pálido...

E então resolveu sentar-se novamente para tentar se distrair, pegou o livro e dispensou a criada. Lydia estava tão nervosa que sequer percebeu que o livro que fingia ler estava de ponta cabeças. O que não passou despercebido pelo conde quando afinal a alcançou.

A volta de Lydia (completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora