| Illusion |

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- Ellen -

Assim que nos apresentámos todos dentro da sala de Kim, dou conta do quão badalhoca ela pode ser, mas acabo por ignorar esse facto e concentrar-me no que eu realmente vim cá fazer. Que é questionar a ambos, frente a frente, o que se está a passar...

E Harry estar aqui já é como um bónus para mim pois assim tudo pode ser realmente esclarecido. Assim que a Kim nos convida a sentármo-nos aos três sobre o sofá eu acabo por me sentar junto de Harry no de dois lugares e ela em frente a nós, num sofá singular.

- O que te traz aqui, cara Ellen? - ela questiona enquanto enche um copo de álcool.

- A tua bebida na verdade. - ela surpreende-se - Sua estúpida é óbvio que o que me traz aqui é saber o que se passa entre vocês os dois! - resmungo.

- Adoro quando és sarcástica. - ela elogia - Lembras-me o meu lado mais... engraçado. - ela leva o copo à boca.

- Deixa-te de ser o que és e explica por palavras tuas, o que tens guardado na merda da tua garganta. Porque coração eu já percebi há muito, que não o tens. - questiono-a e ela pousa o copo rindo.

- Por onde eu posso começar? Talvez no primeiro dia em que entrei na casa do Harry.

- Tu não te atrevas Kim. - Harry interrompe-a.

- Há algum problema Harry? - questiono-o.

- Não é só que... - ele suspira enquanto brinca com as mãos.

- Continua Kim.. por favor. - peço e ela começa por contar o dia intenso de "o que aconteceu quando eu conheci o meu meio-irmão".

A história deixou-me durida mas também alerta sobre aquilo que o Harry pode ser e sentir nos piores e melhores momentos.

O que ele passou ao pé de Kim é indiscritivel e deixa-me triste e ao mesmo tempo admiro o que Kim aguentou sobre Harry, durante os maus momentos dele.

- Tinhamos um negócio. - adianta Kim.

- Que acabou no dia em que começei a andar com a Ellen. - Harry defende-se.

- Que na verdade, acabou hoje... - Kim lamuria-se e bebe ainda mais um gole.

- Tu és capaz de pousar esse copo com mijo de cavalo e simplesmente ouvir-me? - atiro.

Harry engasga-se com as minhas palavras e deduzo que ele também tenha bebido daquele mesmo líquido amarelado carregado de álcool.

- É assim Ellen, fiz um ótimo negócio com o Harry, básicamente eu tinha umas fodas de graça enquanto eu guardava segredo da vida dele... Só isso! - ela pousa o copo com força sobre a mesa e abre os braços.

- Nunca te questionas-te o porquê de ele se sentir assim? Nunca te perguntas-te à merda da cabeça de burra que tens, o porquê de o rapaz te estar a foder sem sentir merda nenhuma por ti? - questiono-a.

- Ele sentia... - ela começa.

- A única coisa que ele sentia, era a merda do teu bico de galinha da boca dele. Era porra do teu corpo junto ao dele. O que ele sentia não era amor, era uma solução. Uma solução para se aliviar dos problemas, Kim. E o que é que putas como tu fazem? Consolam almas deseperadas como o Harry, sem querer saber de sentimentos ou problemas que estão à nora das suas cabeça, é apenas prazer e pronto. - eu atiro-lhe à cara enquanto me levanto.

- Eu não lhe levava dinheiro, querida. Ele fazia porque queria. - ela diz, convencida.

- És tão iludida, desgraça! Ele fazia isso, apenas para que te mantivesses de bico calado enquanto cada palavra que ele soltava para ti fosse um alívio, todo o prazer que sentis-te foi apenas uma paga por lhe guardares as angústias e sofrimentos que ele carrega. - digo-lhe já com pena da pobre iludida - Ele não gosta de ti e duvido muito que alguma vez tenha gostado.

Ela levanta-se e coloca-se em frente a mim fazendo gestos com as mãos enquanto falava.

- Tu estás a mentir, porque és uma invejosa. Mas bem antes de ele ir ter contigo ele já entrava dentro de mim há muitas noites querida. - ela diz.

- A única coisa que ele fazia, era por interesse. - digo-lhe uma última vez.

- Não é Ellen.

Começo por mover o meu corpo até à entrada enquanto Harry e Kim se aproximam de mim percorrendo o mesmo caminho que eu logo atrás de mim. Assim que chego à entrada ouço Harry abrir a porta num gesto para ambos sairmos dali, mas antes de por um pé fora da estalagem medonha e porca de Kim eu viro-me para ela uma última vez.

- Não te iludas Kim, eu já me iludi uma vez... - admito imaginado as noites com Ed e como ele foi o primeiro rapaz com quem perdi a minha inocência - E sofri muito com isso Kim, por favor, não caias no mesmo erro está bem?

Pouso uma das minhas mãos no cimo do seu ombro e olho-a nos olhos que ameaçam deixar cairem lágrimas. Kim estava indefesa e estava sensível, eu sabia que por baixo daquele manto de ordinária e estúpida estava alguém com sentimentos que só precisava de ser amada.

- Kim, sê feliz. - digo-lhe e viro costas ao mesmo tempo que agarro a mão de Harry.

Saímos dali de mãos dadas e ouço Kim fechar a porta logo atrás de nós e aposto que neste momento o mundo dela caíu. Mas eu já fiz o que eu tinha a fazer, que foi abrir-lhes os olhos. Agora eu não posso fazer nada. Ela provavelmente vai limitar-se ao mal e recorrer às possíveis ameaças que tem feito.

- Harry? - chamo.

- Sim? - ele olha-me cabisbaixo.

- Estámos bem? - questiono.

- Não sei Ellen, diz-me tu. - ele pede.

Dou uma pancadinha no seu corpo com um pouco de balanço que dou do meu e dou uma gargalhada.

- Estámostal e qual uma preguiça a fazer o que mais gosta, que é dormir e ser feliz detal maneira. - digo e logo de seguida as minhas palavras fazem as covas deHarry reaparecerem e faz-me senti muito melhor agora que ele está feliz.    

OUR DEMONS : hs (disponível também em livro)Onde histórias criam vida. Descubra agora