9.nine

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Another promise, another seed
Another, packaged lie to keep us trapped in greed
And all the, green belts wrapped around our minds
And endless red tape to keep the truth confined
(So come on)

[ Jessica ]

Na segunda de manhã, levantei-me mais cedo do que o costume. Tinha adormecido no dia anterior a ver a minha série, não tinha preparado a roupa para amanhã, nem a mala. Nada.

Abri os olhos, e quando vi que o sol já estava á espreita a bater-me diretamente na cara levantei-me em pânico. Verifiquei as horas, eram sete horas e eu entrava ás oito e meia. Tinha tempo suficiente para fazer isso tudo. Clayde encontrava-se na cama ao lado a roncar levemente. Sorte tinha ela, entrava só ás onze.

Abri o meu armário e tirei uma camisola preta de alças para fora. Tinha um pequeno decote em cima, era justa e mostrava um pouco do meu umbigo mas eu apenas ignorei. Tirei um par de leggins pretas e mais um casaco de ganga. As suas mangas só iam até ao meu cotovelo.

Quando acabei de vestir-me, fiz um pequeno risco preto nos meus olhos com o lápis e em seguida preparei a mala.

Fechei a porta do nosso dormitório devagar para não fazer barulho e fiz o pequeno caminho até á universidade.

O fim de semana tinha passado tão mas tão rápido. No Sábado trabalhei, depois fui ao shopping com a Daise e a Clayde. Ainda me lembro do pequeno incidente com o Nathan. Foda-se. Drogado do caralho, tenho que admitir que quando ele me agarrou eu fiquei com medo que o rapaz me fizesse algo mas depois, quando ele disse aquilo largou-me logo e foi-se embora. Decidi não contar a ninguém o que tinha acontecido. Foi só um pequeno incidente. No Domingo, a Clayde trabalhou o dia todo e a Daise decidiu fazer-me companhia e convidou-me para passar pelo dormitório dela e fazermos uma pequena sessão de filmes. Ela não se dá com a sua colega de quarto, diz que é uma puta autêntica por isso costuma passar mais tempo no nosso dormitório do que o seu. Como a colega de quarto dela, a Verónica penso eu, passou o fim se semana fora, fomos as duas para o seu dormitório. Ficamos lá a tarde toda.

Quando cheguei ao portão a campainha da entrada tocou por isso eu apressei o meu passo até á sala de História.

História. Com aquele professor e aquele estúpido colega de mesa. Ainda não me esqueci o que tinha acontecido na sexta passada. E não iria esquecer tão facilmente.

Fui umas das últimas a entrar na sala, dirigi-me ao meu lugar e Luke já se encontrava no seu. Para o meu grande espanto ele não encontrava a mexer no telemóvel. Estava a escrever qualquer coisa no seu caderno de capa preta. Estava tão concentrado e com um ar tão inocente e atento que por um momento não senti nenhuma raiva dele. Por um momento.

Sentei-me na cadeira ao seu lado e não disse nada. Se fosse outra pessoa eu diria "Bom dia" mas como é o atrasado do Luke nem me vou dar ao trabalho.

Senti os seus olhos em mim enquanto eu tirava os materiais dentro da mala mas eu ignorei, abri o caderno e tentei prestar atenção ao que o professor dizia. Tinha que começar a prestar atenção á matéria. Os exames vão começar daqui a três semanas e eu ainda não estudei nada.

O Professor estava a passar um PowerPoint, explicando com calma cada documento que passava. Eu ouvia com atenção e escrevia o que era importante no caderno juntamente com algumas pessoas da turma.

"Jessica" Eu ouvi o Luke a chamar o meu nome. Porque é que ele estaria a chamar-me? E wow disse o meu nome. Ignorei e continuei a olhar para a frente. Segundos se passaram e ele suspirou alto. "A minha caneta ficou sem tinta, emprestas-me uma?" a voz dele parecia zangada.

Revirei os olhos e procurei pelo o meu estojo uma caneta preta para ele. Mandei na sua direção sem olhar para ele. Eu sei, parecia uma criança com a birra mas a imagem dele no MEU dormitório, na MINHA casa de banho a fazer sexo com a Zoe não se ia. Quem faz isto? Porra.

Ele não agradeceu nem nada. Apenas pegou na caneta e continuou a escrever. Porque é que lhe deste a caneta Jessica? Meu deus.

Quando dez minutos passam, o professor continuava a falar e a passar o PowerPoint e eu cada vez afundava-me mais na minha cadeira. Eu odeio mesmo História. A minha mão já me doía de tanto escrever e por isso larguei a caneta e fiquei apenas a ouvir o que ele dizia. Mas ele não se cala? Dou um suspiro baixo, pego na caneta e começo a desenhar rabiscos na última página do caderno. Assim o tempo passa.

"Hum.." eu oiço o Luke a murmurar ao meu lado enquanto brincava com a caneta na sua mão. "Eu queria.. pedir-te... d-desculpa pelo o que aconteceu na sexta?" Aquilo parecia mais uma pergunta do que uma informação. Mas.. O Luke a pedir desculpa? E a gaguejar? Esta é nova. Fico surpreendida por ele estar a pedir desculpas, e quando me viro para ele, ele olha para mim e depois os seus olhos vão para baixo.

"Caralho." Ele murmura e eu fico confusa.

Quando percebo que ele está a olhar para as minhas mamas por causa do decote viro-me para a frente e tento esconder o quanto embaraçada estou. Porco. Minha nossa senhora.

"Porco." Eu murmuro mais para mim do que para ele. Mas quando ele olha para mim, tenho a certeza que ouviu.

"Estava só a apreciar." Ele diz como se fosse a coisa mais normal do mundo. "Não és o meu tipo miúda." Ele ri-se e eu sinto uma pequena dor interior mas ignoro.

Mesmo que eu não queira nada com ele, aquilo magoaria a qualquer uma. Não sou o seu tipo? Oh, ele deve gostar mais daquelas raparigas loiras, com cabelos esticados e roupas curtas. Primeiro ele, gagueja e pede desculpa, agora diz que não o seu tipo como se fosse uma das coisas mais normais do mundo e não magoaria. Será que ele queria me magoar? E ainda se ri? O Luke não tem sentimentos.

Antes que pense no que estou a fazer, quando a campainha toca , eu num movimento brusco e rápido tiro-lhe a minha caneta preta da sua mão e ponho-a no meu estojo rapidamente. Coloco todas as minhas coisas dentro da minha mala e levanto-me rapidamente. Estou com uma raiva do caralho. Quando estou quase a sair da sala, sinto o meu braço ser puxado e o meu corpo ser virado bruscamente para trás.

"Tás-te a passar ou assim miúda?" O Luke diz com uma voz ameaçadora aproximando-se de mim. Por uns momentos sinto medo dele. Ele continua a agarrar no meu braço e a olhar para mim com uma cara de raiva e assustadora. Os alunos passam por nós observando mas nenhuma faz nada, apenas observam e saem da sala. O professor está mais concentrado no computador. Volto a repetir, odeio este professor "Estás assim por que eu disse que não eras o meu tipo?" ele pergunta e começa-se a rir-se e eu olho para ele sem nenhuma expressão. "Queres fuder comigo é? Podia ter dito logo"

"És mesmo porco." Eu olho para ele com uma cara de nojo e tiro o meu braço do seu aperto.

"Passa-se alguma coisa?" oiço a voz da Daise ao meu lado preocupada.

"Não. Diz aí só á tua amiga para baixar a bolinha comigo." Luke diz e sai da sala sem olhar para trás eu mando um olhar de morte a ele, mesmo que ele não veja.



Fuck Me, LukeOnde histórias criam vida. Descubra agora