III - O Primeiro Amor

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No final da reunião na igreja, os fiéis sempre conversavam sobre a missa e aproveitavam para colocar os assuntos em dia. Eduardo se aproximou de um de seus amigos, o Silvio, e perguntou-lhe:

— Você conhece aquela garota que estava sentada perto de mim hoje?

— Qual?

— A loirinha que estava ao lado do homem magro, com um grande topete...

—Não perdeu nada, hein? — Silvio brincou.

Eduardo ignorou o comentário e perguntou novamente se o amigo a conhecia. Por fim, Silvio resolveu saciar a curiosidade do amigo.

— Sim, eu a conheço. Ela se chama Helena e vem há pouco tempo aqui. Pensei que já a tivesse visto — Eduardo negou com a cabeça. — Eu descobri quem ela era porque quando começou a frequentar a igreja, muitos outros caras ficaram interessados nela. Logo descobriram o seu nome... E aí, você está de olho nela também?

— Não, não... É apenas curiosidade.

— Sei... Tá bom então. — Silvio disse, sorrindo.

Mas parecia que Eduardo tinha de conhecê-la já que, para a sorte dele, o pastor da igreja pediu que sua mãe passasse a dar aulas de educação religiosa à dona Manuela, mãe de Helena. Resultado: as duas senhoras tornaram-se amigas. Quando a mãe dela vinha à sua casa, Helena sempre a acompanhava e os dois ficavam trocando olhares. Além disso, o irmão dela, Rodrigo, passou a ser amigo de Eduardo.

Depois de certo tempo, os pais de Helena se mudaram para uma casa próxima à dele, umas três quadras de distância. Rodrigo passou a convidar Eduardo para ir à casa deles constantemente e o jovem não recusava. Sabia que assim veria Helena, deixando a visita ainda mais interessante. Numa dessas ocasiões, Rodrigo disse:

— Eduardo, vamos até minha casa assistir a um filme que aluguei na vídeo-locadora?

— Claro que sim. Pode ser hoje à tarde?

— Tudo bem. Estarei esperando.

Ao chegar à casa do amigo, começaram logo a assistir ao filme, mas Eduardo só queria saber que horas Helena chegaria do colégio. Como seria o momento de falar com ela? Sentia-se ansioso com a oportunidade de vê-la em sua própria casa mais uma vez.

E quando ele menos esperava, Helena chegou.

Ela viu que Eduardo estava na sua casa e sorriu para ele. Mesmo tímido, o garoto sorriu de volta.

— Oi, maninho — disse ela, dando um beijo e um abraço em Rodrigo.

— Convidei o Edu para assistir a um filme aqui em casa.

— Que surpresa encontrar você, Edu! Tem de vir nos visitar mais vezes.

— Agora que vocês moram mais perto, as visitas serão mais comuns, eu acho.

— O que estão vendo?

Ela aproximou-se de Eduardo e deu-lhe um beijo no rosto. Foi suficiente para deixá-lo vermelho de vergonha.

— É um filme de aventura — Rodrigo respondeu.

Ela sentou-se ao lado do rapaz, e terminaram de ver o filme em silêncio.

— Vocês já lancharam? — Helena falou, descontraindo o clima.

— Meu estômago está vazio. Faz um lanche para a gente, Helena? — Pediu Rodrigo.

— Claro que sim. Em alguns minutos estará pronto.

Rodrigo então disse:

— Edu, tenho de ir à casa do Sandro, meu vizinho, consertar a bicicleta dele. Ele me pediu que eu o ajudasse a hora que pudesse. Enquanto minha irmã faz o lanche quero ir lá rapidinho. Vamos?

O Bisturi de OuroOnde histórias criam vida. Descubra agora