Viagem

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Santos, domingo, dia 6.

Angra ainda se lembrava do enjoo que sentiu em alto mar. Ela poderia ser forte com tudo, aguentar tiros, perseguição e até a solidão, mas se desmanchava no mar. " Bom, todos precisam ter uma fraqueza, certo? ", pensou relutante. Ela havia se retirado da pequena Ilha em Fernando de Noronha o mais rápido possível após aquela luta com o garoto louro. Ela nunca mais sentiu nada em relação à ele. Apenas sabia que ele estava ali, vivo, embora muito machucado. Nada ela poderia fazer, precisava tocar sua vida. Dessa vez, agiria diferente. Cansara de fugir assim, sempre vagando por lugares remotos e assustadores. Resolveu, então, focar numa vida mentirosa, numa cidade grande. Como já estava no Brasil, optou por morar em São Paulo. Cidade perfeita. Muita gente diferente num só lugar. Precisava recomeçar mesmo, a começar pela escola. Ela sabe que não precisa de educação, desde pequena, já sabia mais que os adultos. Angra ja havia se acostumado com o fato de ser assim. No entanto, precisava se misturar, matricular-se-ia no último ano do ensino médio. Depois, arrumaria um emprego. Iria se misturar com a sociedade, seria engolida pelas massas. Melhor assim... Em Santos, Ela se dirigiu para a rodoviária, ficara sabendo que haviam umas vans clandestinas ali perto. Era com elas que subiria a Serra. Não via a hora de ser normal.
Mesmo com todos esses sentimentos rondando seu coração e sua razão, Ela não poderia esquecer-se do garoto Louro e do Ser. Nao poderia se apaixonar, nao poderia quebrar a ligação. Ignorância. Precisava de alienação.

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