Meu nome é Marcos. Ou melhor,era. Eu morri há um ano e só hoje pude começar a contar a história da minha vida, dos meus amores, meus sucessos e fracassos. E falar sobre a minha morte.
Não é fácil falar de morte. É um tema pesado. É a maior certeza do ser humano. Cedo ou tarde, você receberá a visita da Indesejada, da Noiva da Agonia.
Mano, eu só tinha 21 anos quando morri. Imaginem a dor dos meus velhos. A coroa até hoje não se conforma. Minha mãe, era a melhor mãe do mundo. Sinto muito falta dela. Ela chora todas as noites. Não é fácil perder um filho, ainda mais um filho único na tenra idade de 21 anos.
Eu não estou nem no céu, nem no inferno. Aqui não é um lugar bom, mas também não chega a ser tão ruim. O que doeu mesmo, foi ver meu corpo todo arrebentado após o acidente, só foi aí que percebi que o corpo é apenas uma embalagem, como um saquinho de biscoitos, o que vale a pena sãos os biscoitos, não a embalagem.
Foi uma batida no muro. Morri na hora. Agora que já passou um ano, acho tudo muito engraçado.
Não me arrependo de nada. Vivi apenas 21 anos 4 meses e 8 dias. Amei. Chorei. Vivi loucamente.
Cara, sinto muita saudade da minha coroa, da minha querida mãe.
Sinto saudade da minha noiva, daquela que seria mãe dos meus filhos.
A gente quando tá vivo é muito otário, mano. Se apega demais. Meu isso, meu aquilo.
Vocês que ainda estão vivos precisam saber, vocês são apenas passageiros em um ônibus ou em um avião chamado VIDA. A gente quando está vivo, acaba se apegando demais.
Amanhã vai fazer um ano que morri. Vou visitar minha coroa e a minha Cíntia. Minha não, tenho que estar preparado para tudo. Ela já deve estar namorando outro. É normal. A vida para eles continua.
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O dia em que morri
SpiritualMeu nome é Marcos. Quer dizer, era. Muito prazer, eu sou um defunto. Vou contar para vocês como foi a minha curta vida, já que morri aos 21 anos.