CAPÍTULO 3 -A MANSÃO ONIL

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CAPÍTULO 3

A MANSÃO ONIL

SOLEDADE

As sete em ponto, o motorista dos Onil veio me pegar na porta de casa. O automóvel o qual ele estava dirigindo era escuro e de quatro portas. Eu sentei no acento de trás e ele fechou a porta para mim. Então seguimos pacientemente em sentido a mansão dos Unil.

O prédio ficava na Zona Sul e era de três andares. Havia um jardim fabuloso, pisciana com águas azuis e uma garagem enorme com dezenas de carros importados e inclusive a limusine que havia levado à senhora Laurence até a minha casa.

Entrei na mansão pela porta dos fundos, acompanhada por uma empregada antiga que tentou me ajudar a carregar a mala. Mas eu recusei a sua ajuda por ver que não carecia disso. Ela estava uniformizada com um vestido preto e avental branco. A sua cabeça estava coberta por uma touca branca.

-Olá, me chamo Marta. Você deve ser Soletude. A patroa já me informou da sua chegada. Venha comigo! Eu irei te mostrar o seu quarto e você terá que vestir um uniforme idêntico ao meu enquanto estiver no seu horário de trabalho.

Passamos por um corredor e chegamos até um quarto pequeno com uma cama de solteiro, um guarda roupa pequeno, um espelho e uma TV pequena.

-Esse é o seu quarto. O meu quarto fica ao lado.

Sacudi a cabeça. Ela continuou afirmando.

-Vista o seu uniforme e venha comigo. Irei te orientar sobre as suas obrigações na casa e a quem você deve se portar no dia a dia nesta casa.

-Ok.

Ela deixou o quarto e eu olhei para o meu uniforme em cima da cama. Havia um vestido preto, um avental branco, uma touca branca, tênis brancos e meias soquetes na cor da pele.

***

Cheguei até a cozinha caminhando ao lado de Marta, enquanto eu amarrava o meu avental na minha cintura, justamente na parte de trás. Olhei para a pia enorme e o fogão industrial enorme. A cozinha era maior do que a casa que eu morava com a minha amiga Ana.

-As refeições são servidas nos horários certos. O senhor Alcino não gosta de atrasos.

Marta explicou e eu continuei olhando para ela com os lábios trancados. As suas orientações eram muito precisas para o meu bom desempenho ali.

-Nós temos três patrões aqui, o senhor Alcino, a senhora Laurene que é esposa do senhor Alcino e o senhor Eric que é irmão caçula do senhor Alcino.

Ela abaixou a voz e se aproximou mais de mim para começar a falar outra vez.

-O senhor Eric perdeu a sua esposa há sete anos e depois disso ele nunca mais se recuperou dessa perda. Ele é esquisitão, vagueia pela casa com um roupão e não faz nada para agradar a Deus. Ele entrou em depressão e não consegue se libertar desse mundo esquisito que ele entrou após a morte de sua mulher. Ele também se tornou alcoólatra.

Fiz uma careta lamentando o estado dele. Mesmo sem conhecê-lo. Pobre homem.

-Você precisa vê-lo. Ele é lindo! Mas está jogando a sua juventude fora atrás daquelas paredes sombrias de seu quarto. O homem não sai dessa casa para nada. Há sete anos que ele não sabe o que é viver. Ele amava demais a sua esposa!

-Você a conheceu?

Sacudiu a cabeça.

-Não. Quando eu vim trabalhar nessa casa, já fazia dois anos que ela havia falecido. Eu nem mesmo a conheci por fotos. Porque o senhor Alcino ordenou que todas as fotografias da falecida Vitória fossem escondidas por causa da depressão do senhor Eric. O médico recomendou que eles se livrassem dos retratos da jovem.

-Ela morreu de quê?

-A pobrezinha morreu de coração. Eles mal tinham se casado e subitamente ela morreu meses depois após o casamento. Dizem que o senhor Eric quebrou essa mansão inteira em uma de suas crises e o senhor Alcino quase o internou em um manicômio pensando que ele havia ficado maluco.

Marta deu-me um olhar apreensivo e preocupado.

-Mas pelo amor de Deus, não comente isso com ninguém aqui e principalmente com os patrões. Eles não gostam de expor o problema do irmão do senhor Alcino para as pessoas.

-Eu entendo.

Fiquei ereta e olhei ao redor, vendo um monte de paredes brancas. Algumas panelas inox penduradas em ganchos abaixo de um armário de parede.

-Eu espero que você se sinta bem nessa casa. O senhor Alcino e a senhora Laurence são patrões maravilhosos! - Suspirou e pausou logo depois. - Apenas o senhor Eric com os seus problemas que costuma nos dar algumas dores de cabeça. Mas tirando isso, ele também não incomoda ninguém.

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