Capítulo 3

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Eu não conseguia responder, mas precisava saber como ela tinha encontrado Luna se nem eu consegui fazer isso depois que ela se mudou. As lágrimas saiam dos meus olhos, meu coração estava acelerado, minhas mãos geladas, senti um suor frio, provavelmente eu estaria mais branca que uma folha de papel, veio a sensação que iria desmaiar, as coisas ao meu redor começaram a perder o foco. Abaixei a cabeça na altura dos joelhos e inspirei o mais fundo que pude, levantei a cabeça devagar e expirei, repeti esse movimento algumas vezes até começar a me sentir menos mal. Percebi uma mão nas minhas costas, a senhorinha estava do meu lado.

- La sensazione che questa ragazza? - (O que esta sentindo menina?) Eu estava zonza ainda, o mundo parecia rodar, entendi o que ela estava falando mas não conseguiria responder em italiano e acabei falando em português mesmo.

- Estou bem senhora. - Falei mentindo obviamente, pois estava estampado no meu rosto que nada estava bem. Tentei me levantar, mas cai sentada no banco.

- Oh claro que não esta bem ragazza. Fique aqui, já volto. - Ela me respondeu em português com um forte sotaque italiano, fiquei surpresa mas isso foi bom porque assim não precisava me esforçar pra responde-la em outro idioma.

Ela foi até sua barraquinha e voltou com uma garrafinha de água, me entregou e envolveu-me num abraço. Foi estranho pra mim, uma pessoa que não conhecia me abraçando, mas retribui era o que eu precisava naquele momento. Ela transmitia calma, paz, segurança, tinha cheiro de rosas, parecia que eu estava abraçando minha avó, era aconchegante. Ainda chorava, mas me segurava para não chorar mais forte. Me afastei do abraço, tomei um gole da água.

- Obrigada. - Falei tentando sorrir em meio as lágrimas. Ela fez um gesto com a cabeça e sorriu também, sua expressão era muito tranquilizadora, olhava no fundo dos meus olhos como se estivessem decifrando minha alma, mas com um carinho enorme.

- Quando quiser falar sobre o que te fez sentir isso estarei aqui pequena ragazza. - Ela me disse, parecia tão íntima que minha vontade era falar tudo que eu vinha segurando a todo esse tempo, mas não podia, me bloqueava, então assenti chorando.

- Obrigada - apertei sua mão e a beijei, peguei minhas coisas coloquei dentro da bolsa e levantei. Encarava o celular na minha mão, precisava saber como Elisa tinha encontrado Luna. Respirei fundo e digitei.

"Estou aqui. Como assim você encontro a Luna??? Onde???"

Narrado por Luna

Os últimos meses estavam sendo os piores da minha vida. Briguei com minha melhor amiga e me afastei dela totalmente, tive que mudar de cidade, arrumei um emprego que não gostava, mas me mantinha nele pra meus pais não acharem que não sirvo pra nada, voltei a ter depressão, e a precisar de remédios, não sabia por qual motivo ainda vivia, já que não tinha motivos pra viver depois que ela se foi. A única que me entendia, me ajudava e não me deixava cair, pois nossa amizade forte foi o que me fez ficar e permanecer de pé. Quase não comia, amigos não tinha, em casa as coisas não iam tão bem, a única coisa boa do trabalho tirando o salário no fim do mês que por sinal não era lá essas coisas mais dava pro básico e pra guardar um pouco no banco, era de passar o dia todo fora de casa, tinha dias que o clima lá era insuportável, só não mudei ainda por causa da minha mãe.

Hoje pedi ao meu chefe para sair mais cedo para a hora do almoço, pois precisava resolver algumas coisas. Ele era um cara rabugento, gordo, careca e estava sempre suado, um nojo e o pior de tudo sempre que olhava pra mim parecia que iria me comer com os olhos. Eu detestava ter que falar com ele, mas dessa vez precisava mesmo, tinha que falar urgente com meu médico psiquiatra porque alguns dos remédios estava me dando efeitos colaterais como náuseas, tonturas e palpitações.

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