Katrina

Dois

As luzes coloridas estavam de volta a minha visão, mas desta vez não era por causa da magia. Desta vez era algo mais real, mais palpável.

Os sons das sirenes estavam em meus ouvidos e tudo o que eu queria era poder abrir os olhos e ver o que estava acontecendo.

Mexi-me desconfortável e deixei minhas pálpebras tentarem se abrir lentamente. Por alguns segundos, esqueci o que havia acontecido naquela madrugada, antes de tudo retornar como uma explosão na minha mente.

O calor.

As chamas.

Caio preso pelo fogo.

Dani inconsciente.

Brice preso sob pedaços do telhado.

Abri os olhos e tudo que vi foi um teto alto, pintado de azul com uma luz branca ofuscante. Onde eu estava? A última coisa que me lembrava era de ter apagado nos limites do bosque. Como eu havia chegado até ali? E principalmente, onde eu estava?

Sentei-me na cama em que estava deitada e olhei a minha volta sentindo um peso sobre os ombros. Eu não podia estar naquele lugar. As coisas em volta me diziam o oposto do que eu desejava ouvir. Eu estava de volta ao dormitório da escola.

Droga!

Mais uma confusão deveria estar sendo colocada no meu histórico escolar.

Procurei meus chinelos embaixo da cama onde sempre os deixava e os encontrei. Definitivamente estava de volta ao meu quarto. Levantei-me um pouco tonta e caminhei até o espelho na parede oposta. Minha imagem refletiu no espelho e franzi as sobrancelhas. Eu estava horrível. Meus cabelos loiros estavam bagunçados e cheios de nós, havia um corte próximo a sobrancelha e meu rosto estava mortalmente pálido. Eu teria que passar muita maquiagem para esconder este aspecto ruim.

Ouvi o som da porta do quarto abrindo e suspirei quando vi quem entrava. A diretora Carson entrou no quarto. Peguei a escova de cabelo da penteadeira e me sentei na cadeira já preparada para ouvir o mesmo sermão de sempre.

- Vejo que já está de pé, Katrina. – iniciou a diretora.

- Alguns têm mais o que fazer além de ficar repreendendo os outros, diretora. - resmunguei dando de ombros e começando a desembaraçar meus cabelos.

- Ainda bem que você já sabe o porquê de eu estar aqui.

- Certamente, eu sei.

- Então, acho que não precisarei dizer o quando você foi irresponsável ao acender uma fogueira em um lugar fechado com garrafas de bebidas, que aliás, eu não sei como vocês conseguiram aquelas garrafas, porque bebidas alcoólicas são proibidas para menores.

E vocês, sem dúvidas, irão receber os devidos castigos por esse delito, eu já conhecia todo o discurso de cor.

- E vocês, sem dúvidas, irão receber os devidos castigos por esse delito. – continuou enquanto eu penteava os cabelos calmamente.

A senhorita, como sempre, está metida em confusões e acidentes que são praticamente mortais. Já não sei dizer se deveríamos comunicar aos seus pais sobre isso, porque pelo que podemos perceber, isso não irá fazer diferença alguma em seu comportamento, tanto acadêmico quanto fora desta academia.

- A senhorita, como sempre, está metida em confusões e acidentes que são praticamente mortais. Já não sei dizer se deveríamos comunicar aos seus pais sobre isso, porque pelo que podemos perceber, isso não irá fazer diferença alguma em seu comportamento, tanto acadêmico quanto fora desta academia.