Quatro

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- Senhorita Benevok, o que a senhorita viu? – repetiu o professor.

Respirei fundo mais uma vez e fechei os olhos. Eu não sabia o que era pior: contar o que havia visto ou me negar a contar e aumentar a pena do castigo. Deixei meu corpo amolecer outra vez e Andrey me segurou com força, mantendo-me de pé.

Voltei abrir os olhos e avistei Jason sorrindo divertido. Soltei um grunhido baixo que eu esperava que ninguém tivesse ouvido.

- Posso me sentar antes? – perguntei tentando ganhar algum tempo.

- Ajude-a a se sentar, Andrey. – instruiu o professor e fui conduzida até a cadeira do professor atrás da mesa. - Senhorita Benevok?

- Me dê um segundo, sim? – pedi e voltei a fechar os olhos.

- Você está bem? – perguntou o rapaz abaixando-se ao meu lado.

- Sim. Só preciso entender o que aconteceu agora. – respondi dando de ombros e respirando fundo mais uma vez.

- Você teve uma visão do futuro. – explicou e afastou alguns fios de cabelos que caiam no meu rosto. – Quando somou aqueles números, você teve o começo de uma visão, só que ela não era uma coisa concreta, era apenas uma sugestão do futuro, mas assim que você multiplicou por dois sua visão se tornou mais exata e agora você sabe o que vai acontecer em um futuro próximo.

- Isso não pode ser verdade. – murmurei baixinho sem querer atrapalhar a explicação do senhor Kiderman sobre como funcionava aquela magia matemática. – Eu sei quando estou vendo o futuro, e isso não foi ver o futuro. Nem o futuro próximo, nem o futuro distante.

- Foi sim. – discordou. – Suas Visões são coisas preliminares, você consegue ver o que vai acontecer, mas elas podem ser evitadas. As visões que os números trazem, não podem. Elas são exatas e um fato como toda conta matemática.

- Oh, meu Deus. – murmurei balançando a cabeça.

- Sua visão foi assim tão ruim?

- Não, esse é o problema. Ela era boa demais.

- Acho que não entendi. – admitiu soando confuso.

- Vamos apenas dizer que minha visão foi de algo particular demais. – expliquei sentindo meu rosto esquentar novamente.

Mais senti do que ouvi o riso de Andrey antes que ele levantasse coloca-se a mão grande sobre o meu ombro e apertando de leve como forma de apoio.

- Senhorita Benevok. – chamou o professor e eu resmunguei baixinho.

- Sim?

- Pode nos contar sobre a sua visão?

- Sabe, senhor Kiderman, não sei exatamente se deveria contar.

- E por quê?

- É algo meio pessoal.

- Conte-nos, senhorita Benevok. – ordenou o professor cruzando os braços em frente do corpo.

- Senhor Kiderman, é algo muito...

- Conte-nos. – repetiu me interrompendo.

- Tudo bem. – desisti e olhei para a turma a minha volta. – Eu estava em um quarto de hotel na primeira visão. Eu fiquei confusa a princípio, não esperava ter a minha mente levada para um lugar assim, então, eu ouvi um barulho de onde deveria ser o banheiro e a porta se abriu... – tomei fôlego e continuei o mais rápido que pude: - Então, um cara saiu de lá usando apenas uma toalha em volta da cintura. Ele caminhou até onde eu estava parada, completamente confusa e me tomou nos braços, me beijando. E depois disso eu estava de volta à sala de aula.

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