Cinco

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Do lado de fora da escola, parada sob o galho da árvore que usei para sair, olhei em volta da rua e sequei as lágrimas que haviam escorrido pelo meu rosto no caminho de volta. Havia sido bom enquanto durou o namoro com Brice, mas havíamos terminado por um motivo: éramos melhores como amigos.

Brice, mesmo antes de virar meu namorado, já era meu amigo e depois que o namoro começou isso pareceu atrapalhar nossa relação de antes. Havia a tal cobrança de namorados e o tal desinteresse dos amigos. Havia coisas que se deveria fazer questão de ter um namorado próximo, mas na minha cabeça Brice era sempre meu melhor amigo e isso me fazia esquecer de ter ele por perto. Depois de algum tempo a relação foi esfriando e nós dois resolvemos voltar ao que éramos de fato: melhores amigos

Usei o mesmo feitiço para fazer o galho da árvore descer e subi nele, indo parar no topo. Comecei a descer, silenciosamente, mas minha cabeça estava em Brice no hospital e isso me distraiu fazendo com que eu pisasse em um galho baixo e fraco que se quebrou sob o meu peso, atirando-me em direção ao chão.

Antes de realmente chegar ao chão, meu corpo se chocou contra um segundo corpo que perdeu o equilíbrio com a surpresa e acabou rolando agarrado comigo para longe da árvore. Quando paramos de rolar pela grama, eu estava prensada contra músculos rígidos e uma respiração acelerada sobrava no meu rosto. Ergui meus olhos para a pessoa que eu havia amortecido minha queda e meu corpo se retesou automaticamente com as lembranças.

- Olha quem está fora do dormitório há uma hora dessas. – comentei abrindo um sorriso divertido e tentando disfarçar meu desconforto.

- E pelo que vejo não sou só eu. – replicou Andrey retribuindo o sorriso e não fazendo nenhuma menção de sair de cima de mim.

- Posso saber o que você está fazendo uma hora dessas acordando andando pelo campus? – perguntei colocando o cabelo para trás da sua orelha fazendo-o parar de roçar no meu rosto.

- Eu sou quem deveria perguntar o que você estava fazendo para cair de cima de uma árvore.

- Sabe como é, as estrelas são mais bonitas vistas do alto de uma árvore. – dei de ombros e sorri inocente.

- Ah, as estrelas. Engraçado, não vi nenhuma esta noite. – observou sem tirar os olhos do meu rosto.

Olhei para o céu acima de nós e constatei que havia sido pega em uma mentira. Não havia sequer uma única, solitária, estrela no céu. Sorri para ele com um ar inocente e disse:

- Isso explica por que eu não conseguia ver nenhuma estrela.

Ele riu e afastou uns fios de cabelo do meu rosto.

- Fiquei sabendo que você foi proibida de sair da escola por algum tempo sem permissão da diretora. Era isso que você estava fazendo? Saindo sem permissão?

- Não conte para ninguém, por favor. – comecei a implorar percebendo que não adiantaria nada inventar outra desculpa, estava mais do que óbvio que eu havia saído escondida da escola. – Se a Dragão Carson descobrir que saí sem permissão, não quero nem saber o que pode acontecer comigo. Posso até mesmo ser expulsa! Por favor, por favor, não diga nada a ninguém.

- Onde você foi? – perguntou sério, fazendo-me tremer toda com a possibilidade de ele poder dedurar.

- Fui ver um amigo. – respondi evasiva.

- Um amigo? Aonde?

- Você está parecendo meu pai. – resmunguei.

- Onde? – repetiu a pergunta sem se afetar.

- No hospital.

- Foi ver Brice O'Riley? Vocês não são namorados?

- Sim, fui ver ele. E não, não somos namorados.

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⏰ Última atualização: Jul 28, 2022 ⏰

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