Capítulo 2.1

3.2K 184 19
                                    

Indomável.


Seis da manhã - Hospital geral de Maryland.

Ela estava deitada na cama do hospital, o seu cabelo preso em um rabo de cavalo, seu rosto estava sereno, e mesmo com tudo o que havia se passado naquela noite ela ainda permanecia linda, só se percebia que estava no hospital devido a intravenosa em seu braço e por seus lábios com pouca cor. Nunca havia sido tão humilhada fizeram testes toxicológicos, mas não foi para procurar veneno como ela gostaria de pensar, tinha certeza de que foi para procurar drogas em seu organismo, e o pior, o que não a deixou dormir durante toda a noite. Peter não havia dito uma palavra, ás três da madrugada ela despertou novamente com um pesadelo sobre dentes vindo em direção a sua face e um rosnado tão alto que a fez acordar, era pior do que sonhar que estava caindo, porque aquele pesadelo era bem real e ela sabia que uma hora ou outra as coisas iam piorar. Quando ela levantou da cama para ir ao banheiro, ele parecia dormir, sentado confortavelmente na cadeira e de olhos fechados. Assim que ela passou por ele, um sorriso discreto e frio alojou-se no canto de seus lábios.

- Onde você vai? A voz dele era de um tom abaixo do agudo, era rouca e ela sempre adorou ouvi-lo, mas agora tinha medo do que ele iria dizer.

- Vou ao banheiro! Porque está me tratando assim? O tom foi ríspido, mas ela queria satisfações.

- Eu tive que levar você para a cama seis vezes em três horas, eu pegava no sono você tentava sair, você estava tão forte e eu com tanto sono. O que houve lá na floresta Mey? Sua voz não soou tão intimidadora quanto ele gostaria, mas era a preocupação falando mais alto.

- Eu andei enquanto dormia? Nunca sofrera de sonambulismo, mas sua mãe jurava que quando era criança corria pela casa em busca de uma janela aberta. Isso explicava o suor no rosto e nas costas, devia ter lutado com Peter para tentar sair. Se sentia cansada e parecia que tinha levado uma surra bem pesada. Agora ele queria saber o que havia acontecido na floresta, e ela ia ter que dizer tudo o que havia visto, não queria lidar com aquela reação, mas não tinha escolha, era aquilo ou perdê-lo, ele precisava saber, era a única pessoa na verdade com quem ela poderia falar.

- Sim, andou! Ele foi breve e intenso. A mão passou pelos cabelos arrepiados, cortados de um jeito único. Aquele era Peter, antigamente ele tinha uma barba mal feita dourada maravilhosa, mas ao voltar aos hospitais, não restou nada dela e ela sempre lamentou não ter impedido-o de tirá-la.

Ela voltou para a cama, esqueceu-se por um momento de suas necessidades e o olhou. Não precisou dizer nada, o homem forte a sua frente já se deslocou e chegou acomodando-se ao lado dela, pegou suas mãos e esperou.

- Não tenha medo de mim! Eu nunca vou falar a ninguém, você Mey é a pessoa mais centrada que eu conheço, pode dizer o que for, não vai mudar o que penso sobre você e sua sanidade. O sorriso frio reapareceu ao final da frase, não havia emoção nas expressões dele, mas tinha compreensão ali, eu podia quase tateá-la.

- Eu estava na trilha como sempre... Forçou a mente para tentar lembrar-se de algo mais. Não faça isto Mey, não diga nada! Sua consciência ordenou e o final da história mudou completamente. - E ouvi algo na floresta, um filhote de cachorro eu acho, corri até lá e com certeza devo ter caído. Quando cai pensei ter visto meu pai, acho que tinha um homem na floresta, não sei direito porque o achei parecido com meu pai, devíamos indiciá-lo, ele não prestou socorro, ou se quer chamou ajuda. Se não fosse você, eu teria morrido ali. Torcia para que desse certo, e ele acreditasse, não que ele duvidasse dela, mas tinha visto suas reações e sabia que algo lá a atormentava e era mais do que um simples filhote de cachorro, ou um homem desconhecido na floresta.

Sangue Alfa Livro I  - Iniciação (SOMENTE Degustação. )Onde histórias criam vida. Descubra agora