"I can show you incredible things
magic, madness, heaven, sin"Atrasado. Harry chegou atrasado em sua primeira aula do seu penúltimo semestre do seu curso de Medicina, mais especificamente de Medicina Cardíaca, mas não haviam muitas pessoas em sua classe, nem mesmo seu professor tinha chegado, com certeza por culpa da grande nevasca que havia caído na cidade.
-Harry hoje vai ter uma festa naquele clube que tem umas quadras distante aqui do campus, e ai ta dentro? Vão ter várias calouras lá cara, e você sabe que carne nova é comigo mesmo
-Não, eu to fora. Lá é cheio daqueles otários e você sabe que eu não curto esses clubes daqui Stephen, não sei porque perdeu seu tempo me convidando pra essas merdas se sabe que eu não vou
-É que você tá com essa ressaca de cão e eu achei que o álcool podia ainda ta fazendo algum efeito no seu cérebro e que talvez você topasse mas já vi que não
-No mínimo eu tinha que estar bêbado e chapado pra aceitar esse seu convite. E também hoje vou sair com a Íris, faz tempo que não vejo ela
-A Íris é uma psicopata cara, não sei o que você viu naquela pirada é até cômico ela fazer faculdade de psicologia sendo que quem precisa de tratamento é ela
-Pode até ser psicopata mas ela sabe o conceito de sexo casual e isso já basta pra mim.Falando daquele jeito parecia até que Stephen acreditava que Harry sentia amor por Íris, além de tesão a única coisa que ele sentia pela menina era pena misturado a algum tipo de afeto abstrato. Íris Anderson era uma riquinha, órfã de pai e com uma mãe workaholic que não tendo tempo para criar a filha entregou a menina na mão dos avós. Íris podia ser o que fosse ou como fosse mas quando Harry se encontrava na lama era ela quem estava lá com ele, sendo quebrando o apartamento inteiro por algum ataque de ciúmes sem nexo ou levando Harry para o hospital no meio da madrugada em mais um dos ataques de asma que o perseguiam. Ele e Íris eram sozinhos, e juntos se entendiam de uma maneira completamente errada, sem rótulo e fora dos padrões mas se entendiam.
"Mudei de quarto, agora meu dormitório fica no prédio V número 112, senti e sinto a sua falta, essa viagem foi tão estupida, NYC só teria realmente sentido se você estivesse ao meu lado..."
Kat não podia acreditar na quantidade de caixas que haviam sido largadas a porta do seu dormitório, suas coisas não podiam ser tantas assim afinal, ela tinha doado milhares de suas coisas pra caridade antes de se mudar pra faculdade. Será que só haviam coisas dela ali mesmo? Kat era cheia de manias e TOCS, uma exigência, uma única exigência ela fez a sua mãe antes de ir pra universidade foi um quarto só pra ela, sua mãe era uma mulher influente e com um imenso poder de persuasão, e o mínimo que ela podia ter feito pela filha era arranjar um quarto só para ela, porém depois de ver várias malas que não eram as suas em frente ao quarto 112, a garota percebeu que sua tentativa de privacidade por pelo menos um semestre havia falhado.
-Hey, você deve ser a Katherin certo? Íris, psicologia, aquário, calor, noite, branco.
Íris era elegante, tinha cabelos loiros e grandes olhos castanhos. O oposto de Kat e seus longos cabelos pretos e lisos e seus olhos verde cinza. Íris se vestia bem, muito bem aliás, usava uma calça de cintura alta branca e uma blusa de seda cor de pêssego, pelo grande conhecimento de Kat a respeito de moda devia ser Prada ou Armani ela ainda não havia se decidido mas sabia que como sua mãe dizia somente aquelas peças de roupa que sua colega de quarto usava podiam alimentar várias crianças africanas e asiáticas da subnutrição, quem diria o guarda-roupa da garota.
-Katherin, Medicina Pediátrica, escorpião, frio, dia, preto.
-Interessante, nós somos os perfeitos opostos, yin- yang, extremamente interessante.
-É pode ser, mas aqui na minha ficha não fala nada sobre nenhuma suposta colega de quarto, sem querer ser grossa mas você não errou de quarto?
-Sim e não, na verdade o bloco do meu dormitório está passando por um processo de reformas internas e por isso eu vim dividir o quarto com você, mas não se preocupe, vão ser apenas duas semanas, três no máximo
-Desculpa
-Tudo bem, eu também não tenho colega de quarto e sei como é incômodo dividir um espaço mínimo desse com alguém, ainda mais com uma desconhecida.
O quarto não era tão grande, era bom o suficiente pra uma pessoa mas para duas nem tanto. O armário ocupava uma parede inteira, havia um beliche e uma pequena escrivaninha na lateral e uma pequena porta, que Kat acreditava ser a porta de um banheiro mínimo. A garota ja tinha decidido que quando a aspirante a angel saísse do seu quarto ela tiraria aquela beliche horrivel e a trocaria por uma grande cama de casal, pintaria aquele quarto e decoraria ele com um ar bem clean.
-Oi Maddie, como assim encontrar você na biblioteca- Íris falava mas Kat não prestava muita atenção, estava mais focada em seus planos arquitetônicos para seu futuro lar durante os próximos anos de sua vida, isso se ela não alugasse um apartamento nas redondezas do campus no próximo semestre pra dividir com alguma amiga ou com um namorado quem sabe, Kat riu com a idéia.
-Então eu tenho que dar uma saída super rápida mas logo eu volto, se você precisar sair também deixe a porta aberta ok? A segurança do campus é a melhor possível e nada vai sumir daqui nem cadáver algum vai aparecer no nosso quarto
-Tudo bem mas por quê você quer que eu deixe a porta aberta não tem risco de sei la algo sumir?
-Não, os prédios do campus são todos bem vigiados não tem com o que se preocupar, eu estou esperando alguém e ele não tem a chave do quarto ainda por isso preciso que você deixe a porta aberta
"Ele não tem a chave do quarto do quarto ainda" O que Íris quis dizer com esse ainda, Kat até ia perguntar mas foi tirada de seus pensamentos quando ouviu a porta se fechando bruscamente. Depois de muito arrumar, começou a pensar em que tipo de azar a aguardava naquele ano, porque já ir chegando na faculdade tendo uma colega de quarto de um certo modo esquisita não podia ser nenhum tipo de sinal de sorte segundo a visão da garota.
-Íris eu to te ligando e to ouvindo o toque do seu celular daqui de fora, atende isso, que porra de saudade fingida é essa que você disse tá sentindo?
Devia ser o tal ele que a Íris mencionou, que só pelo jeito de falar parecia ser mais um daqueles babacas ricos todo engomado que não foi educado bem o suficiente pra saber como tratar uma mulher por mais louca que ela pudesse ser, devia fazer algum curso de exatas e pelo jeito superior que falava parecia ser algum veterano metido que peitava todo mundo.
-A Íris foi na biblioteca encontrar uma amiga e esqueceu o celular. Toma aqui que isso não para de tocar.
-Bom dia pra você também
-Desculpa mas quem quase derruba minha porta com aqueles gritos foi você, aliás o que você é pra Íris?
-Eu to com ela
Realmente aquele era o tipo que definitivamente Kat não esperava que Íris curtisse, bonito sim ele era extremamente bonito, lindo até. Era alto, forte, cabelos longos e cacheados, porém ostentava várias tatuagens e piercings em lugares que Kat nem sabia que eram possíveis serem ocupados por brincos. Vestia uma calça colada cheia de rombos, uma blusa lisa e uma jaqueta que parecia ser mais velha que seu próprio dono. Sem dúvidas um rebelde sem causa, e tudo que a garota pode pensar foi na cara que seus pais fariam se a visse com um tipo daqueles.