"Are we human?
or are we dancers ?"É tão estranho pensar que toda a nossa vida já parece ter sido escrita por alguém melhor, maior e mais apto que nós mesmos, é como se todos os nossos erros e acertos fossem premeditados muito tempo antes da nossa existência vir a tona, e isso faz parecer que mundo é apenas uma grande peça teatral escrita por algum tipo de pessoa com um humor peculiar, que se diverte, ri, chora e fica melancólico vendo a sua própria história ganhar desfechos bons, ruins ou até mesmo infelizes. O que uns seres humanos, digo, atores ainda não tiveram a chance de descobrir é que papel que cada um de nós deve interpretar não é o de coadjuvante ou figurante de algum número qualquer mas quem realmente você deve ser é ninguém menos que o protagonista de sua própria história. Íris foi sempre um standin que viveu a sombra dos acontecimentos trágicos de sua vida e nunca realmente teve a chance de estrelar nada em sua existência, sufocada pelo sucesso em todas as áreas da vida de seus pais a garota cresceu frustrada acreditando sempre que podia ser a melhor e quando eles partiram ela não acreditava que podia ser a melhor, ela tinha certeza que seria a melhor.
-Hey, desculpa pelo Harry soube do que ele fez aqui e prometo que isso não vai voltar a acontecer de novo- Íris dizia pra sua colega de quarto que havia acabado de entrar no dormitório, por incrível que pareça a garota parecia menos revoltada agora.
-Tudo bem, eu também não fui tão educada com ele assim é compreensível que ele tenha me tratado daquela forma.
-Ele não faz por querer sabe? Ele é apenas mais intenso que a maioria das pessoas.
-O que os seus pais acham do comportamento intenso dele? Não que a opinião dos seus pais importe pra você porque sabe você já está na faculdade e não parece ligar muito pra opinião alheia, mas minha mãe ficaria louca se eu saisse com um tipo como ele.
-Meus pais morreram mas acredito que eles ficariam felizes eu acho, meu pai amaria ele mas não admitiria isso nunca, eles compartilham o mesmo espírito livre, já a minha mãe iria nutrir algum tipo de queda por ele assim como a minha avó nutre.
-Ah.. eu não sabia sobre seus pais é que eu sou acostumada aos filhos enterrarem os pais não ao contrário, desculpa.
-Não faz mal, acho que todos são acostumados com isso afinal essa é a lei da natureza pena que ela não se cumpre na vida de todo mundo, mas e os seus pais?
-Meus pais são pais normais, vigiam meus passos, querem mandar no meu futuro e parecem me odiar mas dizem me amar, nada demais o de sempre.
-E irmãos?
-Não tenho, quer dizer tenho, todas as crianças asiáticas e africanas abaixo da linha da pobreza e da desnutrição podem ser consideradas meus irmãos e irmãs.
-Ok..
-Vou ser mais explícita, meus pais são médicos especialistas em medicina cardíaca mas amam crianças especialmente as pobres, e eles partem em missões humanitárias pra Ásia e África pra salvar todos esses coitados da fome.
-Isso seria lindo se não fosse infeliz.
-Suas aulas começam na quarta também?- Kat mudou rapidamente o assunto não querendo prolongar mais a conversa sobre sua suposta família perfeita, ainda mais com alguém que ela havia acabado de conhecer e em circunstâncias digamos que não desejadas.