Lira do inferno

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Hoje em dia quem escreve poesia é poeta vagabundo,
Um desocupado que escreve por escrever, porquê no final
Das contas, quem é que vai se propor a ler poesias
Feita por alguém que não tem mesmo o que fazer da vida?

Hoje em dia o poeta cava cada vez mais fundo
Para ser reconhecido, e mesmo quando recebe um prêmio de total
Reconhecimento de sua obra, bem lá no fundo sabe que fantasia
É acreditar que alguém lerá sua obra, além dos próprios poetas, no corre-corre do seu dia a dia.

Se ser poeta é mesmo um dom, então por quê mais ninguém
Compra livros do Camões, ou do Drummond, ou do Fernando Pessoa?
Se ser poeta é tão bom assim, por que mais ninguém para e lê um poema?
Mais fama tem as prostitutas de esquina, do que o poeta embusca da rima perfeita.

Hoje em dia ninguém mais lê nem mesmo papel de propaganda,
Não se importam mais com os bons romances como Dom Casmurro,
Nem com os clássicos como os livros de mistério de Sherlock Holmes, ou os livros de contos
Dos irmãos Green, porquê agora nós temos a Disney, onde todo final é feliz.

O máximo de leitura que têm-se hoje são as letras na tela do computador,
E as da tela do celular, fazendo os casais terminarem via celular,
Com uma única mensagem no facebook, ou no WhatsApp, dizendo que querem se separar
Pelos motivos mais idiotas, e ninguém mais se fala, não há mais calor humano.

Sociedade da promiscuidade, onde tudo e todos se trancam em suas casas,
E quando saem ficam cada um no seu canto nas redes sociais,
E qualquer perturbação é um disturbio, uma doença,
E coitadinho, ele/ela tem problemas, precisa procurar o médico,
Vou dar a ele/ela o telefone do meu médico, para ele te dar uma caixa de tarja preta.

No passado já existiam vários problemas, e ninguém ia ao médico
Dizer a ele que precisa de remédio, porque tem dores de cabeça,
O peito doi, e sente muito solitário, resolvia-se as coisas na raça,
E ninguém morreu tão cedo por causa disso.

A indústria Química está lucrando rios de dinheiro com anti-depressivos
E remédios para aliviar o efeito de outro remédio,
Um dia inventam o remédio que lhe assegurará a felicidade plena
E todos os idiotas vão ir comprar com urgência pagando o que for.

A Polícia troca tiros com o bandido que mora atrás da sua casa e no final da sua rua,
O juiz bate o martelo libertando o estuprador e o psicopata,
Porque coitadinhos, eles são doentes mentais,
Eles precisam de ajuda, e ainda existe aquele que diz que eles merecem viver livres;
Os demônios devem estar fazendo um coral lá no inferno, comemorando sua ascensão.

O advogado defende com unhas e dentes o criminoso, para aliviar sua pena,
O Governo coloca dinheiro dentro das calças e joga toda a poeira debaixo dos tapetes,
Os políticos sorriem e acenam em público, prometendo por mudanças,
Só para mais idiotas ajudarem seu partido a vencer nas eleições.

Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá,
Na política só tem roubalheira, e a justiça nunca enxergou tão bem,
O criminoso nunca ficou tão feliz com as leis que o ajudam a fazer seu "trabalho",
Enquanto os artistas travam uma eterna batalha contra todo essa lixo que se chama sociedade.

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