O trem da vida

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Rostos tristes andando na multidão,
Não se pronuncia uma única palavra,
Todos choram, todos se entreolham;
E por alguns segundos, a desarmonia é a causa dessa perfeita harmonia.

O dia nunca esteve tão sem sabor, tão cinza,
O vento cheira a flores murchas, o céu não é mais tão azul,
E quando olhamos para trás percebemos quantas
Palavras não foram ditas, e como as cinzas o vento asoprou o que não foi dito.

Não podemos saber como será dia de amanhã,
Mas sabemos que toda a lágrima que cair, nunca terá sido em vão,
Sabemos que toda a lágrima que cair, vai ficar na memória,
Porque a memória o vento não pode asoprar.

E o tempo passa, mas quem passa por nós
Deixa um rastro de luz, uma trilha de pegadas mais únicas do que digitais,
E mais eternas do que o próprio tempo; e do retrovisor vemos
Como o tempo passou, e aquela paisagem ficou para trás, vislumbrada no espelho da vida.

Você era um sonho, e quando o sonho se desfez nas areias secas da ampulheta da vida,
Percebemos como desperdiçamos tempo com coisas efêmeras,
Como perdemos a oportunidade de olhar para o outro e entoar alegremente: "Oi, como está você?",
E quando pensamos que você andou entre nós o tempo todo, e não Aproveitamos o bastante, sabemos que o coração vai doer, e o peito vai apertar.

Procuramos te lembrar como um ser de luz, que cativou mentes e corações,
Que nos envolveu com sua luz, com seu sorriso,
E quando a hora chegou, você apenas sorriu sinceramente,
E encarou a situação como ela realmente era.

Você deve estar sorrindo com os anjos em algum lugar, assistindo-nos
Lembrar de cada lembrança, de cada momento,
Por que nessa hora, percebemos como a vida passa,
E esse trem anda a todo vapor, alguns embarcam e outros desembarcam,
E ninguém nunca sabe em qual estação vai descer, até chegar lá.

E enquanto esperamos para desembarcar, notamos os outros passageiros ao nosso redor,
E para passar o tempo, nos deixamos envolver pela luz de cada um,
Nós rimos e choramos, encontramos e desencontramos,
Corremos com nossas bagagens pelos vagões, dizendo oi e dizendo adeus, e nunca nos esquecemos do que há em cada vagão.

Espero que os anjos guardem sua alma, e seu sorriso,
Para que toda vez que você quiser chorar, você tenha o riso,
Eu espero que o amor reine em sua mente e em seu coração,
Para que uma pessoa com tanto amor como você tem, possa levar o amor para onde houver o ódio.

Nunca somos bons com despedidas, e talvez isso seja um sinal
Nos dizendo que não precisamos dizer adeus, porque não vale a pena pensar nas coisas como rochas firmes e imutáveis;
Porque o trem vai continuar andando, e nós vamos continuar sem saber em que estação vamos descer,
Mas sabemos que o fato é que nós vamos descer em algum lugar.

Então o manobrista para o trem, e diz o nome da estação,
O bilheteiro pede o bilhete, e quem tiver o bilhete dourado pode desembaracar,
E nas bagagens, encontramos apenas memória,
Porque não podemos levar ouro, não podemos levar nenhuma riqueza dessa terra.

E quando vejo você desembarcar, você sorri e acena, com olhos brilhantes e a alma cativante;
E só ai damos o devido valor a vida, só quando ela bate na nossa porta
E vemos como as coisas são passageiras, porque como a carne, nada é eterno,
E o tempo tem que passar para todos, como o sol nasce para todos.

Você finalmente deixa o trem, e quando este volta a andar, vejo a sua imagem ficar distante,
Até que você desaparece no meio da multidão,
Mas ainda há um lugar, onde você está para sempre,
E esse lugar fica nas nossas mentes e corações.


Eu dedico essa poesia a uma pessoa incrível que iluminou muitas vidas, como o Sol ilumina os planetas, e hoje, descansa debaixo das asas do Altíssimo: Andressa de Oliveira Cerqueira, que Deus a tenha.

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