• Capítulo 2 •

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Atlanta 28 de Julho

'Senti o vento forte bater contra meu corpo, e percebi que estava caindo. Mas o chão nunca chegava, era apenas o imenso céu azul com nuvens e tinta laranja perfeitamente espalhadas me lembrando o pôr do sol.'

Acordei e com o impulso do sonho me sentei na cama, não exergava muita coisa. A única iluminação era a luz da lua que entrava pela janela, todas estavam dormindo, até mesmo Amy parecia estar dormindo. Me deitei novamente ainda alerta pensando em qual seria o final, o mais provável era que eu me abraçasse com chão, com o tempo o sono tomou conta do meu corpo e voltei a dormir.

'Foi quando finalmente enxerguei o chão, entre o desespero e as lágrimas descendo sem meu controle, procurava algo ao redor pra me segurar. Então encontrei os olhos com que raramente apareciam em meus sonhos, eles me protegeram e o chão jamais chegou por que me mantiveram flutuando.'

Quando levantei pela manhã fiquei a maior do café pensando nesse sonho e em por que sonho com esses olhos? Estou ficando louca! Sonhos, esses sonhos malucos não se tornam realidade.

- Summer, você está tão quieta. É por que vou embora?

- Desculpe Amy estou um pouco fora de órbita hoje.

- Percebi, então vai me ajudar a arrumar minhas coisas? São poucas mas quero levar todas comigo.

- Sim.

Amy vai embora amanhã, estive pensando tanto nos últimos acontecimentos que nem me dei o luxo de pensar que ficarei sem minha melhor amiga, ela vai pra longe talvez não nos veremos mais, o que acabou me deixando triste. Ela é minha melhor amiga, minha irmãzinha.

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Atlanta 29 de Julho

Ela já estava com a mala dentro do táxi, eu não tenho permissão para ir junto, ninguém tem. Agora é o mais difícil: a despedida.

- Você vai fazer muita falta maninha. Obrigada por estar aqui pra mim.

- Oh Summer, eu sei também vou morrer de saudades! - Me deu um abraço de urso quase me sufocando - Ok, isso não é o fim da nossa amizade, vamos ficar longe mas isso não significa que a nossa amizade vai ter mudado. Pode ser que nossas vidas tomem rumos diferentes mas vamos nos ver, até por que você sabe que quero fazer faculdade e farei tudo pra conseguir. - Sonhos, metas dela, são possíveis.

- Com toda a certeza vai. Sempre estarei com você, não importa suas decisões boas ou más, você sempre estará aqui - Apontei para me coração e ela fez o mesmo, ela é minha família, espero que quando ela encontrar amigos  à amem assim como eu. amo. Talvez isso sejá uma boa mudança pra o achar outros amigos, mais amigos, talvez ver além dos mesmos horizontes. Minha vida é cheia de talvez!

- Adeus Summer! - Me deu um último abraço e entrou no carro com lágrimas brotando, imagino que nos meus também mas consigo aguentar.

- Adeus.

Por que o adeus doí tanto, ao ver o carro finalmente ligado. Olho para Amy que tem felicidade e independência aparentes. Uma promessa. Um futuro a ser descoberto.

- Grandes coisas estão por vir Amy! - Sussurrei, percebi que ela conseguiu entender. Um sorriso fofo cresceu como agradecimento e eu o retribui, o carro saiu a levando pra longe, para uma nova vida. Quando termino de subir todos os degrais e sento neles, apenas respiro fundo desejando o melhor a minha melhor amiga, olho pra cima percebo que o sol está se pondo, por um tempo fico observendo toda aquele espetáculo de cores e absorvendo toda aquela paz que recebi naquele momento.

- Olá docinho!

Abro meus olhos assustada, os quais nem percebi que estavam fechados. Olho para as figuras a minha frente, na verdade estou no topo dos degrais do orfanato e eles no final. Sempre tive raiva desses babacas, que na maioria das vezes me dão pena por não ter mais o que fazer. Graças ao bom Deus não tenho de conviver com meninos aqui.

- Se me dão licença, tenho muita coisa pra fazer - Me levantei tirando o pó da minha roupa, e fui para o portão.

- Ora, vamos conversar um pouco, você é uma linda freirinha.

- Vai pro inferno Arthur! Deixe a garota em paz.

Virei a cabeça para poder ver quem falou e vi o "Arthur" subindo a escada. Não me preocupei com os pedidos dele, entrei e caminhei sem olhar para trás, sei muito bem quais são suas intenções. Olhei as horas no simples relógio que está sempre comigo assim como o colar, tenho ele como um talismã, por exemplo sempre que preciso ficar calma toco na pedrinha azul e me concentro em boas memórias, e tudo fica bem. Quase sempre.

A pequena sala de música deve estar desocupada, preciso ocupar minha mente ou vou lembrar que minha melhor amiga foi embora e vou começar a chorar, o que vai acontecer mais cedo ou mais tarde. Por hora prefiro adiar isso com a música, minha segunda melhor amiga. Amo tocar instrumentos, pelo pouco que sei, gosto da sensação.

Caminhei pelo pátio, depois pelo corredor do orfanato, e subindo escadas. Só agora percebi o quanto esse lugar é pequeno comparado ao número de crianças. Entrei na sala que como previsto está vazia, peguei um laço do bolso do meu velho cardigã branco, juntei as mexas vermelhas em um rabo de cavalo e peguei o violino. Descansei a parte inferior das costas do violino em minha clavícula e o prendi no lugar com a mandíbula. E comecei tocando o arco nas cordas, me permiti fechar os olhos e deixar a música desajeitada fluir.

As imagens foram surgindo na minha mente, uma família feliz brincando no bosque o vento quente batendo contra pele. Os varios pássaros cantarolando balançando as árvores, as folhas amareladas cobrindo o chão, as lembranças de Amy indo embora, a mulher que senti que  conhecia, mas nunca mais voltou, assim como minha mãe. E por fim os olhos castanhos, vou definir por castanho pois é o que predomina aparente.

Uma última nota no violino e fim.

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Se você está gostando da história quer que ela continue e é uma pessoa legal, aperta ai a estrelinha! Meus sinceros agradecimentos ★♥

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