02 || Carlos Eduardo Monte ✔

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CAPÍTULO II

_E aqui fica seu quarto.

  Aponta para a porta branca com uma maçaneta dourada enquanto murmura Lúcia, a empregada da casa.

   Na verdade é muita modéstia chama-la de casa. Tratava-se de uma mansão, aliás não é para menos, seu dono é o milionário mais jovem do ramo de eventos, tudo em todo o espaço esbanjava prepotência, clássico requintado era obviamente o estilo de Horan.  Quadros abstratos em tons quentes na parede e os aparelhos digitais eram as únicas coisas que não pareciam vir da idade média. Era de encher os olhos! Ainda mais eu que sempre gostei de arquitetura e urbanismo.

   Lúcia agradou-me de cara, mesmo com a evidente idade avançada ela ainda é conservada.  Com pele  alaranjada -semelhante ao bronzeamento artificial- as rugas não apareciam tanto quanto deveriam, seus cabelos negros davam um aspecto leve a ela, olhos estreitos e pretos iguais a uma azeitona cativam a qualquer um. Mas sua expressão é sofrida, de alguém que muito trabalhou nessa vida, mas não deixava de ser bonita.

_Obrigada tia Lúcia. - Agradeci brevemente com um sorriso, mas ainda sim temendo que ela achasse falta de respeito de minha parte tamanha ousadia de chama-la de tia, um costume bem comum no Brasil, mas as vezes esqueço que não estou em minha terra natal. Ela então sorri de lado me confortando.

_ Fique a vontade, a casa é sua. -Então saiu corredor a fora.

     Eu havia acabado de buscar minhas poucas coisas em uma kitnet na periferia da cidade que aluguei a algum tempo para passar alguns dias antes que eu arrumasse um emprego e uma moradia fixa, era o que minha poupança podia pagar. O que restou das minhas lembranças estavam em apenas três malas e uma mochila, suspirei em desgosto, meu pai definitivamente estragou tudo.

      A parte boa de tudo foi que, o  motorista, Senhor Rodolph me ajudou com tudo e me levou para um pequeno tour pela cidade. Foi um tanto divertido. Não riria tanto se usasse o Google maps.

  Abro a porta lentamente deixando-me maravilhar outra vez hoje enquanto observava o local, branco com detalhes em roxo, flores fofinhas pintadas nas paredes, móveis igualmente finos e colchoados claros, como se fossem tecidos a mão e o que mais gostei: Uma penteadeira.

Talvez fosse porque quando criança, fui bem menininha e adorava bonecas e coisas cor-de-rosa, iguais às princesas.E naquela casa, naquele lugar era tudo tão delicado e refinado. Era como se eu tivesse finalmente encontrado meu castelo. O meu próprio castelo.

Ainda assim no fundo do quarto estavam umas cortinas de cor bege. Aproveitando que fui deixada sozinha aqui, tomei a liberdade e a abri. Por detrás destas uma porta de vidro corrente que dava em uma varanda com uma vista maravilhosa para o jardim e parte da piscina, e logo a frente um vasto jardim, seguido de uma extensa cerca.

  Explorando ao redor da cama me deparo com outras duas portas que não sequer notei a existência. Abri a primeira, era um mini quarto com prateleiras, repartições e cabides, todas minhas roupas estavam ali. Deve ser o tal closet. Ri-me. É maior do que meu antigo quarto. Mesmo bem de vida, nunca pude ter esses luxos. Já que isso geraria desconfianças. E na outra porta, deduzo ser um banheiro, - talvez porque havia um vaso sanitário, uma pia embutida com um espelho, um armário um pouco ao lado onde encontrei toalhas e coisas de higiene pessoal, até um box, e como estava aberto deu para analisar a enorme banheira.

Sorri feliz da vida.

   Corri saltitante até pular na cama de casal super confortável. Naquele momento me senti uma criança de cinco anos que acabou de comer muito algodão doce, e agora está com muita energia no sangue.

Barriga De Aluguel || N.H ||Onde histórias criam vida. Descubra agora