{ Beings Hunters - livro 1 }

~ Quatro ~

Minha mente girava, honestamente, estava totalmente confusa sobre a situação anterior. O que eles queriam de nós, afinal?
Logo pude perceber que deixava a sala de palestras em meio a devaneios, perguntas circulavam em minha mente sem uma devida resposta.
Respirei fundo e empurrei a porta que me separava de meu novo dormitório.
Logo que ergui a cabeça pude ver minha companheira de quarto.
Seus olhos castanhos incrivelmente claros e seus cabelos da mesma cor eram de ser invejados.
Poderia julga-la somente em sua aparência e dizer que era de se esperar um forte gênio. A observei até ir de encontro a minha cama.
- Olá, sou Charlotte Verlac, nova estudante, me chame de Lotte - Sua voz era pura e angelical.
- Oi, Sou Isabelly, me chame de Belly.
- Está acostumada a caçar que tipo de seres? - Ela era espontânea, perguntava e falava sem ao menos pensar, poderia considerar isso um defeito, mas para mim era mais uma qualidade.
- Humm, talvez sereias. Não tenho certeza - Confessei, em parte era verdade.
- Sou ótima na caça a Kanimas
- Como? - Aquele nome era desconhecido, pensava que poderia ser um tipo de ser mais perigoso.
- Nunca ouviu falar? Tenho certeza que aprenderemos logo sobre eles, não conseguiria lhe explicar - Seu sorriso era contagiante, logo me motivou a sorrir também.
- Verlac seu sobrenome certo? Tenho certeza que já o li em algum lugar.
Lotte abaixou a cabeça, acho que falei algo errado.
- Desculpe - apressei-me a dizer.
- Não é nada, só um passado perturbador, mas já passou - Ela forçou um sorriso.
Um silêncio desconfortável atravessou e se apossou do local, por ora Lotte olhava pelo canto do olho para a porta como se analisasse suas opções para deixar aquela situação para trás.
- Bom, eu realmente estou muito cansada - Lotte disse atravessando o cômodo e sentando em sua cama.
- Boa noite, vou dar uma passada no pátio e já volto - Sorri.
- Tudo bem, boa noite - Ela se cobriu.
Apaguei a luz e deixei o local.
Ao chegar ao pátio, as luzes o cobriam como uma árvore de natal. Isso era uma das coisas que eu mais gostava de lá, a aparência era tão alegre, ficava tão hipnotizada que me ajudava a esquecer por um tempo de tudo.
Os sofás cor de vinho estavam colocados em todos os lugares ao redor da grande lareira acessa, que esquentava o local com rapidez.
As grandes janelas que iam do chão até o teto cobriam uma boa parte do salão, haviam alguns quadros em alguns lados das janelas.
Uma agitação cobria o pátio, várias pessoas ainda acordadas rondavam o mesmo, ou procuravam alguém ou só queriam se ocupar antes de dormir.
Algumas pessoas sonolentas por ora passaram ao meu redor indo direto ao piso 5 - dormitórios.
O piso era coberto de carpete negro, o que destacava os sofás cor de vinho. Aquele lugar me trazia harmonia e felicidade, Luh retirou-me dos meus mais profundos devaneios ao assobiar ao meu ouvido.
- Não precisava disso, você sabe como eu odeio que pessoas assobiem no meu ouvido - Resmunguei.
- Eu sei que você odeia, é por isso que eu faço - Ela falou sentando em um dos sofás.
Revirei os olhos.
- Chata - Mostrei a língua.
Agora ela havia revirado os olhos.
Sentei ao seu lado e fiquei a observar uma das janelas que mais me chamava atenção. O verde da floresta era intenso mesmo exposto a escuridão, temia o que poderia encontrar lá.
A vezes não pensava em como a caça poderia ser perigosa, estar exposto a um ser assassino era horrível.
Observei aqueles olhos azuis, ela estava literalmente na minha cara.
- O que você está pensando? - Luh perguntou.
Ri
- Nada demais - Sorri.
- Então...
- Espera, queria lhe perguntar uma coisa - Disse ao lembrar da palestra de mais cedo - Aquela palestra... O que você quis dizer com a execução de alunos?
Ela engoliu em seco, então ela sabia
de algo e não havia me contado?
- Bem - Antes que pudesse terminar a frase, uma ruiva adentrou as pressas o pátio.
- Belly! - Naah gritou, ela estava vermelha.
- O que aconteceu? - Me levantei bruscamente.
- Um garoto do estágio 5 acabou de ser atacado. Falaram que você o conhecia.
Engoli em seco.
Segui Naah por um bom tempo até que pude avistar uma figura loira deitada no mármore do corredor.
- Aí meu deus - Luh ficou perplexa.
Logo pude perceber o porque, aquela figura era Albert.
Eu realmente o conhecia já que Luh fez questão de nos apresentar, mesmo só o tendo visto uma única vez eu ainda fiquei chocada, os ataques haviam cessado a mais de 100 anos.
- Quem o fez? - Perguntei.
- Um Kanima - Um dos guardas da escola respondeu.
Engoli em seco, sabia exatamente quem poderia nos ajudar.

- Ele vai ficar bem, Albert é forte. Logo vocês poderão se encontrar novamente - Minhas palavras saíram de meus lábios e flutuaram de encontro ao vento, pareciam tão vazias.
Ela soluçou várias vezes, enxugou suas lágrimas com as mangas de um moletom esmeralda e me olhou.
- Kanimas, os seres me parecem perigosos - Ela soluçou mais uma vez.
- Lotte vai nos ajudar - Sorri.
- Quem? - Seus olhos estavam com a expressão confusa, eles brilhavam. Eu podia enxergar a dor dentro deles.
Não respondi, puxei ela do sofá, confiante a guiei até Lotte.
Ela continuava relutante, seus olhos olhavam fixamente a parede a seu lado, enxergava as lágrimas.
- Lotte - Sussurrei.
- Belly! - Ela enxugou as lágrimas e olhou para Luh como se temesse algo.
- Essa é uma amiga minha, Lotte. Não temos tempo, preciso que me fale tudo sobre os Kanimas.
Ela ficou ereta e se levantou, abriu um baú desgastado aos pés da cama e retirou um livro coberto por couro.
- Uma adaga de prata, mergulhada a mata lobo líquido atravessada em seu coração, mata o Kanima - Ela me entregou o livro.
Temerosa, o abri.
Várias palavras ganharam sentido assim que as observei com mais precisão:
O Kanima é aproximadamente o tamanho de um macho humano médio e coberto de escamas, ele tem uma longa cauda preênsil e pode subir paredes como algumas variedades de lagarto. Suas garras são longas e secretam veneno que pode paralisar as vítimas durante horas.
Parece curar-se muito rapidamente, tendo várias balas no peito, recupera-se e retoma à luta.
Um Kanima possuí um mestre que o comanda e o controla, um Kanima é um ser humano transformado. Quando ele mata na forma dessa criatura ele não tem consciência.
Além das garras venenosas, a calda tem um ferrão que igualmente possui veneno e paralisa a vítima
Paralisado, se realmente um Kanima atacou Albert talvez seja isso.
- E a paralisia, dura quanto tempo? - Luh perguntou relutante.
- Depende, normalmente ele não se importa em paralisar e sim matar.
Instantaneamente Luh corre para fora do dormitório, ela não merecia tanta dor.
Se Albert morreu, uma parte dela irá morrer também e nunca mais irá existir.
                     *-* *-* *-*
Oi oi oi marshmallows
Capítulo dedicado a: corujasesonhos que é minha amiga e ela seria a Lotte *-*
Enfim
( na mídia está a foto do Kanima... '-' )