Eu acordei de súbito, as lágrimas chegando à superfície. Não era justo! As duas opções eram praticamente inaceitáveis. Na primeira, alguém morreria para que Lissa ficasse sã. Na outra, arriscaríamos a vida de um de nós para salvá-la. Eu daria minha vida por ela facilmente, mas não era fácil assim. Eu tinha muita coisa em jogo.
Eu solucei alto e não pude conter as lágrimas que vinham em uma torrente. Não era justo! Talvez Oksana fosse a que mais conhecesse sobre o Espírito, então ela provavelmente estava certa. Não havia outro jeito.
Sei que Lissa não aceitaria, nem mesmo eu aceitaria, ninguém aceitaria, matar um usuário de Espírito para salvar Lissa. Eles eram tão poucos e era perigoso demais extinguir um dom por uma pessoa. Além do mais, era a morte de uma pessoa, de um moroi. Nós, dhampirs, fomos treinados para colocar a vida dos moroi acima das nossas.
Mas colocar a vida de um de nós em perigo para criar um laço é perigoso. Quando meu laço e o de Lissa foi criado, tínhamos acabado de sofrer um acidente de carro. Eu estava morta, mas Lissa me trouxe de volta com Espírito e o laço foi criado. Nesse dia, ela perdeu o pai, a mãe e o irmão.
" O que houve?" Helena apareceu na minha porta de pijama. Sua cara de sono e seus olhos quase fechados me diziam que eu a havia tirado da cama.
" Oksana me visitou no sonho." Eu disse, minha voz tão baixa que me surpreendeu que ela tivesse ouvido.
Seus olhos se arregalaram e ela se sentou ao meu lado. " O que ela disse?"
" Que o único jeito de salvar Lissa é matando um usuário de Espírito e armazenando sua essência num amuleto. " Eu pausei, engolindo em seco com a idéia. " Ou criar um novo laço com alguém. Para que a pessoa puxe a escuridão dela. "
Helena ficou imóvel por um momento, sua expressão ilegível. Então ela suspirou. " Isso é inaceitável. " Ela disse, soando responsável e mais velha do que era. "Uma vida não pode ser desperdiçada e nem outra arriscada. Tem que haver outro jeito."
Suspirei. " Não acho que tenha. "
Ela mordeu o lábio e esperou, pensando. " Talvez haja. Mas preciso voltar para a Corte para testar. Vou precisar de Adrian e Sonya comigo." Sua voz era dura e decidida.
Assenti. " Muito bem. Quando Dimitri e Mikhail voltarem, partimos para a Corte."
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Depois de quase dois dias, eles chegaram. Abracei e beijei Dimitri, feliz por ele estar bem. Contei para ele sobre Oksana e as "soluções" dela. Os dois ficaram intrigados e se recusaram, momentaneamente, a aceitar alguma coisa concreta.Helena lhes disse que deveriam voltar para a Corte, porque ela queria tentar algo, mas manteve suspense durante todo instante, se recusando a revelar a idéia.
Como eles haviam chegado na hora do almoço, resolvemos sair no dia seguinte para pegar um trem direto para o aeroporto.
Helena quis conhecer Baia com Viktoria e me chamou para ir junto. Nós três paramos numa pequena sorveteria, onde paramos para nos refrescar. E foi aí que eles entraram.
Um grupo de morois, cerca de quatro deles, entrou na minúscula sorveteria, trajando roupas finas demais para uma cidadezinha. Todos pareciam ter vinte e poucos anos e eram estranhamente belos.
O do meio, o que eu achei particularmente bonito, varreu as mesas e seus olhos pararam na nossa. Ou melhor, em Helena. Ele sorriu e se aproximou, se sentando ao meu lado, de frente para ela.
" Olá beleza. Como se chama?" Ele perguntou, com a voz mansa.
Ela grunhiu. " Você cheira a luxúria e álcool. "
Ele riu. " Esperta. Mas será que é esperta o bastante para recusar meu convite para uma festa?" Ele ergue as sobrancelhas, numa deixa para ela.
Ela riu com escárnio. " Sim, sou esperta o bastante. Mas se faz você se sentir melhor, posso mentir ao dizer que foi a coisa mais difícil que já fiz."
Ele ergueu a sobrancelha, admirado. " Muito bem, princesa, mas saiba que o velho Hek não desiste fácil. "
Ele piscou para ele e se levantou, partindo com seu grupo. Viktoria riu. " O que foi isso?"
Eu a acompanhei. " Não sei, mas ele ficou interessado nela, não é Lena?"
Ela deu de ombros e jogou o cabelo para o lado. " Quem pode resistir ao charme do sangue Mazur, hein Rose?"
Eu ri. " Verdade. Mas acho que vocês duas deveriam ir à tal festa. Precisam de diversão. Pode chamar Nikolai para ir também, Vika." Usei o apelido russo de Viktoria, mas meu sotaque saiu levemente distorcido, o que a fez cair na risada.
" Bem,senhora, talvez eu a leve para a festa. Ela precisa desencalhar um pouco." Viktoria riu.
Helena revirou os olhos. " Vocês são tão chatas. Mas tudo bem, eu vou."
Terminamos o sorvete e partimos para a casa. Cerca de quinhentos metros da casa, eu senti a bolsa estourar e eu dei um grito, tanto de surpresa quanto de dor.
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Royal Darkness
RandomSe você não leu o sexto livro de Vampire Academy, sugiro que leia antes de ler essa continuação. Contém spoilers. Segundo livro da minha continuação para o sexto livro de Vampire Academy. Quando a escuridão de Lissa começa a demonstrar sinais de...