4-Rússia

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Estávamos desembarcando no aeroporto de Pulkovo, na Rússia, perto das duas da tarde, no horário humano. Com Dimitri ao meu lado e Helena e Mikhail atrás de nós, descemos do avião.

Para a sorte de Helena, não havia sol, e sim nuvens cinzentas. Dimitri suspirou e sorriu. Ele estava quase em casa.

"Muito bem. Abe tem um carro para nós lá fora. Depois disso, pegamos um trem para Omsk e depois pegamos carona até Baia, para a sua casa, Dimitri. Tudo bem para vocês? " Helena peeguntou.

" Sim. Minha mãe ficará feliz em nos ter lá. " Vi o sorriso torto no rosto dele e o sotaque russo se agravou ao dizer essas palavras.

Seguimos pelo aeroporto até a área de desembarque. Um homem, dhampir, de terno segurava uma placa com o meu nome. Ele nos levou até um carro no estacionamento e nos levou até a estação de trem. O dhampir era quieto, quieto demais.

Pegamos um trem e pegamos três cabines, uma para mim e Dimitri, outra para Lena e uma para Mikhail. Quando finalmente consegui deitar, o trem já estava partindo.

" A viagem vai durar cerca de 30 horas. Então é bom gostar do trem. " Dimitri disse enquanto arrumava nossas mochilas.

Gemi e coloquei um braço nos olhos. " Bom saber. Adoro viagens longas."

Ele riu e deitou na cama. Apoiei a cabeça em seu ombro. " Animado para ver a família? "

Ele sorriu. " Sim. Tenho saudades deles. " Ele brincou com uma mecha do meu cabelo. "Nós poderíamos nos mudar para Baia em breve."

Eu engasguei com o ar. " É sério? "

Ele riu, ou melhor, gargalhou. O som fez meu coração boiar em felicidade, já que ele não o fazia muitas vezes, aproveitei o som de seu riso. " É brincadeira. Nunca pediria para você ficar longe de Lissa. Temos trabalho na Corte."

Eu suspirei. " Poderíamos visitá-las mais vezes. Seria ótimo. "

Lembrei da doçura de Olena, mãe de Dimitri, Viktoria, a irmã mais nova, Karolina e Sonya, as mais velhas, Paul, o sobrinho, e até de Yeva, a avó sinistra de Dimitri. Sonya, há cerca de seis anos, estava grávida, quando eu as conheci porque estava numa missão suicida para achar o Dimitri-Strigoi. Hoje, ela tinha um lindo garotinho chamado Nikolai.

Dimitri suspirou. " Sim, vamos visitar minha família assim que o bebê nascer. "

Eu assenti e ele esticou a mão para a cômoda, de onde pegou um livro com capa de couro em russo. Revirei os olhos ao ver um de seus romances de faroeste preferidos. Eu não aprendi a falar russo, apesar das tentativas de Dimitri para me ensinar, mas reconheci as letras. O livro era chamado de "Um Homem Chamado Cavalo". É, eu sei, belo nome.

Adormeci observando Dimitri ler o livro.

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Helena bateu na minha porta enquanto Dimitri pegava o jantar. Ela usava um jeans e uma camiseta de manga curta branca. Seu estilo era parecido com o meu.

" Olá Rose." Ela disse enquanto sentava na cama. " Como se sente?"

" Bem. Me sentirei melhor quando comer. Mas estou com um pouco de dor nas costas."

Ela suspirou. " Sente-se."

Eu sentei e ela se aproximou. Uma sensação mista de quente e frio me atingiu e então. ..nada de dor. Esse era o bom de ter uma enfermeira usuária de Espírito.

"Obrigada. Como se sente?"

" Bem. Preocupada com Liss, mas estou ansiosa com a viagem. Já olhou pela janela? A Rússia é linda. " Ela exclamou, com os olhos brilhando.

" Ah, falei com Jill hoje. Ela está pegando um avião para a Corte e vai cuidar de Liss também. Ou melhor, ela deve assumir meu lugar de babá. Ou talvez Adrian o faça. " Vi seus olhos brilharem e suas bochechas corarem.

" Adrian, hein?" Brinquei.

Ela corou mais ainda e sorriu torto. " Ele é legal e bonito. Só isso. E ele namora."

Eu ri. " Bem, mas nada impede você de olhar para ele, não é? "

Ela riu. " Fique quieta, Rose."

Eu levantei as mãos. " Desculpe, mas não sou o melhor exemplo no quesito "não namore caras mais velhos". Ele tem 25 e você tem 19. Não é muita coisa. "

Ela revirou os olhos, mas sorriu. " Papai nos mataria se isso acontecesse. "

"Mande Abe cuidar de sua própria vida." Ela riu.

" Está bem. Assim que Adrian largar a ruiva, eu vou falar com ele. Ou não. " Ela deu de ombros.

" Bem, vou voltar para a minha cabine. Vou encantar algumas estacas de prata para usarmos na viagem, se necessário. Depois vou achar alguma coisa para comer. Meu telefone está no celular de Dimitri, é só me ligar se precisarem. "

Beijei sua testa. " Está bem, obrigada. "
Ela saiu e minutos depois, Dimitri voltou, com um grande saco de papel. Meu estômago roncou ao ver o hambúrguer e a batata frita. " Tem Mc Donalds aqui, ou o quê? "

Ele riu. " Ou o quê. É só o hambúrguer e a batata do restaurante. "

Comi até que estivesse cheia e voltei a dormir. Quando acordei, Dimitri estava vendo tv.

" Como chegaremos até Baia?" Perguntei.

" Vou ligar para um amigo, que nos levará até lá. "

Assenti. " Bem, então Oksana deve ser a solução para os nossos problemas? "

" Talvez. Se ela souber um jeito de parar a escuridão...Porque os amuletos de Sonya pararam de funcionar há meses. Acho que a escuridão cansou de esperar. "

Suspirei. " Eu sei. Se eu ainda fosse ligada à ela, isso não teria acontecido. "

Ele afagou meu cabelo. "Rose, não pode salvar todo mundo que ama. Nem sempre pode resolver o problema de todo mundo. "

Suspirei. " Eu sei, mas eu preciso tentar. Vocês precisam de mi..."

Minha voz morreu ao sentir o que eu não sentia há meses. A náusea de Strigoi me inundou como uma enchente.

Royal DarknessOnde histórias criam vida. Descubra agora