RECOMEÇAR

CAPÍTULO 03

MICAELLY

CAFAJESTE

Com os pensamentos fervilhando na minha cabeça, sentei na MINHA mesa. A minha raiva aumentava a cada segundo. Quem ele pensa que é pra falar comigo desse jeito? É um machista e um cafajeste, isso sim, e muito gostoso por sinal.

Se aquieta Micaelly, não se deixe seduzir por esse conquistador barato, foco, ou ele lhe tira tudo que demorou para conseguir.

Mas isso não irá ficar assim, se é guerra que ele quer, é guerra que ele terá. Agora chega de estresse, bora respirar e voltar ao trabalho. Preciso mostrar serviço para o Sr. Lerman e principalmente para aquele idiota que entrou na minha sala. Aliás, quem seria ele? E o que ele queria dizer com aquele me aguarde eu não acabei com você?

Medo de pessoas assim.

Cinco horas, final do expediente e hora de ir embora. Ufa, já estava cansada, bora pra casa que amanhã é um outro dia. Peguei as minhas coisas, e quando ia saindo, dei de cara com o Deus grego cafajeste.

Ai não Senhor, de novo não.

Tentei passar mas ele me barrou ficando na minha frente, fui para o outro lado e ele me prensou na parede me olhando nos olhos.

-Ainda não terminamos aquela conversa. - disse ele - Você deu sorte que o meu pai me chamou na hora para uma reunião.

-Pa ai? - gaguejei sem reação

-Sim, meu pai. Vai me dizer que não sabia? - mais uma vez vi aquele sorriso debochado em seus lábios

Voltei a mim e empinei o meu nariz, decidida a enfrentá-lo.

-Não, não sabia. A única coisa que ele me disse, era que eu ficaria no lugar do filho dele que era um irresponsável e que o havia deixado na mão. - percebi que ele bufou indignado e falei mais ainda para provocá-lo - Algum problema? Não tenho culpa da sua falta de profissionalismo. Poderia me deixar passar?

O sorriso debochado dele se esmaeceu na hora, seus olhos até então divertidos mudaram, e no lugar eu pude perceber a ira, me assustei na hora, e quando pensei que ele me diria alguma coisa, ele me deu as costas e foi embora.

Fiquei encucada com aquilo e até me senti um pouco culpada. Mas essa culpa passou rápido, quando me lembrei de sua arrogância comigo mais cedo na minha sala. Saí da empresa, entrei em um táxi e segui para casa. Queria colocar a cabeça no lugar, tomar um banho e cama.

Cheguei no hotel e tomei aquele banho relaxante, o mais relaxante que um banho em pé poderia ser. Comi alguma coisa e fui me deitar. Sabe aquele sono que eu cheguei com ele? Escafedeu-se e no lugar dele entrou a imagem do filho do meu patrão em minha mente, pensei nele a noite toda.

Como poderia uma coisa dessas? Háaaaaaa, não perguntei o nome dele! Mais uma coisa pra me aporrinhar as ideias até de manhã. Assim que chegar na agência amanhã vou logo perguntar a dona Irene o nome dele.

Nessa noite vi o dia amanhecer e nem senti meus olhos se fechando as cinco e trinta da manhã.

Acordei assustada com o meu celular tocando.

Meus Deus, perdi a hora!

-Alô - falei bocejando sem querer

-Micaelly? Aqui é a Irene, como você não chegou ainda o Sr. Lerman me pediu para te ligar para saber se aconteceu alguma coisa.

-Tudo bem, lhe agradeço por ter me ligado. Peça desculpas a ele por mim e diz por favor que daqui a pouco estarei aí. - joguei o celular na cama e corri para o banheiro, eu precisava de um banho, precisava acordar.

Me arrumei o mais rápido que consegui, saí passando o batom e entrando no primeiro táxi que passava. Cheguei ainda arrumando a roupa, precisava estar apresentável, principalmente depois do que aconteceu ontem. Esperei o elevador e entrei, pouco tempo depois estava no corredor, fui quase correndo para a minha sala. Chegando na porta dela, quem estava lá? O Deus grego de ontem me encarando, mas dessa vez, o olhar ferino de outrora deu lugar a um olhar avassalador. Parei no meio do caminho, respirei fundo e só então continuei caminhando.

-Que foi, está com medo de mim? Achei que não viria hoje. Eu não mordo, só tiro pedaço. - e riu debochado.

Que sorriso, meu Deus!

-Não tenho medo de cafajestes, me dá licença, preciso entrar na minha sala. Alguém aqui precisa trabalhar. - olhei pra ele desafiadora também.

Depois de arquear a sobrancelha e me mirar com um olhar divertido, ele me deu passagem, não sem antes piscar pra mim e me lançar o sorriso mais lindo que eu já tinha visto em toda a minha vida.

Entrei na sala quase correndo, fechei a porta e me encostei nela. Só depois de alguns segundos que percebi o quanto eu estava tremendo, por dentro e por fora.

Alguém bate na porta me assustando...

-A propósito, o meu nome é Álex. - e ouvi ao longe a sua risada.

Depois desse encontro com o Álex, eu não consegui me concentrar em mais nada. A todo momento eu via aquele rosto lindo, com as sobrancelhas arqueadas e o sorriso debochado nos lábios. E que lábios! Só de imaginar o que aquela boca poderia fazer me estremeci toda.

Passei o resto da tarde enrolada em meio a papeis e devaneios com o Álex. Não que me orgulhasse disso, afinal, mal tinha conhecido o cara e ele era insuportável. E pior, um concorrente dentro da empresa. Mas não conseguia controlar a minha mente. Nesse dia fui embora com uma dor de cabeça do cão e um mal humor dos diabos.

Já sabia que teria mais uma noite mal dormida.