two.

28 0 0
                                    


∮ Emma Niamh Smith ∮

O bar, que se encontrava a pouco mais de 50 metros de mim, tem um ar melancólico e depressivo, se assim o posso dizer. Por fora parece um dos típicos bares cujos clientes são os maridos das mulheres que são vítimas de violência doméstica. Por dentro, a mesma coisa. O cheiro a tabaco e álcool era o perfume diário do estabelecimento, algo que me dá nojo. A polícia de Woodside já tinha tentado fechar este mesmo bar por motivos de tráfico de droga dentro do estabelecimento, o que de facto acontece, no entanto não tiveram provas suficientes e o "Phillips' Bar" continua aberto.

Acabei o meu cigarro mesmo pouco tempo antes de chegar ao bar e dou-me satisfeita por ter acertado no timming desta vez.

Mal entro no bar, o cheiro a uísque rasca invade as minhas narinas e que me provou, mais uma vez, que estava no "Phillips' Bar". As mesas encostadas à parede são as minhas preferidas por isso mesmo sento-me na única delas que estava desocupada.

"Boa noite, o que vai desejar?" A Emily, filha do patrão, pergunta-me com um ar mórbido enquanto mascava uma pastilha elástica.

"Emily! Não vês que é a Emma?!" O patrão do estabelecimento repreende a filha. "Não sejas tão melancólica com ela!"

"Não se preocupe Michael! Está tudo bem!" Sorri ao dono do estabelecimento, tentado encobrir a sua filha.

"Peço desculpa Emma. Nem tinha reparado que eras tu. O dia hoje está a ser cansativo." Emily olhou para mim com um ar um pouco triste, mas logo mudou de atitude "Então, o que é que a cliente preferida do meu pai vai querer?"

"Não me trates assim" Digo. "Até me sinto uma rainha!" Ambas rimos." Ainda me podem fazer meio hambúrguer com batata?"

"Claro! Se fosse preciso, dois ou três!" Sorriu-me e saiu da minha beira dirigindo-se à cozinha.

Eu gosto bastante do senhor Philips. É muito simpático com todos os seus clientes e em especial comigo. Já antes de começar a frequentar este bar, eu andei na mesma escola que a Emily e até nos demos bem. Ia a algumas festas de aniversário dela e punha-me a falar com o seu pai e não a brincar com todas as outras crianças. Por isso mesmo, o senhor Michael Phillips gosta bastante de mim.

Após cerca de 5 minutos à espera, Emily aparece com o meu prato e um copo de Coca-Cola a acompanhar.

"Presumi que quisesses Coca-Cola." A rapariga com cabelos pretos olhou para mim com uma expressão indecifrável.

"E acertas-te." A rapariga sorriu e pousou tudo o que tinha nas suas mãos.

As batatas que eles me servem são sempre tão boas que nem sei dizer. E dá-me raiva quando alguém me rouba uma. Tal como agora.

"O que é que queres Brian?" Perguntei ao rapaz loiro que se sentou à minha frente.

"Tem calma Rainha das Neves! Vim em paz!"

"Que eu saiba, o nosso acordo é falar um com o outro quando tu precisas de dinheiro urgente e eu de drogas." Digo. Não foi uma coisa inteligente de se dizer. Mas eu não quero saber.

"Quando dizes isso até parece que temos um "contrato"." Faz aspas nas mão quando diz a palavra contrato. "Já agora adoro a maneira de como dizes Brian." Sorriu-me cinicamente. Não sei se foi cínico ou perverso. Talvez a segunda opção.

"Diz lá. Porque é que me procuras?" Digo enquanto afasto o meu prato de batatas fritas e continuo a comer.

"À duas ou três semanas atrás em juntei-me a um grupo de pessoas e.."

"...eles querem que tu me raptes, violes, mates e vendas os meus orgãos vitais?" Corto-o. Ele apenas olha para mim escandalizado. "Que foi? Isso acontece."

"Não Emma, eles são como nós. São perdidos, não têm ninguém a suportar-los. Não sabem como seguir a vida." Encarou-me, bastante vez sério. "Isso faz me lembrar alguém que eu conheço."

"Deixa-me adivinhar, eu?!" Tirei-lhe a batata que me tinha roubado da mão.

"E eu. Mas, juntos, eles apoiam-se uns aos outros. São amigos."

"E estás a dizer-me isso porque...?"

"Porque eu sei o que é não ter ninguém a suportar-te." Ok, ele parece que quer mesmo vender os meus orgãos vitais. "Sexta-feira, na casa abandonada perto do parque da cidade, à meia-noite. Vamos nos encontrar lá."

"Então... queres que eu vá à meia-noite de sexta-feira para uma casa abandonada ter com um bando de pessoas que nem conheço" Ele deve é estar maluco.

"Eu vou lá estar." Rouba-me a última batata do prato e pisca-me o olho. "Pensa nisso."

Levanto-me e dirijo-me ao balcão e pago o meu jantar. Digo adeus ao gerente e à sua família e dirijo-me à saída. Olho para trás e vejo um rapaz com os seus 14 anos a olhar petrificado para mim. Não sei porquê, mas isso assustou-me. Gostava mais quando vivia em Los Angeles. Mas o passado está além do nosso poder. Woodside assusta-me. Mesmo assim, apesar de assustar, gosto de estar cá fora durante a noite.

Mal chego a casa reparo que são cerca de 22 horas da noite o que até é bom. Significa que hoje quase acertei no timing para ver mais um episódio de Under The Dome. Como já sei que não vou conseguir ganhar uma luta contra os gémeos para ganhar o comando da televisão da sala, decido ir para o meu quarto e ver lá mais um episódio de uma das várias séries que só vejo por ver.

Aquele convite do Brian deixou-me curiosa. Mas como hoje é quarta-feira, ainda tenho dois dias para pensar, quinta-feira e sexta-feira até perto da meia-noite.

Mas, definitivamente, não quero que me matem para vender os meus orgãos e com esse dinheiro comprar drogas.

Não quero ir à tal reunião.

∮∮∮∮∮∮

Hola!

Será nossa querida Emma Niamh Smith (sim, tenho sempre de escrever 'querida' e o nome completo) vai ao encontro, ou planeia ir mas não pode, ou não vai mesmo?

Nem eu sei... Ok, mentira, sei sim.

Adiós,

xLostGurlxx


Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 17, 2015 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

IntoxicatedOnde histórias criam vida. Descubra agora