Capitulo II - Jacqueline (II)

23 1 1
                                    

Jacqueline saiu do seu apartamento as oito horas da manhã depois de tomar o seu desjejum composto por: ovos, pão, café, suco de laranja e dois croissants. Ontem foi o dia que mudou a sua vida, e hoje (segunda feira), ela foi para o seu trabalho.

Ela andou pela avenida paulista e entrou no metrô que havia sido inaugurado há menos de um ano e que não estava muito cheio como costumava a ficar. O prédio que ela trabalhava era muito grande e de um marrom cinzento e sujo. A editora que trabalhava ficava no andar 74 e ela ficou, como sempre, por um bom tempo. Esperando as pessoas saírem do elevador e recomeçar a semana chata.
  Jacqueline não notou o homem de olhos azuis e casaco claro atrás dela. Ele a olhava com segundas intenções nada boas...

O elevador abriu e ela saiu, junto com o homem de olhos azuis que entrou em um corredor e ela em outro. Jacqueline entrou numa sala de escritórios e foi até o seu local de trabalho. A última semana que ela ia passar lá antes de pedir demissão foi a mesma de todas, apenas mudando o fato que fizeram uma festa de despedida para ela.

Jacqueline permaneceu no escritório traduzindo páginas de livros em inglês até o meio dia, quando saiu para almoçar. Ela andou pela avenida Paulista desviando das pessoas que passavam por ela e entrou em um restaurante. Pediu carne com batata frita, arroz, feijão e farofa e ficou esperando a comida chegar. O homem de olhos azuis também entrou no estabelecimento. Ficou duas mesas antes dela, de costas para ela para que ela não o percebesse.

 

Enquanto isso, como sempre, Jacqueline estava perdida nos seus pensamentos. Eles começaram com o que ela iria fazer no resto do dia e depois começou a pensar na noite em que a sua irmã foi brutalmente assassinada por um homem de olhos azuis. Jacqueline só conseguia se lembrar daqueles olhos amedrontadores que só poderiam ter saído dos seus pesadelos mais profundos e tenebrosos. Ela era uma criança de cinco anos, e a imagem da irmã ensanguentada no chão, com a jugular aberta e, carne viva e ainda cuspindo um sangue puramente vermelho e do homem olhando para ela, bem no fundo da sua alma e depois desaparecendo na noite.

Maria...

Morta.

Maria...

No chão.

Maria...

Ensanguentada.

As tripas de fora.

O olhar de puro terror e surpresa grudados nos seus lindos olhos azuis.

Foi quando Jacqueline olhou para a janela e lá no fundo, lá entre as pessoas que passavam na rua na calçada, Maria estava como fora encontrada. A sua roupa de cetim roxa estava aberta na parte da barriga, expondo a barriga dilacerada com carne viva exposta para todos verem, uma tripa saindo de dentro e caindo na calçada. Os seus olhos estavam esbugalhados e Havaí, tantas olheira profundas que o seu rosto possuía uma forma cadavérica. O seu rosto estava extremamente pálido e seco, com várias rugas. Na sua boca, sangue escorria e o seu pescoço aberto e saindo sangue de lá.

MEU DEUS!, pensou Jacqueline, olhando para o lado e revirando o rosto. Fechou os olhos e quase vomitou. Ficou pálida por um segundo. Quando abriu os olhos, olhou para frente e sentada na sua frente, Maria exibia um sorriso malicioso e que só poderia ter saído do seu pesadelo mais profundo e tenebroso. O sangue escorreu (é tudo a sua imaginação, não é de verdade, é imaginação Jacqueline!) pela boca e um pingo caiu na mesa (é tudo a sua imaginação) Maria continuava exibindo o sorriso amedrontador.

É tudo a sua imaginação, é tudo a sua imaginação, é tudo a sua imaginação!

Então Maria começou a gargalhar, uma gargalhada de fazer a espinha gelar, e disse: Bruxa.

A Mansão do InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora