III

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O corte começava no topo da cabeça, ainda entre os cabelos, e terminava ao lado do olho direito de Zayn.

Sem parar para pensar, fiz ele sentar na calçada, tirei a camisa e pressionei sobre o corte com força. O sangue não parava de escorrer e manchar o tecido.

- Você tá bem? - Perguntei. Sabia que ele não estava, mas ficar em silêncio não estava ajudando nada.

Zayn apertou a minha camisa sobre o rosto, ainda de cabeça baixa.

- Só um pouco tonto. - E então ele ergueu o olhar.

O meu primeiro pensamento foi: como eu nunca reparei nisso antes? Duas bolotas ambares me observavam. Seus olhos eram de um castanho tão claro que parecia a areia de uma praia, daquelas que sempre se vê em fotos no Google. Um castanho tão perfeito que eu poderia observar por horas sem cansar.

Zayn franziu o cenho ao me reconhecer e se levantou.

- Por que está me ajudando?

Abri a boca para responder, mas percebi que, na verdade, não sabia o que dizer.

Dei de ombros.

- Só vi um garoto ferido, o que queria que eu fizesse?

Ele fechou os olhos e sem aquele castanho âmbar, seu rosto adquiriu feições sombrias.

- Ah, é claro. - Sussurrou para si mesmo depois de um segundo e abriu os olhos. - É claro que você não sabia que era eu, senão não teria nem se mexido.

- Não é verdade...

- Claro que é! - Estava escuro, mas eu podia jurar que seu rosto ficou vermelho. Ele falava mais alto que o normal. - O que eu fiz pra vocês? Todos os dias você e seus amiguinhos riem de mim e me machucam, mas sou incapaz de saber o porquê!

- Eles não são meus amigos. - Falei sem pensar. Ele abaixou o rosto e quando o ergueu novamente, seus olhos brilhavam com lágrimas contidas.

Não sei bem o porquê, mas uma fisgada seca e dolorosa cortou meu coração ao ver aquilo.

- Eram do seu time, não é mesmo, capitão?

Respirei fundo. Não tinha palavras. Era verdade, que eu não tinha visto que era ele, mas se tivesse visto, teria vinda de uma forma ou outra, não é? Eu sei que teria. Mas seria só por causa da aposta? A aposta! Eu nem mesmo lembrava dela!

- Vou tentar tirar a mancha e depois eu devolvo. - Zayn disse, de repente.

- O quê?

- A camisa. - Ele me mostrou o tecido, que agora tinha uma mancha escura de sangue.

- Tudo bem, não precisa se preocupar com isso. - Respondi.

- Não se preocupe, não transmito nenhuma doença de morcegos, pelo o que eu saiba.

Sem querer, abri um pequeno sorriso. Ele tirava onde com o próprio apelido maldoso que tínhamos criado, mas meu sorriso sumiu quando olhei seu rosto sem expressão. Zayn passou por mim sem dizer mais nada e continuou caminhando pelo calçada, ainda segurando a camisa contra o corte.

- Tem certeza que não quer carona? - Gritei para ele. Por um segundo ele parou de caminhar, mas depois seguiu em frente sem nem mesmo me responder ou sequer se virar.

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Já se passavam das duas da manhã quando cheguei em casa. Depois do meu encontro com Zayn, entrei na minha caminhonete e rodei a cidade para pensar. Naquela noite o céu estava limpo e eu vi todas as estrela possíveis. Tudo se misturava dentro de mim: o desabafo de Zayn, a falta da minha mãe, a aposta louca que eu fiz com Louis. Estava começando a me arrepender dela depois que vi os olhos brilhantes e molhados do Garoto-Morcego.

Quando finalmente o sono começou a chegar, dirigi de volta para casa.

Encontrei meu pai dormindo de qualquer jeito no sofá, ainda com o computador ligado na mesinha de centro. Subi até o quarto e desci novamente, trazendo comigo um lençol, cobri-o e depois fui pro quarto.

Joguei-me na cama. Minha mente não conseguia abandonar os maravilhosos olhos de Zayn e naquele instante decidi que devia parar antes que um mal acontecesse. Ele estava certo: nunca tinha feito nada contra nós para merecer aquilo.

Liguei para Louis e ele atendeu depois de três toques:

- Alô? - A voz embriagada e o som atrás provavam que ele ainda estava na festa.

- Louis? Pensei melhor e desisti da aposta.

- O que? Não ouvi nada. - O som se tornou um pouco mais baixo. Um pouco. Quase nada - Quem tá falando?

- Sou eu, Liam. Eu desisto da aposta!

- Por que você quer, lagosta? - Ele parecia muito surpreso com isso e eu revirei os olhos.

- Deixa pra lá! - Quase gritei e logo depois ele desligou, mas antes pude ouvir um ''oi, gatinha'' do outro lado da linha.

Louis não aprendia nunca!

Coloquei meu celular sobre a cômoda e tirei a calça. Enfiei-me entre os cobertores e demorei uma eternidade para controlar meus pensamentos e conseguir dormir.

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Desculpem os erros :)

Tchau  ♥


Como Não Te Amar? ⚪ziam⚪(hiatos)Onde histórias criam vida. Descubra agora