Epílogo

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Era 29 de agosto quando eu viajei para cá por uma razão e única razão - para escrever um artigo. Meu chefe me pediu para escrever um artigo sobre Los Angeles. O que havia para ver, experimentar e visitar. Eu esperava ficar aqui mais do que apenas dois dias para que eu pudesse realmente fazer o que eu deveria fazer.

Em vez disso eu conheci um homem com cachos escuros e os mais impressionantes olhos verdes que você poderia imaginar. Sua pele era branca como a neve e ele parecia um pouco cansado. Suas bolsas sob os olhos estavam bastante visíveis. Ele me disse que geralmente havia mais pessoas no aeroporto. Disse que já viajou muito e por isso sabia o que estava dizendo. Eu comecei a duvidar dele, mas o estresse e a exaustão do meu lado estavam me mostrando que ele não mentirá.

O chamei para se sentar comigo e ele aceitou. Algo que poderia parecer perfeitamente normal para qualquer um. Eu achei que tivesse o perturbado uma vez durante a conversa, e eu realmente não sei como lidar com isso, então eu apenas me afastei e fui atrás do meu táxi.

No dia seguinte eu fui ao edifício de Los Angeles Times e lá eu conheci o Sr. Payne e minha missão. Levou apenas uma hora para nós trocarmos todas as informações que eu precisava. Eu esperava que tivesse mais cuidado para ser honesto e voltar para a Inglaterra em vez de aceitar, mas de alguma forma eu decidi que eu iria fazer o artigo.

Então eu voltei pra rua. Estava prestes a chover, eu me lembro. Comecei a descer a rua só para ver se havia alguma coisa interessante para ver ao redor da área que eu estava. Isso foi onde eu encontrei com ele novamente e ele era tão bonito, algo que eu não tinha percebido até então. Eu nunca tinha considerado meninos sendo bonitos antes e não estava fazendo isso no momento também.

Mas ainda assim eu aceitei ir com ele para um café. Ele pagaria porque eu estava sem dinheiro. Começou a chover enquanto estávamos no nosso caminho e ele tinha as pernas muito longas então eu mal consegui acompanhá-lo. Logo entramos um café um pouco aconchegante. Eu disse a ele qual café eu queria e me sentei. Ele logo voltou com café e sanduíches.

Ele me disse que seu nome era Harry e que ele o odiava. Eu não encontrei um problema com o seu nome desde que eu sempre gostei de nomes incomuns. Ele havia se mudado aqui porque estava entediado da Inglaterra e me disse que chegou aqui com sua irmã, mas perdeu contato com ela.

Levou meia hora ou menos para eu começar a sentir tonturas, meus olhos correndo por toda parte e o mundo se movendo sob meus pés. De alguma forma eu ainda me levantei e cambaleei para os braços de Harry. Ele jogou uma blusa em meus ombros e me levou para fora. Ele me disse que ele estava me levando para casa. Eu não acreditei nele.

Eu me sentia sonolento muitas vezes durante o tempo em que estava sendo sequestrado, nunca sabendo plenamente onde eu estava já que eu não podia abrir por olhos. A única vez que eu acordei corretamente foi quando eu já estava lá, em uma cama grande e macia que estava completamente encharcada por meus próprios fluidos corporais. Eu estava paralisado, mas consegui rolar para fora da cama e para baixo no chão. Ele me encontrou, provavelmente, ouvindo os sons que eu fiz lá em cima. Ele me deu água, mas eu recusei a beber e eu olhei para ele e ele estava sorrindo tão lindamente com seu cabelo preso em um rabo de cavalo que o idiota insistiu em ter nos próximos seis meses que se seguiram.

Ele cuidou de mim de uma forma que ninguém nunca tinha feito antes. Eu diria que ele se comportava como uma mãe, mas ainda não era. Claro, ele me deu comida e uma cama para dormir enquanto ele dormia no sofá e a limpava depois de mim - mas alguma coisa sobre ele apenas me fez pensar que ele não era como uma mãe ou o pai que eu nunca tive.

Em uma noite eu fiquei tão bravo com ele por me dizer sobre toda a minha vida que eu lhe dei um tapa. Ele me parou e me empurrou para a escada e ergueu a mão, mas nunca me bateu. Eu sou grato por ele não ter feito no momento, porque muitos meses mais tarde ele fez. Eu ainda tenho cicatrizes e hematomas. Eu sinto que eu tenho sentido coisas sobre ele mais rápido do que eu deveria, mas pelo tempo que eu sabia que algo não estava certo comigo eu vou colocar a culpa nisso.

Eu pedi a ele para me beijar uma vez também, na véspera de Natal. Havia luzes do norte naquela noite e ele me acordou batendo na minha janela. Eu estava com raiva no início, mas me acalmei e ouvia enquanto ele falava sobre a sua família - a verdade desta vez. Eu estava feliz com isso, e ainda assustado desde que eu teria que saber por que eu realmente estava lá. Porque ele não queria mais ficar sozinho, que ele não queria falar com os animais e as paredes por mais um ano. Na época, eu disse a mim mesmo que era por simpatia - mas agora eu sei que não foi.

De alguma forma, de algum modo estranho, eu tinha parado de odiá-lo. Eu gostava dele. Era mais do que 'gostar' mesmo, e era por isso que eu não tive medo dele depois que ele tinha me machucado. Eu sabia que ele era doce e carinhoso, que gostava de animais e que gostava de mim também. Eu sabia que aquele não era ele, pois ele me disse que nunca iria me machucar apenas por uma questão de me machucar.

Eu sei que ele me ama. Eu só não sabia que eu o amava também. Mas eu sei agora, e eu esperava que não soubesse. Que eu não precisava dele tanto quanto eu realmente preciso, que eu não precisava de seu chá nojento e sua torta de maçã horrível. Mas eu sei que não há muito que eu possa fazer por agora desde que ele ficou doze anos na prisão, e esperar por ele é algo que eu não posso prometer. Mas eu vou ter que fazer o meu melhor, porque eu sei que não posso continuar sem ao menos dizer um adeus apropriado.

Louis Tomlinson, 24, Inglaterra
Los Angeles Times, 13.09.15.

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